quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Sendo Mestre de Jogo - Os Vários Papeis

Parece muito simples responder à pergunta "o que faz um mestre de jogo?". Ora, ele mestra aventuras de RPG para um grupo de jogadores. Mas o que é fazer isso? Essa é a pergunta mais complexa e de difícil explicação rápida. Não é de se assustar que muitos jogadores, embora tenham vontade de se arriscar como mestres de jogo, exitem e tenham receio de tentar ocupar esse papel.

Apesar disso, esse não é um desafio insuperável. Ele, sem dúvida, exige mais do participante do que ser um jogador normal, mas as recompensas e a satisfação, ao meu ver, são igualmente maiores. Um dos passos que devemos tomar para compreendermos melhor o papel de um mestre de jogo e sermos capazes de assumir essa função da melhor maneira, é compreender as suas diversas funções em uma sessão de RPG. Entendendo e internalizando isso, assumir essa responsabilidade se torna bem mais fácil. Sendo assim, abaixo apresentamos os principais papeis de um mestre de jogo.

Roteirista: Assim como roteiristas de filmes e séries de TV, o mestre de jogo prepara roteiros de histórias que possam envolver os personagens dos jogadores dando a eles papeis principais, destacando-os tanto em suas qualidades quanto em suas fraquezas. No entanto, ao contrário do que acontece no cinema e na televisão, esse roteiro não é fechado com princípio, meio e fim. O mestre de RPG prepara um esqueleto de história, apresentando uma situação, um problema, que deve interessar e envolver os personagens dos jogadores e apresenta infinitas possibilidades de resolução dentro de um contexto. A cidade natal dos personagens, por exemplo, pode estar sofrendo com uma praga terrível, inclusive afetando pessoas queridas a eles, e como eles vão lidar com isso é inteiramente dependente dos jogadores. Eles podem procurar por uma cura, procurar o culpado por trás da praga (se é que há um), fugir da cidade (antes os outros do que eles) ou qualquer outra coisa que imaginarem.

Ator: No roteiro criado pelo mestre, com certeza existiram outros personagens que não os dos jogadores com os quais esses irão interagir. É responsabilidade dele, então, interpretar esses indivíduos como se pessoas reais eles fossem, com personalidades, discursos e objetivos distintos. Isso reforça a noção de que o mestre não é um adversário do grupo, pois ele assumirá o papel tanto dos aliados como dos inimigos dos personagens e deve interpretar ambos igualmente.

Diretor: Como roteirista, o mestre prepara o roteiro e os ganchos para iniciar o jogo e começar a história, mas é como diretor que ele vai conduzir e agir para manter a história se desenvolvendo, não importa qual seja a reação dos jogadores. Às vezes, os jogadores vão elaborar soluções para problemas elaborados que não estavam previstas no roteiro mas que fazem tão ou até mais sentido do que aquela esperada. Cabe o mestre, como Diretor, decidir se aceita ou não a solução (preferencialmente aceitando), recompensando os jogadores por sua criatividade e engenhosidade. No final, eles vão até achar que você planejou tudo. Outras vezes podem ser que eles se desviem da estrutura totalmente e caberá a você como Diretor a manter o jogo em andamento apresentando novos desafios e situações interessantes conforme o interesse deles.

Produtor: Como produtor, o mestre do jogo fica encarregado dos recursos necessários para jogar, desde os essenciais até os opcionais mas recomendados. É geralmente ele o responsável por levar os livros de regras às sessões de jogo, a ter dados para todos os jogadores, guardar as fichas dos personagens, ter as estatísticas de monstros e outros elementos do jogo prontas para serem utilizadas. Muitas vezes ele também e o responsável pela miniaturas, "props" (como imagens, objetos e outros acessórios), além de, caso ele também seja o anfitrião, preparar o lugar onde acontece o jogo.

Anfitrião: Como dito acima, muitos mestres acabam sendo os anfitriões de suas mesas e recebem o grupo de jogo em suas casas. Assim, eles ficam encarregados re preparar o local de jogo, assegurar de que há um espaço para que o grupo se reúna, prepara (se for o caso) lanches, petiscos e refrigerantes, assim como tudo que for necessário para que todos se sintam confortáveis e aptos a jogar com a atenção e facilidade que precisam. Eles apresentam jogadores uns aos outros, marca reuniões para o jogo e serve quase como a cola que mantem o grupo unido.

Árbitro: Talvez a função mais conhecida de um mestre de jogo, seja o do árbitro do jogo. É ele que julga como e quando aplicar as regras, quando ignorá-las em favor da história (quando elas não fazerem sentido em uma determinada situação) ou mesmo inventar novas aplicações delas em situações não previstas no jogo. No entanto, mesmo com o poder de julgar e modificar a aplicação das regras, a sua função é de ser um juiz imparcial, nem favorecendo nem prejudicando os personagens dos jogadores, já que um jogo em que sempre é fácil ser bem sucedido ou é praticamente impossível se sair bem se tornam bastante chatos e repetitivos.

Professor: É o papel do mestre, também, ensinar as regras e como se joga o RPG para novos jogadores ou mesmo jogadores experientes encontrando dificuldades com novos jogos. Além disso, eles são responsáveis por ensinar que no RPG não há limites artificiais e que as regras apenas estão ali para dar uma base para que os jogadores tentem qualquer coisas que quiserem tentar dentro da realidade do jogo. Isso sem contar que ele é uma referência e exemplo para os jogadores em relação à interpretação de personagens e compromisso com o jogo. Se o mestre assume personalidades elaboradas, faz vozes, define objetivos e maneirismos interessantes para seus personagens, descreve ações vividamente, é bem provável que os jogadores acabem seguindo o mesmo caminho.

Jogador: Por fim, os mestres são jogadores também e estão ali para descobrir o que vai acontecer e vibrar com a história sendo desenvolvida à mesa tanto como os outros jogadores. Ele pode até ter conhecimentos que os jogadores normais não possuem, mas ele não deve controlar o jogo para que algo específico acontece, ele deve "jogar" para ver como os próprios jogadores e possibilitar resoluções distintas conforme as ações e reações dos jogadores. Um dos grandes prazeres de ser um mestre de jogo é ver que fim terá as situações por nós criadas.

No final, o trabalho de um mestre de jogo parece bastante complexo mas se encarado em partes e entendido se torna bem mais fácil de ser executado. As vezes alguns desses papeis são mais destacados do que outros, mas todo são igualmente importantes para uma boa seção de jogo e uma boa campanha. Em postagens futuras exploraremos cada um dos papeis mais a fundo dando dicas de como executá-los da melhor maneira possível.

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