sexta-feira, 11 de maio de 2012

3 Perguntas para fazer aos seus jogadores

Já escrevi por aqui, anteriormente, sobre a razão por que as pessoas se tornam mestres de RPG, qual a motivação delas e seus objetivos. De forma resumida, fazemos isso para divertir pessoas, para nos divertirmos com elas com uma atividade lúdica e social. Mas é importante frisar que, primeiramente, os narradores visam agradas seus jogadores.


Uma coisa que sempre tento fazer é saber como melhorar a minha campanha, como deixar meus jogadores mais felizes com ela e como proporcionar mais momentos divertidos para todos. Eu poderia fazer isso tentando adivinhar o que cada um deles gosta mais em um jogo, as cosias que eles não gostam muito de lidar nas aventuras e que acontecimentos eles gostariam que ocorressem na campanha. Mas seria muito difícil acertar o gosto de cada um e um método de tentativa e erro poderia trazer mais problemas do que soluções. Então, por que não perguntar aos jogadores.

Por isso, sempre que eu posso, seja no final da sessão de jogo, ou por email alguns dias depois da última reunião ou alguns dias antes da próximo eu faço três perguntas para os jogadores. Nem todos respondem, não sei se é porque possuem receio de me deixar chateado ou se realmente não sabem o que desejam para o jogo, mas geralmente, um ou outro jogador lhe dará alguma resposta, alguma coisa para você começar a pensar e, quem sabe, modificar algumas coisas na mesa. As três pergunta são as seguintes:

1. O que vocês mais estão gostando no jogo?

Essa é a primeira pergunta que sempre faço. Ela serve para diversas coisas, entre elas saber o que você está fazendo certo (para continuar fazendo), saber que tipo de coisas seus jogadores gostam e até dar uma motivada, já que, de certa forma, seu trabalho está sendo reconhecido. Dependendo do que os jogadores responderem você sabe o que manter no jogo, tomando o cuidado para não repetir muitas vezes os mesmos elementos para que não se tornem repetitivos. Além disso, você começa a entender mais o gosto dos jogadores podendo pensar em variações dessas coisas que eles gostam e pensar em outras formas de introduzi-las no jogo. Não subestime essa pergunta, ela pode te ajudar bastante a manter os jogadores felizes e voltando a cada sessão.

2. O que vocês gostariam que fosse diferente?

Essa é uma maneira sútil de perguntar "o que vocês não gostaram?". A principal função dessa pergunta é descobrir o que não está agradando seus jogadores para que você possa lidar com esse problema antes que ele acabe afastando alguém do jogo. É claro que nem sempre será possível agradar a todos os jogadores e alguns jogadores vão estar insatisfeitos com coisas que outros podem até estar gostando. Sempre tente conversar com os jogadores se houver conflito. Entretanto, sempre que possível e plausível, tente alterar o jogo para que os aspectos que os jogadores não estiverem gostando possam se tornar mais agradáveis ou mesmo desapareça com eles. Assim, você já sabe o que não é uma boa ideia inserir na sua mesa, ou como modificar esses elementos para se adaptar melhor ao seu público.

3. O que vocês gostariam de ver no jogo?

Talvez a minha pergunta preferida, mas a mais difícil de obter resposta. Se algum jogador se aventurar a respondê-la você terá material para produzir futuras aventuras, cenas, batalhas e lugares que já estão, desde o momento atual, despertando a imaginação dos participantes. Com isso você vai ter uma ideia de para onde levar a campanha, que elementos introduzir e o que chama a atenção dos seus jogadores. Quando os outros verem que aquelas coisas que um deles quis que fossem inseridas na mesa, foram, eles começaram a fazer seus próprios pedidos e, com sortem, você não vai precisar arrancar seus cabelos toda semana tentando criar mais aventuras.

Não se acanhem de fazer essas perguntas com medo de estarem sendo chatos. Muitos jogadores nunca foram ouvidos por seus mestres e essa possibilidade de terem uma influência na campanha pode deixá-los surpreses e satisfeitos. Eles saberão que você está disposto a ouvi-los e criar algo junto com eles.

Além dessas perguntas, ou no lugar delas, alguém tem outras ideias sobre o que perguntar para os jogadores para obtermos um retorno sobre nossas mesas?

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10 comentários:

  1. Perguntar diretamente é a melhor forma de enriquecer as sessões, sem duvida.
    Tenho uma pergunta que considero ótima fonte de informação, mas que também é uma das mais difíceis de se conseguir alguma resposta. "O que o seu personagem deseja fazer após os acontecimentos dessa sessão?", não gosto muito da ideia de criar toda uma historia e fazer os personagens seguirem pelo trilho, cada personagem tem - ou pelo menos deveria, em um mundo perfeito hehe - suas proprias motivações e vontades. Podem surgir viagens, reunião de um exercito, construção de uma casa, treino, montar um negocio e mais uma infinidade de objetivos que vão enriquecer muito o mundo em que se joga.

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    1. Bem lembrado Alexandre. Talvez eu tenha esquecido de colocar essa porque no The One Ring, todo final de aventura há um parte chamada Fellowship Phase que é justamente isso. Os aventureiros escolhendo o que fazem, para onde vão, descansam, vão ver a família e seu povo. É algo que pode ser inserido em qualquer jogo e faz uma baita diferença.

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    2. Nossa, fiquei realmente interessado em saber como funciona a tal da Fellowship Phase. Alguma chance de aparecer por aqui como um artigo, suplemento ou algo assim?

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    3. Pô, é uma boa ideia. Já estava querendo fazer um artigo sobre coisas que o The One Ring tem que podem ser usadas em outros jogos. Valeu Alexandre!

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  2. Perfeitas as três perguntas, Diogo! Acho até que vou usá-las nas minhas campanhas, ou variações delas. Só acho que faltou você dizer - por mais que seja óbvio - que mesmo vontades, gostos e desgostos dos jogadores não podem nunca ter precedência total e absoluta sobre as vontades, gostos e desgostos do mestre. Afinal, também estamos ali para nos divertir, e alguns elementos propostos podem não nos agradar ou fugir da nossa proposta de jogo. O ideal é que sempre haja uma conversa sobre as divergências e se possível, manter o meio termo para todo mundo ficar feliz!

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    1. Eu cheguei a falar quem nem sempre será possível agradar a todos o tempo todo e que uma conversa com todo mundo quando surgir um conflito é fundamental. E em tudo temos que ter bom senso, né? O gosto de todo mundo tem que ser levado em conta, inclusive o do narrador, sem dúvida, mas o gosto desse não é mais importante do que o de ninguém. Mas é por aí mesmo BIG.

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  3. Entretanto, há um problema nesse tipo de abordagem também. Perguntei aos meus jogadores sobre uma cena interessante que eles gostariam de interpretar para seus personagens quando eles evoluíssem (jogava M&M com temática medieval). Um dos jogadores escreveu com detalhes como gostaria que a cena acontecesse, e num determinado momento o gancho que ele tanto esperava ocorreu.

    Interpretamos na medida do possível tudo o que ele havia descrito, porém eu modifiquei alguns pormenores para adequar melhor a narrativa aos outros personagens do grupo.

    O jogador ficou extremamente desconsolado. Foi uma atitude infantil (e olhe que somos todos adultos), aborreceu-se com as pequenas mudanças e não conseguimos mais jogar naquele dia.

    Como o BIG escreveu no comentário acima, os jogadores esquecem que os narradores também tem direito a se divertir exercendo seu papel...

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    1. É Alisson, para jogador sem bom senso as coisas podem nem sempre funcionar, mas é um começo. Todo mundo tem que ter noção de que RPG é uma diversão em grupo. Todos tem direito a se divertir, inclusive o narrador. Um bate papo quando surgir esses momentos pode ajudar, mas tem gente que nem na conversa dá para levar.

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  4. Curiosamente, eu acho bem chato o mestre ficar perguntando esse tipo de coisa frequentemente.
    Uma vez, normalmente no começo de uma campanha, lá pelo fim da segunda ou terceira sessão, eu compreendo; serve pra ajusat o tom da crônica.
    Mas sofrer esse tipo de questionamento sempre me faz pensar que o mestre não sabe o que quer do jogo, e minha experiência sempre mostra que os piores jogos são aqueles em que os mestres estão perdidos no que estão fazendo, ou não estão se divertindo.

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    1. É um ótimo comentário.
      Já notei que as perguntas devem ser feitas de tempos em tempos mesmo. Quando as sessões estão indo bem, os jogadores costumam falar sobre ela e sobre coisas que aconteceram ou comentaram sobre determinados assuntos, da pra tirar muitas informações disso também.
      Enfim, as perguntas são importantes, mas como o Igor lembrou, não da pra ficar fazendo o papel de namorada chata que adora discutir a relação e ficar perguntando a toda hora se as coisas estão bem huahuahua.

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