Lá estavam Aerandir, o elfo da floresta; Drarin e Klandrin, anões da Erebor, Robin, um hobbit do Condado, e Elmara, uma Dúnedain, em frente a boca daquela caverna sombria. A escuridão dentro dela era quase palpável e o grupo tratou logo de acender umas lanternas para que pudessem enxergar por onde andavam. Não queriam tropeçar nas pedras e cair nas águas do pequeno riacho que corria por ali enquanto adentravam aquele lugar.
Assim que a luz iluminou a caverna e o caminho a frente deles, eles viram que um corredor longo se esticava para dentre da escuridão. A caverna parecia de rocha natural e o chão era irregular com um fio de água que descia até o riacho na entrada. A companhia foi seguindo o caminho e procurando por sinais da criatura que passara por ali. Não demorou muito até que Elmara encontrasse pistas no local.
Em alguns pontos, pelo chão e pelas paredes de pedras, gotas de sangue podiam ser vistas. Sangue seco e já escurecido, isso até Drarin viu. Mas outros detalhes apenas a Dúnedain percebera. Atrás de algumas pedras ela achou resto de carne de elfos mastigada e cortada junto a uma faca dentada de lâmina negra, uma arma típica de goblins e orcs. Seguindo mais ao fundo da caverna, a passagem começou a tomar uma inclinação para baixo, até se abrir em um pequeno aposento largo onde o teto chegava a ter quatro metros.. Rastros indicavam a passagem de orcs por ali a quatro dias atrás. No cão, restos de fogueira e objetos espalhados. Objetos esses muito antigos e de fabricação que definitivamente não era de orcs.
Eram cálices, caixas ornamentadas, braceletes com runas e diversos outros objetos. A maioria Aerandir conseguiu afirmas que eram de fabricação dos elfos, muito antigos, de quando uma grande quantidade de Sindarins viviam naquela floresta, alguns outros provavelmente eram de ruínas do antigo Reino de Dale, o que Smaug, o dragão, destruiu. Ao examinar mais profundamente o fundo da caverna Elmara viu escondido atrás de pedras na parece sul algumas jóias élficas que brilhavam como a luz da lua. Por que será que orcs e goblins estavam guardando aqueles itens? A dúnedain tinha algumas suspeitas.
A noite já estava avançada, e o cansaço do grupo voltou a incomodá-los. A caverna os protegia do frio da floresta, mas as paredes de pedra eram tão geladas como uma prisão de gelo. Uma fogueira seria muito bem vinda, mas precisavam de um pouco de lenha e gravetos. Robin e Drarin decidiram que iriam procurar um pouco para que pudessem ter uma noite mais confortável. Por sorte o anão encontrou uma pequena colina ali perto onde encontraram muitos gravetos secos e pedaços de madeira que podia utilizar como lenha.
Foi nesse momento, enquanto coletavam lenha, que ouviram o barulho de um grupo de criaturas se aproximando, seus passos ecoando entre as pedras e folhagem pelo chão, alguns grunhiam como animais. Entre as árvores e a névoa que permeava Mirkwood, Drarin e Robin viram que aquelas criaturas eram Orcs. Ouviram elas falando enquanto se aproximavam: "Não conseguimos encontrar nada! Ele não ficará nada satisfeito...", "Temos que continuar procurando, não podemos voltar de mãos vazias". Então um deles parou, fungou um pouco se estivesse farejando algo e disse: "Cheiro de carne fresca, anões, humanos e elfos eu acho". Nesse momento o anão e o hobbit perceberam que precisariam correr dali. Robin foi o primeiro a partir, sorrateiramente até a caverna. Drarin foi atrás, mas deixou cair um pouco da lenha que carregava fazendo barulho que chamou a atenção das criaturas. "Ali, ali! Um anão! Vamos comê-lo!". E logo vieram os orcs atrás deles.
Robin foi o primeiro a chegar no interior da caverna e alertar ao resto do grupo que orcs estavam vindo. Todos levantaram, surpresos, e pegaram suas armas. Em seguida chegou Drarin, correndo ofegante, pegou seu machado e seu escudo e se preparou. Em pouco tempo ouviram o barulho dos monstros chegando, gritando, berrando e grunhindo. "Ah, a comida hoje será a melhor desde que chegamos, estava cansado de comer só elfos" o maior deles disse. Ele vestia uma armadura de placas de metal negro com espinhos e usava pinturas sobre a face e o peito. Os orcs pararam por um momento no início da caverna, mas logo vieram para cima do grupo, enpunhando machados e espadas curvadas de lâmina negra, grunhindo e gritando, loucos para provar a carne dos heróis.
O líder vinha a frente, empunhando uma grande espada dentada e um escudo de metal negro. Atrás vinham mais quatro goblins, correndo, curvados, alguns carregando machados de duas mãos, outros espadas e escudos. Atrás, três orcs arqueiros preparavam suas armas para atacar o grupo. Aerandir atirou uma flecha contra os inimigos que vinham em carga para cima deles, mas o líder conseguiu se defender com seu grande escudo. Logo o combate começou, com as criaturas atacando como selvagens e os heróis se defendendo e aproveitando os erros que aquele selvageria fazia os inimigos cometerem.
Drarin e Klandrin estavam acostumados a enfrentar esses monstros e logo derrotaram seus oponentes, indo ajudar os companheiros. Robin, fora atingido duas vezes, o goblin que o atacava estava voraz e com um fome terrível. Seu machado atingiu o hobbit e quase o fez cair. Klandrin conseguiu aparar um outro golpe contra Robin e revidar o ataque, derrubando o goblin que já fora ferido na perna pelo hobbit. Enquanto isso, Elmara lutava contra o líder dos Orcs e outro goblin. A luta estava dura, e parecia que o monstro não desistiria nunca, mesmo com os outros sendo derrotados. Os arqueiros, após trocarem disparos contra o grupo, viram que metade de suas força já tinha sido derrotada e resolveram que era hora de partir.
Enquanto Drarin, Klandrin e Elmara ficavam para terminar de lutar contra o grande orc e o goblin que ficaram, Robin e Aerandir foram atrás daqueles que fugiram. Eles começaram a correr atrás dos goblins quando viram que eles se separaram. Um fora em na direção sudoeste, outro para oeste e outro para o norte. Robin, correndo para alcançá-los com suas pernas curtas de hobbits escorregou e uma pedra coberta de gelo e caiu nas águas geladas do pequeno riacho que corria na frente da caverna. O elfo seguiu aquele que fora para oeste e o avistou correndo entre as árvores. Parou, puxou seu arco, mirou e uma flecha certeira acertou a nuca da criatura que caiu no chão com um baque. Olhando ao redor, não via mais nenhum sinal dos outros dois.
Quando voltaram para a caverna, os dois encontraram os dois anões e a dúnedain examinando os corpos daquelas criaturas. Pareciam orcs comuns, mas estavam muito distantes das regiões que normalmente habitam. Estavam no nordeste da floresta de Mirkwood, território do Reino da Floresta, do Rei Thranduil. O líder, chamou a atenção dos heróis, quando foram examiná-lo, viram que ele ainda estava respirando. Elmara perguntou o que estavam fazendo lá e o que procuravam, ele apenas respondeu "procurávamos carne fresca e encontramos vocês. Vocês em breve virarão comida de orcs". Então Drarin, pegou seu machado e deu um último golpe no peito do monstro, ele não queria conversar com aquelas criaturas das trevas. O face e o escudo daquele orc estavam pintados com símbolos antigos, que Aerandir conseguiu identificar como de feitiçaria negra, que não era igual a que os elfos praticavam, era uma magia antiga e sombria, maléfica. Foi então que as suspeitas de Elmara se intensificaram. Era hora de falar.
Ela começou, então, a contar um pouco mais de sua história. Sobre a guerra que seu povo teve a quase mil e quinhentos anos atrás como o Reino de Angmar e como eles sobreviveram defendendo as terras do leste das trevas mesmo tendo perdido os Reinos de Arnor. Contou ainda que nessa guerra, um feiticeiro de Angmar, um Númenoriano Negro, criou com ajuda do Rei Bruxo, três artefatos mágicos com feitiçaria das trevas, capazes de grande mal. Porém, no final do conflito, quando o Reino de Angmar foi destruído, esse feiticeiro fugiu com essas relíquias e mandou seus servos escondê-las. Seu povo, então, caçou os remanescentes daquele reino onde quer que eles fossem, mas jamais acharam os artefatos. A busca continuava até aqueles dias, e ela, Elmara, estava em Dale porque os dúnedain acreditavam que um dos itens estaria naquela região. Agora, com aqueles grupo de orcs tão longe de seus esconderijos procurando objetos antigos, ela achava que estava perto de descobrir algo. Queria achar o rastro daqueles que fugiram. Ela acreditava que eles podiam levá-la ao encontro de algo.
Mas naquela escuridão, com o cansaço que estavam e com Robin ferido, sair atrás deles, naquele momento, não parecia muito sensato e optaram por descansar até que o sol nascesse e tivessem recuperado um pouco de suas forças. Eles acenderam a fogueira para se manter aquecidos no frio da noite e para que Robin se secasse. O grupo fez um revesamento de vigília para que todos pudessem dormir um pouco, mas Elmara passou a noite cuidando do hobbit na tentativa que ele se recuperasse mais rápido.
O dia seguinte chegou rápido. Do fundo da caverna, podiam ver o brilho pálido do sol entre a neblina que começa a adentrar a entrada do local. O frio da manhã era um pouco aliviado pela sensação que a luz trazia para o coração do grupo. Ao saírem da caverna e se acostumarem com a claridade do lado de fora, eles viram um pássaro no alto de um galho de árvore. Ele era grande, de plumagem marrom escura e com um bico comprido. A sensação que tiveram era que ele os estava observando. Elmara não gostou nada da sensação e sacou se arco de forma ameaçadora. A ave, então, levantou voo e sumiu entre as árvores e a neblina na floresta. Talvez veriam a ave novamente no futuro, talvez não.
Procuraram, então, sinais da trilha que as criaturas deixaram. Não era uma coisa fácil de se achar, já que voltara a nevar levemente. Depois de quase uma hora, eles acharam o rastro de uma das criaturas, a que seguiu para o sul da floresta. Percorreram então o caminho que o orc tomou, cada vez mais ao sul e durante meio dia andaram quase sem parar, até que chegaram às margens do rio da floresta. Enquanto procuravam por um lugar onde pudessem atravessar o rio e procuravam sinais da passagem da criatura por ele, eles pararam para comer um pouco. A neblina parecia não se dissipar por nada, como se uma magia a mantivesse em todos os lugares. O outro lado da floresta era mais escuro e com árvores mais escuras e de aparência quase assustadora.
Um tempo depois eles encontraram sinais da passagem de alguma criatura do outro lado e uma passagem do rio em que podia pular entre as pedras para chegar ao outro lado. Já era metade da tarde quando chegaram ao outro lado do rio, na parta da floresta que o brilho pálido do sol, que em pouco tempo desapareceria atrás das montanhas do oeste, mal penetrava. A trilha que acharam continuava para o sul, cada vez mais para o interior da floresta. Depois de algum tempo não conseguiam mais enxergar sem o auxílio de tochas ou lanternas, isso os fez parar por um momento para acendê-las e continuar a busca.
Andaram por pouco mais de duas horas até que a luz da lanterna possibilitou que eles vissem a sombra de uma criatura humanoide que parecia ser um dos goblins que procuravam. Robin e Elmara falaram para que os outros esperassem, eles iriam observar o que a criatura estava fazendo e chamariam por eles se precisassem.
Os dois avançaram sorrateiramente em direção à sombra, em um silêncio quase absoluto. Passaram pela última árvore que bloqueava a visão deles e viram a criatura. Lá estava ela, um goblin de pela acinzentada, nariz comprido e presas na boca, preso em uma enorme teia grossa de aranha, inchado com o veneno paralisante daqueles aracnídeos. O hobbit a a mulher viram iriam embora dali o mais rápido que conseguissem, mas viram que caíram em uma armadilha. As teias das aranhas de Mirkwood são quase transparentes e muito difíceis de enxergar. Eles não perceberam, mas quanto mais adentraram aquela parte da floresta, mais foram se envolvendo nelas. Agora que queria embora, sentiram que algo os prendiam ali e que estavam no meio de uma grande armadilha. O que fariam agora?
Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.
Para ler a primeira parte dessa crônica clique aqui.
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