domingo, 20 de maio de 2012

Crônicas da Terceira Era - Em Busca da Luz - Parte VII


O sol nascera e a sua luz trouxe o fim do conflito no Vale de Lupus. Klandrin e Balared levaram duzentos e cinquenta bravos guerreiros para uma ataque definitivo ao wargs. A vitória era deles, aquelas criaturas não mais incomodariam aquele povo por longos anos, mas pagaram um preço alto. Pouco mais de cem homens e mulheres estavam de pé agora e um pouco menos da metade estava ferida. Dalak, o líder guerreiro dos homens da floresta, que encravou a Lança de Dak no peito do monstro, o grande warg conhecido pela alcunha de Devorador, fora ferido gravemente em combate e lutava contra a morte. Balared, foi ao seu auxílio, e procurando em suas coisas, encontrou uma erva que ajudaria a estancar o sangramento no torso do guerreiro.

Eles, agora, tinham que decidir o que fazer. Levar os corpos dos Beornings até Rhosgobel seria quase impossível. A floresta acima deles era muito fechado e não tinham homens suficientes para tanto. Dalak disse para que os enterrassem ali, e que daquele dia em diante, eles chamariam aquele vale de Vale do Sacrifício, em homenagem aos corajosos homens que deram suas vidas para que muitos outros vivessem. Quantos aos wargs, uma grande pira funerária foi feita, e o cheiro daquelas criaturas queimando deixou muitos enjoados, mas era única maneiro de se livrar dos corpos deles e purificar o local. Tudo isso levou o dia inteiro, com todos ajudando como podiam.

A maioria dos homens da floresta não estava em condições de retornar a Rhosgobel naquele momento. Assim, no dia seguinte, Balared e Klandrin conduziram vinte e cinco homens pela floresta em direção a vila dos Beornings. Seriam quatro dias de andança por uma floresta escura e sombria. Logo que saíram do vale a adentraram aquela mata escura, viram que quase nenhuma luz penetrava as copas daquelas arvores cinzentas, era como se aquele lugar fosse tomado por uma noite eterna. A luz das tochas que acendiam para poder andar por ali atraiam insetos de diversos tamanhos, todos negros, que incomodavam bastante durante a travessia. Barulhos estranhos, como se a floresta estivesse rangendo e as raízes se movendo deixavam os viajantes assustados e desconfiados. Os dois heróis tentavam manter o espírito dos guerreiros levantado, mas a escuridão ao redor deles era pesada.

No final do segundo dia de viajem, alguns homens já estavam bastante afetados pela incerteza e medo que começaram a querer volta, em desistir. Eles não viam a luz fazia dois dias, achar comida estava difícil, e  barulhos na floresta faziam com que eles pensassem que uma alcateia de mais wargs os seguiam. Klandrin, então, lembrou-se da história de Kandir, um de seus ancestrais, na luta que ele teve com um grande orc, e o sacrifício que ele fez para salvar a todos os anões de um grande exército dos servos do Inimigo. Aquela estória pareceu inspirar os guerreiros e a maioria deles redobrou sua coragem. Faltava pouco agora, eles conseguiriam sair de lá vivos.

E, no final do quarto dia, ele viram a luz do sol novamente. No início, tamanha claridade que os deixou cegos, mas, aos poucos, eles enxergaram os campos verdes do Vale do Anduin, com as flores da primavera enfeitando suas colinas e vales. Pássaros, coelhos, esquilos e outros animais podiam ser vistos. Era como se estivessem voltando a vida depois de passar quatro dias mortos. Aquilo preencheu o coração de todos com alegria e esperança. Rhosgobel estava próximo, e seus habitantes já viam ao encontro do grupo. Nilthea, a mesma caçadora que os abordou quando chegaram ali há alguns dias, perguntou o que acontecera e porque apenas aqueles homens retornaram. Uma multidão de pessoas os observava de longe, esperando boas notícias.

Klandrin falou sobre o jornada até lá, o ataque ao vale, a luta contra os wargs e a derrota do Devorador. Contou que eles haviam conseguido a vitória, e que aquela guerra terminara, mas contou que mais da metade dos guerreiros que partiram para lá não voltariam. A caçadora perguntou de Dalak, e eles a informaram que ele estava bem, ferido, mas vivo. Disse ainda que eles precisariam de ajuda para voltar e que era por isso que estavam ali. Aquelas notícias deram ao povo do Rhosgobel uma sensação mista de alívio, alegria e tristeza. Eles conseguiram vencer seus inimigos, mas perderam muitos membros valiosos da comunidade.

Depois disso, aqueles que chegaram ali foram recebidos por seus familiares, as pessoas choravam sabendo daqueles que não retornariam e abraçavam aqueles que ainda estavam lá. Os dois aventureiros, ao olharem para a colina onde ficava a casa de Radagast, viram que o mago se encontrava na varanda, com um pássaro marrom em seu ombro e com os dois lobos da linhagem de Lupus aos seus pés. O portão para sua cabana estava aberto e eles tiveram a sensação de que o velho sábio os estava observando. Era hora de conversarem.

Muito distante dali, Aerandir, Elmara e Pêpe chegavam a Isengard, a morada do mago branco. O local era um grande vale entre os pés das Montanhas das Névoas, adornado com um grande jardim com flores, árvores e animais. Um caminho de pedras brancas levava até a grande torre escura que parecia ter sido feita de um gigantesca pedra de uma só vez, pois não era possível ver traças de sua construção. Quando se aproximaram, montados nos cavalos que Elrond os tinha entregue, um homem idoso, porém de aparência vigorosa, vestindo um manto branco adornado com costuras douradas descia as escadas da torre. Era Saruman, o líder do Conselho Branco.

- Vocês trazem algo sombrio para Isengard, e querem que eu me livre disso. Elrond os mandou aqui. - Parecia que o mago já sabia de tudo. - Eu sou Saruman, o Branco, líder do Conselho Branco. Quem são vocês que chegam a minha morada trazendo as Sombras em seu encalço?

Então, os três se apresentaram. Pêpe, cordialmente, se apresentou como um emissário de Rivendell, um hobbit, e disse que Aerandir era um emissário do povo do Reino da Floresta. Elmara, no entanto, achou que não tinham tempo para essas formalidades, apenas disse seu nome e falou que tinham assuntos urgentes a tratar. Aquilo não agradou ao senhor de Isengard. Saruman era uma pessoa importante, e tinha um orgulho do tamanho de sua importância.

Os quatro foram, então, paro o interior da torre do mago, subiram dezenas de lances de escada. A torre era muito do que ela aparentava ser por fora, dezenas de aposentos podiam ser vistos por onde passava, alguns com diversas estantes de livros, outros com estátuas, outros com mapas e armas penduradas nas paredes. O hobbit ficava fascinado a cada cena e a cada artefato estranho que via, e se não fosse os chamados de Elmara para que ele continuasse o caminho com todos, ele com certeza se perderia pela torre.

Ao chegarem a uma grande aposento com uma grande mesa de pedra branca e largas cadeiras acolchoadas, eles pararam e Saruman fez um gestos para que se sentassem. O mago, então, pediu para que eles explicassem o que queriam dele e o que mais estava acontecendo, porque viu nos olhos dos aventureiro que aquilo não era tudo. A dúnedan, ansiosa e aflita, contou de sua busca pelos artefatos negros dos bruxos de angmar e dos acontecimentos recentes nas Terras Ermas. Dos goblins e orcs das montanhas que atacam o Vale do Anduin, das aranhas negras da floresta de Mirkwood e da destruição da Casa de Faerel, e da traição da casa de Sindorfin.

O mago branco ouviu atento, sem falar muito, durante toda a narração. Ao final, Saruman se comprometeu a destruir o artefato que carregavam, o Cetro do Rei Negro. O mago branco também disse aos heróis que recentemente obtivera acesso a registros antigos, que falavam sobre um forte antigo ocupado por homens de Angmar e servos do Inimigo. O local, chamado de Olho de Alghuir, fora construído a séculos atrás, provavelmente na tentativa das Sombras de reencontrar algo muito precioso nos Campos de Lis. Isildor, aquele que venceu Sauron na última grande guerra contra o Inimigo fora morto naquele local e o Um Anel, o artefato mais poderoso das sombras, se perdera lá. O mago branco suspeitava que nesse forte poderia estar escondido outro artefato de Angmar. No entanto, ele não sabia qual era a atual situação do local, se o Inimigo ainda o dominava ou se, quando o Reino do Rei Bruxo caiu, os homens de lá abandonaram o local.

Elmara pediu, ainda, que Saruman tentasse interferir nos conflitos que foram criados nas Terras Ermas, para tentar recuperar o relacionamento entre os Elfos de Mirkwood e os Anões de Erebor. O mago falou que faria o possível e que enviaria Gandalf, o cinzento, que tinha melhor relacionamento com os dois povos para tentar encontrar um termo de aliança que agradasse a todos. O sábio pediu para que caso encontrassem qualquer coisa estranha nos Campos de Lis, que trouxessem imediatamente para ele, pois o destino de toda a Terra-Média podia ser definido naquele local.

Ao sair daquele encontro, não mais carregando o cetro que já estava em sua posse há quase um ano, Elmara sentiu um grande alívio, como se um peso gigantesco tivesse sido retirado de seus ombros. Mas ela sabia que aquilo era apenas o começo. No dia seguinte partiriam dali para reencontrar seus companheiros e sair, mais uma vez, em busca de seus objetivos. Ao acordarem e começarem a preparar suas coisas para partir, Saruman os procurou, portando uma pequena mensagem trazida por um pássaro de Radagast. O texto apenas dizia que Klandrin e Balared foram atrás daquilo que esqueceram. A dúnedan logo lembrou-se da caverna escura no Vale de Lupus, seus amigos estavam perto de Rhosgobel, e para lá ela seguiria.

Ao norte dali, Radagast aguardava os dois companheiros para uma conversa. Ao se aproximarem, os dois viram o velho homem de barba ruiva fumando um longo cachimbo de madeira, sorrindo ao olhar para eles. Antes de mais nada, o mago cumprimentou Klandrin e pediu para que o beorning se apresentasse. Ele agradeceu a ajuda dos heróis, disse que aquele fora um grande feito e que o destino dos Povos Livres do Norte encontrara uma luz dentre a escuridão que o cercava. Mas que agora, eles tinham outra missão. Um outro artefato estava próximo, nos Campos de Lis, em uma ruína antiga, pelo menos era aquilo que o mago marrom sentia. Questionado sobre o artefato que estaria no, agora, Vale do Sacrifício, Radagast disse que o Inimigo já o possuía

Com o fim do inverno, a primavera veio trazendo esperança e luz para o norte. Uma batalha fora vencida, mas a guerra continuaria. Outros desafios se poriam na frente da companhia e que eles receberiam o apoio dos povos do norte, assim como o grupo estava apoiando os homens da floresta e os beornings.

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

Para ler outras partes dessa crônica ou outras crônicas, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário