sábado, 21 de janeiro de 2012

Crônicas da Terceira Era - Ruínas Sombrias - Parte V

Aerandir já se sentia bem melhor. Alguns poucos dias sobre o cuidado de sua amiga nos Salões do Rei Elfo foram o suficientes para que ele recobrasse o espírito e o corpo. Em breve sairia ao encontro dos seus companheiros novamente. Mas antes, alguém veio ao seu encontro. O príncipe Legolas tinha uma mensagem para ele, seu pai, Thranduil queria vê-lo e pedir seu conselho sobre assuntos importantes.

O elfo, então, foi rapidamente ao encontro do líder de seu povo, pois parecia que assuntos importantes estavam sendo tratados. Chegando a seus aposentes ele viu o Rei em pé discutindo estratégias e ações com uma série de outros elfos, em sua maioria nobres das Casas da Floresta. Um deles, um elfo alto, de cabelos escuros como a noite e olhos claros como a lua, nariz e rosto angular estava determinado a convencer Thranduil a não se envolver com conflitos longe das fronteiras atuais do Reino da Floresta. O rei, quando viu a presença do herói, pediu para que todos se silenciassem, ele queria ouviu a opinião de Aerandir sobre o que fazer em relação às Aranhas de Mirkwood e as expedições dos orcs pelo norte da floresta.

O aventureiro então relatou seus experiências e disse que casa os Elfos de Mirkwood não tomem iniciativa e tentem expulsar, de uma vez por todas, as forças da Escuridão da Floresta, pode ser que, em pouco tempo, não tenham mais floresta fara ficar. Além disso, que o povo de Mirkwood deve buscar aliados entre os Povos Livres do Norte. O que quer que aconteça na floresta afetará a todos e o problema de um deles é problema de toda a região.

Talvez tenha sido algo do momento, ou as palavras certas usadas por Aerandir, mas Thranduil se convenceu totalmente do dever de seu povo e pediu para que cada um dos nobres preparasse uma pequena força de seus melhores homens para uma missão. Pediu também para que o herói, depois de reencontrar seus amigos o ajudasse em uma tarefa importante. Ele precisa saber o que está acontecendo com as Aranhas. Elas viviam na floresta por muito tempo, mas nunca agiram de forma tão agressiva e organizada assim, algo, ou alguém, as estava controlando. Aerandir aceitou a missão e disse que assim que encontrasse seus amigos tentaria descobrir o que estava acontecendo.

Enquanto isso, Drarin, Klandrin, Robin e Elmara continuavam a caminhar em direção ao local onde Lenareth estaria. Já estavam no terceiro dia de viajem e em breve alcançariam à passagem pelo Rio da Floresta onde deveriam se dirigir ao sul. O céu estava mais claro, sem tantas nuvens, mas um brisa gelada corria pelo leito do rio, na direção contrária para onde seguiam.
Chegaram na passagem pelo rio no início da noite. A correnteza estava mais forte neste local do que no leste e uma neblina cobria o leito do rio, o que dificultava a visão do caminho entre as pedras. O grupo achou melhor esperar pela claridade da manhã e improvisou um abrigo perto dali. Antes de dormir, porém, Elmara viu rastros de um grande número de aranhas que passaram por ali em direção ao norte. Parecia que as criaturas estiveram lá há cerca de três dias. Era bom acharem um lugar reservado para passar a noite.

A manhã chegou logo, o brilho do sol se dissipava na névoa que os envolvia. Podiam ouvir o barulho do rio à esquerda deles e, para lá, foram. O pássaro marrom não estava com eles. Provavelmente ele teve que fazer alguma coisa durante a noite e ainda não voltara. Mas a companhia não podia esperar, cada minuto de atraso era menos um minute de vida de Klandrin e eles foram se preparar para cruzar o rio.

O caminho não parecia muito difícil, mas, com certeza, a neblina, as mochilas cheias e a correnteza forte não iriam facilitar. Drarin foi o primeiro a tentar atravessar mas uma forte correnteza, que veio de repente, o derrubou. Lá estava o anão, afundando nas águas do rio, que era mais profundo do parecia. Seus companheiros se assustaram com o barulho dele caindo na água e os pedidos de socorro. Elmara e Klandrin pegaram as cordas em suas mochilas e as arremessaram para que o aventureiro se segurasse e depois de alguns minutos ele estava de volta à margem norte todo ensopado.

Na segunda tentativa, uma corda foi amarrada ao redor da cintura do anão e qualquer escorregão era facilmente contornado. Em pouco mais de vite minutos eles começaram a chegar do outro lado do rio. Tinham que ir com calma, pedras estavam soltas, e musgo cobria a maioria delas. Qualquer erro os levaria para às profundezas das àguas gélidas do Rio da Floresta.

Chegando ao outro lado, depois de descansar alguns minutos e se secarem, o grupo viu a ave marrom se aproximando do oeste. Ela disse que fora averiguar a situação do Lorde Lupus e dos lobos do floresta. Parecia que eles estavam conseguindo evitar o ataque dos wargs por enquanto, mas estavam ficando sem opções para onde ir. Era claro que a ajuda da companhia era necessária. Agora faltava pouco até encontrarem Lenareth.

Nos Salões do Rei Elfo, Aerandir se preparava para partir. Ele pedira ao Rei o auxílio de alguns guerreiros e o mesmo foi capaz de colocar dois sentinelas ao seu lado, uma elfa alta de longos cabelos castanhos claros avermelhados, preso com uma trança, e um elfo forte de cabelos curtos escuros e olhos pequenos. Eles iriam com o herói até o local onde encontrariam o resto do grupo. Para chegar o mais rápido possível, o grupo iria tomar o caminho pelo sul, onde teriam que cruzar o Rio Encantado pela Ponte do Ancião, que dizia as lendas era vigiada por um espírito velho e imprevisível. Era o caminho mais rápido até o local onde Lenareth vivia, mas era também o mais perigoso, pois passava pelo território das Aranhas de Mirkwood.

O primeiro dia de viajem foi tranquilo. Após poucos preparativos para partida o trio começou sua jornada para o sul da floresta em direção à ponte. A mata no sul era muito mais escura e sombria do que no reino élfico. Os troncos das árvores eram todos contorcidos como se elas estivessem com um dor profunda ou tentando alcançar algo. Pouca luz chegava até o chão entre os galhos retorcidos e um silêncio estranho envolvia o lugar. O grupo  procurou uma clareira para passar a noite, queriam pelo menos enxergar se alguma criatura estava se aproximando deles.

Tiveram sorte naquela noite, pois não viram nem ouviram nada. Partiram logo cedo, um pouco antes do sol nascer e na metade da tarde avistaram a ponte. Ao se aproximarem viram um senhor vestindo trapos e peles de animais se apoiando numa bengala de carvalho sobre ela. Os patrulheiros que estavam acompanhando Aerandir falaram que era melhor não se aproximarem que deviam procurar um caminho em que não precisassem falar com o espírito, mas o aventureiro não tinha tempo a perder e foi em direção à ponte.
Quando chegou próximo pode ver melhor a figura do ancião. Este levantou um pouco a cabeça, um capuz cobria metade de seu rosto e Aerandir apenas viu sua grande barba marrom se tornando cinza, um nariz largo e olhos que brilhavam como estrelas. Ele perguntou ao elfo: "Quem são vocês e para onde vão?". O herói exitou por alguns segundos mas pensou logo nos seus companheiro de aventura, não podia desistir naquele momento. "Sou Aerandir, a Sombra da Floresta, e esses são guerreiros do Rei Thranduil, senhor do povo da floresta. Estamos percorrendo este caminho para mais rápido encontrar meus companheiros que se encontram no lado oeste de Mirkwood."

O senhor então questionou o elfo do porque desta busca. A floresta era perigosa, a escuridão a envolvia e muita criaturas malignas podiam encontrá-los antes que chegassem ao seu destino. Mas o aventureiro não exitou. Ele sabia porque estava fazendo o que fazia. Seus amigos salvaram sua vida antes, eles lutavam contra a mesma sombra que seu povo e agora podiam estar precisando de ajuda. Ele não voltaria atrás.

Sentindo a determinação do elfo, o espírito guardião disse que os deixaria passar, desde que Aerandir prometesse que a próxima vez que ele visse o ancião, ele deveria fazer um favor à ele. Sem muitas opções, ele aceitou, com a sensação que ainda se arrependeria daquilo. E então prosseguiram, o mais rápido que conseguissem. Tinham que ser rápidos, qualquer demora e talvez eles não chegassem a tempo de encontrar os companheiros que procuravam Lenareth.

Já no oeste, Drarin, Klandrin, Robin e Elmara estavam cada vez mais próximos das ruínas onde estaria a salvação de seu amigo. Este, aliás, estava começando a ter pesadelos a noite e falava coisa estranhas enquanto dormia, algo como "o encontrar da sombras" e "a aliança negra". A mancha sobre o ferimento onde teve o veneno injetado já cobria quase todo o seu tronco. Ele não tinha mais muito tempo.

Faltavam apenas um dia e meio de viajem até chegarem. Aquela parte da floresta, como quase todo o sul, era sinistra, escura e repleta de sinais da passagem de aranhas. Teias podiam ser vistas, mesmo que poucos, em quase qualquer lugar que iam. Apesar de tudo, eles não viram sinais de nenhum aracnídeo maior do que a mão de um hobbit.
Depois de uma noite conturbada pelos sonhos sinistros de Klandrin, que chegaram a acordar o resto do grupo algumas vezes com seus gritos repentinos, a companhia chegou às ruínas. A ave marrom disse, então, que a partir dali eles estavam sozinhos. Lenareth estaria em algum lugar por ali, mas que agora ele deveria partir e voltaria em dois dias. A dúnedan não gostou nem um pouco de terem sido deixados ali. Suspeitava que o pássaro estivesse planejando algo contra eles. Mas, agora, era tarde de mais para se discutir essa possibilidade. Se a cura para o veneno estivesse por ali, teriam que achá-la, e rápido.

O grupo se dividiu a procura de qualquer sinal de passagem ou entrada em alguma das ruínas. Depois de algumas horas, Drarin encontrou o que parecia ser um alçapão. Algumas pedras impediam o acesso à passagem mas com a ajudo do resto do grupo foram rapidamente retiradas. Quandro abrirão a passagem sentiram um cheiro de podridão, mofo e morte vindo do fundo. Aquele local estava fechado a muito tempo.

Uma escada parecia descer até o fundo da passagem, mas não conseguiam enxergar muito. Com lanternas acesas eles começaram a descer. O local parecia muito antigo, a arquitetura era, com certeza, de construção de homens do norte, feita há muito tempo. Rachaduras, teias de aranha, insetos e pequenos lagartos se espalhavam pelas paredes e degraus. Depois de alguns minutos, eles chegaram até um ponto em que parte da passagem havia desmoronado. Apontando a luz da lanterna viram que o chão ficava a cerca de cinco metros dali, não era um queda moral, mas poderiam se machucar seriamente, ainda mais sem saber direito o que havia no chão.

Elmara teve a ideia de passar uma corda através de um buraco que os anões fariam na parte de baixo dos degraus acima deles. Isso daria um local seguro onde amarrar a corda e podiam simplesmente balançar nela para o outro lado. E durante algumas horas eles ficaram lá, martelando e perfurando a parede de pedra para passar a corda. O barulho era quase ensurdecedor naquela pequena passagem, e se houvesse alguma criatura lá, com certeza ela estaria acordada agora.

Depois de devidamente segura, a corda estava pronta para ser usada. Robin foi na frente, se segurou e saltou o mais longe que conseguia. Botou os pés do outro lado, achando que já estava seguro largou a corda, só para então se desequilibrar e cair. Um baque seco ecoou pelas paredes e uma dor nas costas ecoou pelo corpo do hobbit. Tinha se machucado, mas ainda conseguia andar normalmente, podia ter sido muito pior.

O pequenino se levantou, tirou a sujeira de suas roupas e gritou para seus amigos que estava bem. Pelo menos era o que ele pensava. Quando se abaixou para pegar suas coisas que estavam espalhadas pelo chão lamacento sentiu algo agarrando seu calcanhar. Quando se virou, viu a mão de um esqueleto tentando agarrá-lo e corpos moribundos se levantando pelo aposento.

"Os mortos estão se levantando!" Gritou Robin e todos lá de cima podiam ver o brilho vermelho e fantasmagórico de seus olhos. As criaturas eram do tamanho de homens e vestiam armas e armaduras antigas e enferrujadas. Eles diziam que eram guardiões do local e que ninguém podia entrar ali. Qualquer tentativa de diálogo com eles era em vão e eles começaram a atacar o grupo.

A luta estava brutal e dolorosa. Os esqueletos eram criaturas que não sentiam dor, então apenas um golpe que os destruísse completamente podia pará-los, enquanto qualquer corte fazia os heróis sangrarem. No meio da batalha, no desespero por ajuda e salvação, Elmara lembrou-se das palavras da elfa que lhe deu a Pedra das Estrelas. Ela retirou a pedra de sua mochila, enquanto esquivava-se de golpes de antigas espapadas, e a ergueu no ar, gritando para que parassem. A gema, então, começou a emitir uma luz muito forte. Os mortos se encolheram e gritavam algo em uma lingua sombria e sinistra, quando, de repente, viraram pó e seus espíritos retornaram para onde nunca deveriam ter saído.

Eles venceram mais um desafio. Estavam cansados, feridos e em uma caverna sinistra, mas estavam vivos. Então ouviram o barulho de alguém descendo as escadas acima deles. Quem seria? Como os encontraram ali? Seriam mais mortos que se levantaram ao redor da ruína?

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

Para ler as outras partes dessa crônica clique aqui.

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