quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Como NUNCA conduzir Encontros Aleatórios

Vocês estão caminhando pela trilha estreita que corta a Floresta das Sombras Vivas em direção ao Templo Perdido do Deus Sem Olhos e...

O mestre rola um dado... encontro aleatório. Ele rola outro dado... Um urso-coruja é sorteado.

Um urso-coruja aparece e ataca vocês! Rolem iniciativa!

Não! Não! Para tudo! O que aconteceu aqui? Um urso-coruja se teletransportou para frente do grupo do nada e os atacou sem motivo algum? Tem ursos-corujas na Floresta das Sombras Vivas? O que ele estava fazendo antes de se teletransportar para atacar o grupo?

Enfim, há algo muito estranho e, porque não, errado em se conduzir encontros aleatórios dessa forma retratada acima. O sorteio de uma criatura na tabela não indica um encontro automaticamente e nem que ele seria hostil, e sim a possibilidade de encontrar a criatura em uma situação não determinada. Simplesmente colocá-la imediatamente a frente dos personagens e, automaticamente, em combate tira algumas das coisas mais importantes dos RPGs de questão. O contexto e a escolha. Ao usarmos encontros aleatórios com criaturas, devemos pensar nos seguintes pontos.

Onde a criatura está?

O ambiente em que o encontro acontece pode influenciar e muito a maneira como a qual ele se desenvolve. Imagine encontrar uma besta selvagem em uma planície verdejante, sem árvores ou obstáculos, e imagine encontrar a mesma criatura em uma floresta fechada, escura e cheia de troncos caídos e outros obstáculos. O que seria bem diferente, também de encontrá-la em uma ravina com várias reentrâncias, buracos, pedras soltas e coisas do tipo. Sempre leve em consideração como você pode enriquecer o encontro se aproveitando do ambiente no qual ele se passa e como a criatura interage com ele e o usa a seu favor. É bem provável que aquela seja o seu lar, seu domínio.

O que ela está fazendo?

O que a criatura está fazendo (ou estava) no momento em que o encontro ocorre? Ela estava dormindo e foi acordada? Estava caçando ou estava sendo caçada por um predador? Estava levando seus filhotes para um lugar seguro? Estava acasalando? Enfim, pense no que a criatura estava fazendo e como o encontro com o grupo interfere com essa atividade e sua reação a eles por causa disso. O mundo de jogo é vivo e as criaturas têm uma vida além de ficar esperando um grupo de caçadores de tesouros vir para atacá-las.

Ela sabe que os aventureiros estão ali e vice-versa?

Outro ponto importante é saber se o encontro é percebido por ambas as partes, por apenas uma ou por nenhuma delas. É bom também determinar a que distância ele ocorre, para saber se é possível evitá-lo, se escondendo ou fugindo, por exemplo. O ambiente, os hábitos, a cautela do grupo e outros fatores influenciam nesse quesito. Além disso, muitos jogos têm regras para determinar essas variáveis também (distância do encontro, surpresa, etc.).

O que ela quer?

Sabendo dessas coisas, o mestre deve pensar nos objetivos da criatura no encontro. Nem todas as criaturas que encontrarem os personagens vão querer devora-los. Algumas podem querer seu dinheiro, outras estão atrás de outros alvos, algumas vão querer apenas se distanciar do grupo ou que ele as deixe em paz. Tendo uma ideia dos objetivos da criatura encontrada, o mestre saberá conduzi-las melhor e saber se elas estão abertas a negociação, por exemplo.

Quais as possibilidades de escolha para os personagens?

Com tudo isso determinado, o mestre terá um ideia das possibilidades disponíveis aos personagens dos jogadores. Eles não têm como escapar e terão que lutar ou eles podem fugir e se esconder? As criaturas estão apenas querendo informações ou querem roubar-lhes? Enfim, o desenvolvimento desses encontros pode ir bem além do simples e superficial combate sem justa causa.

Espero que essas considerações ajudem a pensar sobre as possibilidades e escolhas que são abertas no jogo quando eles ocorrem. Afinal, é para isso que jogamos! Para outras dicas relacionadas a encontros aleatórios, clique aqui.

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