sábado, 14 de janeiro de 2012

Crônicas da Terceira Era - Ruínas Sombrias - Parte IV


A companhia estava a salvo, do outro lado do Rio da Floresta, longe das criaturas que os atacaram na noite passada. Aerandir e Klandrin estavam feridos e foram envenenados pelas aranhas, porém o caso do anão era mais grave, pois o veneno que corria em suas veias era da Grande Aranha.

Elmara, que tratou de Aerandir na noite anterior, quando estavam na caverna, examinou o ferimento do anão e percebeu que esse não era igual ao anterior. No lugar onde o ferrão penetrara, uma grande macha negra se formara. Algo não estava certo. Durante todo o dia, enquanto andavam em busca de abrigo contra o frio e a neve que caia, a dúnedan utilizou todo seu conhecimento de ervas e técnicas de cura. Klandrin aos poucos mostrava sinais de melhora, mas mancha negra parecia estar crescendo como se tentáculos escuros se estendessem do ferimento em todas as direções.

A jornada era lenta, pois precisavam ajudar Aerandir e Klandrin a andar. A noite chegava e com ela o frio e a escuridão. Entre a penumbra da floresta os aventureiros viram o contorno de uma construção em ruínas, parecia um local em que podiam se abrigar do frio e da neve. Ao se aproximarem, eles puderam ver que não eram os primeiros a chegar ao local. A ave marrom que encontraram anteriormente estava lá, no alto de uma pilastra em ruínas, como se os esperasse.


Logo, o pássaro se dirigiu ao grupo, em sindarin, e disse que o anão ferido não sobreviveria por muito tempo, e que as ervas que aliavam os sintomas do veneno não eram suficientemente fortes para neutralizá-lo completamente. Disse, ainda, que ele conhecia uma pessoa que podia curá-lo e que ele os levaria até ela, desde que prometessem ajudá-lo depois. Segundo ele, no sudoeste da floresta uma antiga linhagem de nobres lobos, amigos dos homens da floresta, estava sendo atacada por wargs. O senhor desses lobos, Lupus, está sendo caçado e aparentemente está preso em um vale por forças inimigas.


O grupo ponderou muito as palavras do pássaro, pensando se não deveriam ir até os Salões do Rei Elfo para que um curandeiro de lá examinasse o anão. Mas será que teriam tempo para isso? E se ninguém lá soubesse o que fazer para curá-lo? A ave permaneceu lá, enquanto discutiam o que fazer. Esperava uma resposta.

Por fim, a companhia resolveu que iria com o pássaro até a pessoa que podia curar Klandrin, mas Aerandir, que já se sentia melhor, iria para o Reino dos Elfos, até se recuperar completamente, para depois ir encontrar o grupo antes deles partirem para ajudar Lupus.

Perguntado sobre quem era essa pessoa que sabia como curar o ferimento que afligia o anão, a ave respondeu quer o nome dela era Lenareth, um antigo espírito guardião da floresta. Aerandir, que ainda não partira, reconheceu o nome como o de uma entidade muito antiga de Mirkwood que os elfos acreditavam já ter partido da Terra-Média a muito tempo. Isso deixou a companhia um tanto abalada e desconfiada, mas não tinham muitas alternativas, a vida de um deles estava em perigo e talvez apenas Lenareth pudesse ajudá-los. Partiriam pela manha, com os primeiros raios de sol.

A noite que passaram nas ruínas foi conturbada, não conseguiam dormir bem e parecia que quando fechavam os olhos a mancha sobre o ferimento de Klandrin se espalhava cada vez mais. Mas a manhã não tardou a chegar e com ela a hora de se separarem. Aerandir iria sozinho para o nordeste da floreste, em direção aos Salões do Rei Elfo, enquanto o resto d grupo seguiria para oeste, onde, em cinco dias, encontrariam o local em que Lenareth passava seus dias.

O caminho do elfo era relativamente tranquilo. O inverno não estava sendo generoso, mas a parte da floresta perto do Reino dos Elfos era mais arejada e o sol parecia brilhar mais forte por ali. Em um dia e meio de viajem ele já começara a ver moradas do seu povo entre as árvores. Sentinelas estavam em seus postos e o cumprimentaram quando ele passou. Quando chegou aos Salões do Rei, uma amiga o viu, e percebeu que ele estava ferido. Ela veio rápido ao seu encontro e perguntou o que ocorrera, mas ele estava interessado em falar com Thranduil primeiro, tinha notícias do que acontecia na floresta e logo foi encontrá-lo em seu aposento.


O Rei recebeu as notícias sobre a atividade das aranhas no sul de seu Reino e sobre a busca dos orcs por objetos antigos em ruínas com certo espanto e preocupação. Disse que iria consultar alguns sábios e procurar pelos magos do conselho branco. Algo estrava estranho, aquelas criaturas não tem utilidade para jóias e objetos. Algo ou alguém as estava comandando, ele tinha medo que pudesse se tratar do retorno do Necromante.

Enquanto isso, Drarin, Klandrin, Robin e Elmara seguiam viajem em busca de Lenareth. O pássaro marrom ia na frente, guiando-os pelos caminhos no interior da floresta. Quanto mais se distanciavam do nordeste de Mirkwood mais fechada a floresta se tornava e mais densa a escuridão podia ser sentida. O caminho deles os levaria por três dias às margens do Rio da Floresta e mais dois pelo interior do sudoeste da mata. A cada dia a neve se intensificava e o caminha ia se tornando mais difícil e traiçoeiro. Pedra cobertas de gelo eram escorregadias e a neve encobria buracos que podiam levá-los para as profundezas da terra.

Durante o segundo dia de viajem, a noite, o grupo acabou se distanciando um pouco da ave que os guiava e  se distanciou um pouco da margem do rio. Eles prosseguiram por um tempo até que chegaram a uma pequena clareira onde uma grande árvore poda ser vista. Suas raízes acima da neve, com uma passagem debaixo delas que parecia um pequeno túnel. Robin, que procurava por sinais do pássaro, estava distraído e  esbarrou em uma pequena pedra que acabou descendo pelo buraco, o barulho da pedra ecoou pela clareira através do túnel. Todos ficaram imóveis, parecia que esperavam que algo acontecesse, mas a floresta estava silenciosa, como sempre. Voltaram então ao seu caminho, mas assim que deram os primeiros passos puderam ouvir um baralho vindo do fundo daquele buraco. Cliques e Claques, barulho de centenas de patas que corriam freneticamente. Algo estava subindo pelo túnel, mas eles não quiseram esperar para ver o que era. Drarin e Klandrin começaram a correr, apenas para ver que Elmara e Robin já tinham desaparecido entre as árvores.

Debaixo das raízes saiu uma criatura grotesca, com mandíbulas gigantes, um corpo alongado coberto por um carapaça de cor vermelho escura e centenas de patas. Parecia uma centopeia gigante distorcida pelas trevas. De sua boca jorrava uma gosma esverdeada e duas antenas saiam de sua cabeça que não paravam de se movimentar, ela estava procurando por uma presa. A dúnedan e o hobbit, muito bem escondidos puderam observar a criatura sair de sua toca e se embrenhar na mata na direção em que os anões tinham corrido. Enquanto isso, Drarin e Klandrin corriam o mais rápido que conseguiam, o que não era muito já que carregavam uma pesada mochila, eram anões e havia neve por toda a parte. Ouviram então o barulho da criatura se aproximando atrás deles. Ou lutavam ou se escondiam, era simples assim. Klandrin viu um antigo carvalho muito alto que já estava velho e possuía uma grande concavidade em sua base, ele puxou seu companheiro para dentro da cavidade e arrastou uma pedra que estava próxima para que ela os cobrisse.

Então, a criatura chegou. Eles podiam vê-la através de uma peque brecha entre a pedra e a árvore onde se escondiam. Ela parecia que estava sentindo a presença deles, mas não conseguia saber exatamente onde estavam. Cada segundo que passava, porém, ela parecia mais próxima de descobrir o esconderijo, foi então que um barulho chamou a atenção do monstro. Robin tentara sair a procura deles, silenciosamente, mas escorregou em um tronco de árvore coberto de limo e fez um grande baque ao cair no chão.

A centopeia gigante se virou imediatamente na direção do hobbit. Sua patas se moviam com uma rapidez impressionante, ela se movia mais rápido do que qualquer um podia acompanhar, subindo árvores, passando por buracos, quase não conseguiam acompanhar para onde ela ia. Robin se levantou o mais rápido que pode e viu que a criatura o perseguia, tinha que correr, e muito.

Hobbits, como sabem, não são muito bons em corrida, mas compensam isso com a grande sorte que possuem e a habilidade de desaparecer quando realmente querem. E foi graças a essas qualidades que Robin conseguiu escapar. Quando corria pela sua vida, vendo a cada segundo a criatura mais e mais próxima, ele viu uma oportunidade. Enquanto corria ela agarrou uma pedra pelo chão, pulou um velho tronco caído no chão, jogou a pedra mais afrente de modo a fazer barulho quando se chocasse contra as árvores, mergulhou para dentro do tronco oco e pediu para sua estrela protetora que o protegesse.

Qual não foi seu alívio quando viu a centopeia passar direto pelo seu esconderijo e seguir na direção em que a pedra fora jogada, sem olhar para trás. Ele ainda ficou ali, imóvel, com medo, por algum tempo, até que seu companheiros começaram a procurar por ele. Quando todos se reencontraram novamente, viram o pássaro marrom no alto da árvore ao lado deles. Ele então disse: "Vamos logo, ela voltará em breve, e com raiva".

E eles prosseguiram a viajem até amanhecer, não tiveram coragem de parar. Percorrem, por toda a noite, um caminho árduo e cansativo, em breve estariam no ponto onde cruzariam o Rio da Floresta em direção ao sul, a parte mais escura e fechada de Mirkwood. A manhã estava tão fria como sempre e uma neblina cobria tudo o que viam. A companhia seguia com cuidado o trajeto ao longo do rio, qualquer paço em falso e mergulhariam em águas geladas capazes de matar alguém despreparado. Ao norte, porém avistaram a sombra de três humanoides caminhando lentamente na direção contrária para onde estavam indo.

Robin, sempre curioso, propôs ao grupo que ele fosse lá ver quem eram aqueles. Esperavam que não fossem mais goblins, mas queriam saber quem eram para, depois, decidir, o que fariam. O hobbit, então, se esgueirou até eles, silencioso como os hobbits conseguem ser, e viu que se tratava de três elfos da floresta, vestindo capas verde escuras, portando armas, e o emblema do Reino da Floresta e discutiam algo em seu idioma, que o aventureiro apenas entendeu poucas palavras, como lobos e problema. Robin respirou fundo e chamou por eles, tentando não assustá-los e ser o mais cordial que conseguisse. Para sua surpresa, um dos elfos o reconheceu. Quinay era seu nome, uma elfa de longos cabelos negros e olhos verdes. Ele perguntou o que o pequenino estava fazendo naquela região tão inóspita e porque não estava em Erebor, para onde fora desde a última vez que o viu, nos Salões do Rei Elfo. Robin, então contou tudo o que ocorreu desde que Klandrin fora ferido. Os elfos disseram que era perigoso acreditar nas palavras de qualquer ave, pois algumas não tinham tão boas intenções e podiam servir a outros interesses. Sobre Lenareth eles pouco sabia, disseram apenas que se tratava de um espírito muito antigo, que provavelmente não mais habitava aquela região.

Levados até o resto da companhia, eles contaram um pouco do que acontecia no oeste. Um grande grupo de wargs estava atacando vilarejos de homens e colônia de lobos da floresta. Lupus, o senhor de uma nobre linhagem de lobos tinha desaparecido e eles estavam indo avisar Thranduil de tudo. Eles tentaram, também, convencer o grupo a retornarem com eles, disseram que talvez alguém no Reino dos Elfos pudesse ajudar Klandrin com o veneno, mas a companhia achou melhor continuar o caminho em busca de Lenareth. Quinay antes de partir, deu ao grupo uma gema redonda, branca com um brilho forte que emanava de seu interior. Ela disse que se Lenareth, realmente, continuasse a viver naquela região, talvez isso ajudasse eles a conseguir ajuda dela.

O brilho do sol podia ser visto entre a neblina e a copa das árvores, já estavam quase na metade do dia, tinham que prosseguir, não tinham muito tempo. Despedidas foram feitas, e os patrulheiros da floresta lhes desejaram boa sorte. "Que a estrela de norte ilumine o caminho de vocês" foram suas palavras. E o caminho deles era realmente escuro. Mais dois dias de viajem tinham pela frente, cada vez mais penetrando o interior sombrio daquela floresta. Será que encontrariam Lenareth? Será que conseguiriam salvar seu comapanheiro?

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

Para ler a terceira parte dessa crônica clique aqui.

3 comentários:

  1. Só faltou dizer que a Elfa nos deu uma esfera para dar de presente a Lenareth!

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    1. Bem lembrado, Edson! As vezes eu acho que tenho que gravar as sessões para escrever isso.

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