quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Crônicas da Terceira Era - Ruínas Sombrias - Parte VI

Do alto da escada vinha o barulho de passos. Aparentemente três criaturas desciam a escada carregando uma fonte de luz fraca, provavelmente uma tocha. Klandrin, Drarin, Robin e Elmara sacaram suas armas e se prepararam para o combate iminente. As criaturas desciam lentamente, e quando chegaram ao ponto onde a escada estava partida, Elmara estava pronta para disparar uma flecha sobre elas, mas a visão de um rosto familiar trouxe tranquilidade para os corações dos heróis. Era Aerandir e seus dois companheiros elfos que o acompanhavam.

Novamente reunidos, a companhia, agora, tinha que encontrar aquela que salvaria Klandrin da morte. A frente deles se abria uma passagem que dava a uma grande caverna. Podiam ouvir o barulho constante de água corrente a frente deles e sentir um cheiro esquisito, uma mistura de podridão e mofo.

O grupo, então, seguiu em frente, iluminando o caminho com tochas e a lanterna que Klandrin carregava. Ao passarem pelo portão do aposento onde estavam, eles se viram em uma grande caverna, com um pequeno riacho que corria do sudoeste ao norte entre pedras e estalagmites. À direita outras construções em ruínas se acumulavam, umas totalmente destruídas e outras apenas parcialmente, como se a terra as tivesse engolido a centenas de anos. Esqueletos podiam ser vistos em alguns lugares, entre as pedras, debaixo delas e perto das construções.


Drarin e Robin ao começarem a andar pelo local, ouviram sussurros vindo do norte, na direção do rio. Parecia ser um voz feminina entoando um cântico em uma língua muito antiga e desconhecida. Eles perguntaram aos demais companheiros mas ninguém parecia ter ouvido aquelas voz. O hobbit, curioso, como sempre, disse a todos para que esperassem por ali enquanto ele iria a frente tentar descobrir de onde vinha aqueles sussurros. Ele pegou um tocha e foi em direção ao norte andando silenciosamente e se escondendo por onde conseguia, entre as pedras e ruínas.

Enquanto isso, os resto do grupo decidiu que não haveria problemas em esperar o companheiro pequenino investigando as construções perto deles. Todas elas se pareciam muito com aquela por onde desceram as escadas. Construções de pedra trabalhada, mas não da maneira que os anões trabalham, eram construções de homens antigos, provavelmente da época anterior a vindo do do Necromante para a Floresta de Mirkwood. Aerandir encontrou debaixo de umas pedras o que parecia ser um escudo de metal com inscrições estranhas. Pedindo ajuda para seus companheiros para retirar as pedras por cima para olharem melhor o objeto, eles perceberam que o objeto pertencia a um esqueleto que não era de um homem, mas de um orc, e então viram que muitos a volta deles eram de orcs também. Ali, acontecera uma batalha, e aquele escudo tinha sido gravado rudemente com símbolos parecidos com aquele que os orcs ao norte de Mirkwood usavam.

A frente, Robin se aproximava cada vez mais da voz que escutava. Quando mais se dirigia ao norte, mais clara e audível a voz ficava. Parecia uma voz élfica e feminina, melancólica porém esperançosa. Depois de algum tempo, o hobbit chegou o que parecia ser um pequeno lago de águas escuras e calmas, quase um espelho d'água. No centro havia um ilhota onde havia uma ruína de uma construção circular. De lá, o pequenino viu uma luz azulada e fraca emanar e ouviu a voz que cantava. Já tendo descoberto o que queria, Robin voltou para contar o que viu para seus companheiros.
Quando encontrou o resto da companhia e contou o que tinha descoberto, todos tinham certeza que só podia se tratar de Lenareth. No entanto, estavam em dúvida de como abordar o espírito, com certeza ele estava ali há muitos séculos sem receber a visita de nenhuma alma viva e não sabia as reais intensões da entidade. Decidiram, então, que Aerandir e Robin iriam na frente, se esgueirando, para ter certeza de que estavam sozinhos ali e o resto do grupo iria atrás.

O elfo e o hobbit, caminharam na frente, tentando encontrar qualquer sinal da passagem de alguma criatura por ali, mas nada viram além de morcegos escondidos entre as estalactites e pilares das ruínas. O lugar parecia deserto e muito silencioso. Quando estavam quase chegando ao pequeno lago, ouviram uma voz que ecoava por toda a caverna.

- Quem são aqueles que interrompem meu descanso? - Uma voz feminina. leve, porém ameaçadora ressoou ao redor deles. Todo puderam ouvir, inclusive os que vinham mais atrás.

- Somos viajantes em busca de ajuda para nosso amigo. - Disse Aerandir, de forma ríspida e rápida, sem contudo dizer realmente quem eram.

- Viajantes? Não recebo viajantes e andarilhos sem propósito. Vão embora e deixem-me em paz. - Respondeu a mesma voz, parecendo um pouco irritada.

- Desculpe incomodá-la nobre senhora - Robin, então, disse - Mas me chamo Robin Roper, do Condado, no oeste, e este é Aerandir, do Reino da Floresta. Somos amigos dos elfos de Mirkwood e viemos lhe entregar um presente que esse povo deseja que seja seu, se a senhora quiser, é claro.

Os hobbits são criaturas cativantes, mas, além disso, são muito educados e cordeais também. As palavras do pequenino, combinada com a oferta de um presente vinda do belo povo da floresta fez com que Lenareth (pois se tratava da própria) reconsiderasse a presença deles ali.

- Um presente dos elfos, você diz? Há muito tempo que não tenho contato com aquele povo, deixe-me ver melhor esta oferenda - E das ruínas da ilhota surgiu a figura espectral de uma mulher, que muito parecia com uma elfa. Vestia um vestido esvoaçante e tinha longos cabelos. Sua forma era translúcida e emitia uma fraca luz azulada, que trazia um pouco de calor àqueles ao seu redor. Ela vinha em direção a Robin e Aerandir, andando por sobre a superfície do lago. A gema, no entanto, estava com Elmara.

Robin, por isso, correu rapidamente uns metros atrás e pediu para que a dúnedan lhe desse a Pedra das Estrelas. Assim que conseguiu a gema, ele voltou para perto de Aerandir e espero até que Lenareth ficasse a sua frente e estendesse o braço, como se esperando receber o presente. O hobbit pegou a pedra e colocou-a sobre a palma da mão do espírito e sentiu um leve formigamento ao tocá-lo. A mulher olhou a gema e esta começou a emitir uma luz forte, que iluminou todo o lago ao redor deles. Um sorriso se formou em seu rosto e seu semblante se tornou mais calmo e agradável.

- E vocês vieram aqui, apenas para me entregar isso? Parece improvável que apenas vocês dois conseguissem chegar até aqui apenas para me entregar um presente dos elfos - disse Lenareth, percebendo que havia mais sobre os dois do que eles diziam.

- A senhora é muito sábia, sem dúvida. Na verdade, como meu caro amigo lhe falou, buscamos ajuda para um de nosso companheiros, que foi ferido gravemente por uma grande aranha da floresta. Uma nobre ave marrom nos disse que só você poderia nos ajudar e cá estamos nós. O nome do nosso amigo é Klandrin e ele é um anão de Erebor, do povo de Durin - e novamente o mestre hobbit demonstrou como deve se falar e portar com espíritos tão antigos.

- Pois bem, ajudarei vocês. Há centenas de anos que não vejo ninguém e uma companhia é bom de vez em quando. Tragam seu amigo para que eu possa vê-lo - e Lenareth se virou para a direção por onde viriam o resto da companhia.

Assim, veio Klandrin, Drarin, Elmara e os outros dois elfos que acompanharam Aerandir no caminho até ali. Novas apresentações foram feitas por Robin, pois ele sabia melhor como proceder nessas ocasiões. O espírito examinou o ferimento de Klandrin, que já cobria todo o seu tronco.

- Não temos muito tempo. Por favor, me acompanhem e façam um círculo ao redor de nós dois - Ela disse se dirigindo para a beirada do lago e fazendo um gesto para que eles a seguissem.

Assim, todos se posicionaram nas águas rasas. Lenareth e Klandrin no centro de um círculo formado pelo resto do grupo. Ela pediu para que todos prestassem muito atenção e estivessem preparados para o que quer que acontecesse. Em seguida, ela fechou os olhos e começou a entoar uma canção antiga, numa língua quase esquecida. Ninguém a compreendeu, mas todos sentiram que uma forte magia estava operando naquele lugar e então algo aconteceu.

Klandrin imediatamente ficou inconsciente, como em um transe. Do ferimento em seu lado esquerdo começou a sair um liquido estranho, negro, que parecia uma névoa escura. Quanto mais a mancha em seu tronco diminuía, mas se espalhava aquele líquido e fumaça. Até que essa coisa começou a tomar uma forma. A de uma criatura, com tentáculos, bocarra e olhos que tinham um brilho vermelho e maligno. Quando finalmente a mancha havia desaparecido do seu corpo, Klandrin caiu inconsciente nas águas do lago. Ao mesmo tempo, Lenareth desapareceu deixando para trás apenas a gema e a criatura que agora parecia pronta para atacar os heróis.

O grito do monstro colocou pavor no coração da companhia. O poder das trevas era forte naquela coisa. Nos primeiros momentos, ainda exitantes, os aventureiros sacaram suas armas e tentaram atacar a criatura, que se esquivava com um agilidade surpreendente, e mesmo quando conseguiam golpeá-la, seu corpo, quase etéreo, não parecia ser ferido. Aerandir tive a idéia de tentar usar a pedra contra a criatura, pois foi por meio dela que ela foi retirada do corpo do anão, mas tinham que achar a gema antes.

Robin e Drarin, então, deixaram de tentar atacar aquele monstro e passaram a procurar por ela, mergulhando naquelas águas. Depois de alguns minutos e alguns ferimentos causados pela criatura no grupo, o anão encontrou a pedra. Ele a segurou e a apontou na direção da criatura, que naquele momento estava por cima de Elmara, mas nada aconteceu.

- Temos que entoar uma canção - lembrou-se o elfo. Então ele começou a cantar. Mas, ainda assim, nenhum efeito surgiu e o monstro apenas continuava com toda sua fúria a investir contra eles. Foi quando Aerandir pediu para que jogassem a pedra para ele e começou a cantar uma canção élfica muita antiga, sobre estrelas a luz guia que elas jogavam para o nobre povo. A Pedra da Estrelas emitiu uma luz fortíssima que fez com que a criatura urrasse de dor. Seu corpo parece se tornar mais sólido e frágil. E, então, Elmara aproveitou o momento e acertou sua espada no peito do monstro, que começou a se despedaçar e se tornar novamente líquido e vapor, sendo sugado para dentro da gema que o elfo segurava. Quando terminado, a pedra antes brilhosa estava opaca e escura.

Logo após, um tremor foi sentido, e este se tornou muito intenso em poucos segundos. A caverna estava desmoronando e rochas caiam para todos os lados. A companhia devia sair de lá rápido se não quisesse ficar presa, ou pior, morrer esmagada debaixo de toneladas de pedras. Elmara colocou Klandrin nos ombros e correu o mais rápido que pode, assim como todos. Mas, na fuga desesperada, um dos elfos companheiros de Aerandir foi atingido por uma grande estalactite que caiu e ficou com a perna presa. Gritando de dor ele pediu por ajuda, para que não o deixasse ali.

Robin e Drarin voltaram para ajudá-lo, mas o resto do grupo prosseguiu. O anão utilizou o cabo de seu machado como uma alavanca para levantar a rocha enquanto o hobbit puxou o elfo para que ele pudesse levantar. Agora os três iam juntos em direção às escadas por onde entraram e, esperavam, podia sair. Quando estavam quase chegando, entretanto, uma pedra caiu e acertou Robin na cabeça, deixando-o desacordado.

Drarin deixou o elfo seguro na torre por onde entraram e voltou para ajudar seu amigo. Colocou-o nos ombros e, obstinado, correu como nunca tinha feito antes, até o encontro de todos. Lá estavam eles, são e salvos, embora um tanto feridos, mas vivos.

O tremor ainda continuou por algum tempo. A passagem pela escada parecia ter sido tampada com tudo aquilo e outra parte da escada desmoronou. Eles tinham que sair de lá, mas, por enquanto estavam descansando e recuperando as forças. Lidariam com isso em breve.

Algumas horas depois, enquanto eles decidiam o que iriam fazer para sair dali, uma voz grave foi ouvida acima. Ela chamava pelo nome dos anões e parecia familiar. O grupo respondeu e, de repente, um faixo de luz foi visto. Estavam abrindo a passagem acima deles. Anões de Erebor estavam no alto e entre eles estava um amigo do grupo.

Balin fora a procura deles depois de saber que estavam com problemas. Um corvo amigo dos anões recebeu a informação por meio de uma ave marrom, provavelmente a mesma que ajudou o grupo a encontrar Lenareth. O anão lhes disse que ficou preocupado com a viajem do grupo durante o inverno onde o poder das trevas é mais forte. Além disso, falou que, em breve, expedições sairiam de Erebor em direção às antigas cidadelas do seu povo no norte, sul e sudeste e que a presença deles em Erebor era esperada o mais rápido que pudessem. Mas ele também sabia que a companhia tinha assuntos a resolver por ali.

O grupo confirmou e disse que deviam esperar o pássaro marrom para que o seguissem. Para a surpresa deles, o mesmo já os esperava, sobre o gralho de uma árvore. Ele disse que poderiam partir a qualquer momento, mas que antes encontrariam seu mestre, Radagast, o marrom, em Rhosgobel. Assim, despedidas foram feitas entre o grupo e os anões de Erebor.

Assim, foram eles em direção ao sul, saindo da floresta e percorrendo o Vale do Anduin em direção à vila dos homens da floresta sobre a tutela de um dos cinco magos. O inverno se aproximava de seu fim, e com ele vinha a primavera, trazendo de volta o calor e chuvas, que chegaram cedo. Foram duas semanas, e quase não se passou um dia sem uma forte pancada de chuva. Ficaram encharcados e cansados. Mas, enfim, chegaram. Radagast não estava lá, mas isso não importava naquele momento, eles tinham que descansar e se recuperar dos ferimentos para o que quer que fossem enfrentar depois.

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

Para ler as outras partes dessa crônica clique aqui.

Um comentário: