Na manhã do terceiro dia desde que chegaram ao acampamento dos Beornings ao norte da Passagem Entre as Montanhas, o grupo de aventureiros foi informado que Ingmund, o lider do pequeno grupo desses homens, e dois companheiros, iria acompanhá-los até os limites do Floresta de Mirkwood.
A jornada até o noroesta da floresta duraria três dias. Na manhã de partida o Vale do Anduin estava tão belo como na primavera, apesar do vento gelado que soprava do norte. Depois de algumas horas andando pelo vale, sobre gigantesco campo gramado, quebrado em alguns lugares por árvores, pedras e pequenas colinas, a companhia chegou até as margens do Rio Anduin. Para a sorte de todos, Ingmund os tinha levado até um ponto em que a travessia para o outro lado era muito mais fácil do que na maior parte da extensão do rio. Mas mesmo assim não seria uma tarefa tão fácil para os hobbits e anões do grupo.
Após alguns escorregões, cortes nas pedras, e depois de molhar quase todo o equipamento que carregavam, Drarin pediu para que os Beornings, que conseguiam passar pela correnteza com facilidade que amarrassem uma corda nas pedras do outro lado do rio, o que assegurou uma travessia muito mais segura para todos, apesar de ter estragado a ração dos hobbits e de Kladrin.
Chegando a noite, o céu, que estava limpo e claro, começou a ser coberto com poucas nuvens e o frio apertou sobre os corpos dos homens, anões, elfos e hobbits. Um abrigo foi improvisado em um vale escondido entre duas colinas altas e os viajantes desfrutaram de uma noite tranquila sobre o olhar das estrelas do norte.
O dia seguinte já não foi tão generoso para os aventureiros. O céu, já envolto em nuvens cinzas e anunciando um dia mais sombrio, não provia de muita luz à visão. Pássaros negros, vindo do sul, passaram por cima do grupo rumando ao norte. O frio se apertou ainda mais, fazendo com o equipamento que carregavam parecesse mais pesado. Ração foi dividida para manter todos bem preparados, mas ela não iria durar muito mais. Ao final do dia, a companhia chegou a um antigo posto de observação em ruínas que parecia muito antigo. Drarin, antes de escolher um lugar para dormir encontrou o que parecia ser restos de uma fogueira, feita a pouco mais de um mês. Parecia que alguém passara por ali a algum tempo. Talvez eles estivessem no caminho certo. Ingmund disse ao grupo que eles podiam descansar, e que ele o os outros Beornings ficariam acordados vigiando o local, eles já estavam quase fora do território que guardavam e ocasionalmente criaturas das trevas e bandidos rondavam por essa área. Como o caminho de volta para casa para os Beornings era muito mais curto do que a do resto do grupo eles acharam justo que ficassem acordados.
A madrugada, porém, guardava surpresas. Em meio ao sono, Robin Roper, um dos hobitts da companhia, ouviu a voz de Igmund ao longe, ele gritava "Goblins!". O hobbit rapidamente acordou seus companheiros para que decidissem o que fazer. As pessoas mais sensatas teriam fugido ou se escondido, mas não é de sensatez que se fazem heróis por essas terras. Os irmãos anões foram os primeiros a pegar seus machados. Aerandir, o elfo da floresta, procurou um lugar alto para que pudesso observar o que acontecia, seu olhar afiado revelando o que os olhos de um homem comum jamais veriam. Um pequeno grupo de goblins se aproximava do sul, e os Beornings iam ao seu encontro, e dois goblins viam do leste em direção ao posto de observação em ruínas que estavam. Aerandir puxou seu arco e um flecha certeira atingiu um dos goblins que subia a colina, quase o derrubando. Agora eles sabiam que havia pessoas lá, carne de pessoas. Um dos goblins gritou em sua língua macabra algo no meio da escuridão, e então se ouviu outros gritos ao longe, tão horrendos quanto o primeiro, havia mais goblins no escuro da noite.
A batalha nas ruínas começou. Enquanto os Beornings foram ao encontro de um grupo que eles achavam que era pequeno, Drarin, Kladrin, Aerandir, Robin e Grimble ficaram na colina se preparando para o ataque. Assim que os primeiros dois Orcs chegaram ao topo da colina, flechas certeiras e uma machadada devastadora os jogaram rolando pelas pedras abaixo. Mas não demorou muito para outros goblins chegarem. Drarin e Kladrin se posicionaram a frente para defender seus novos companheiros, balançando seus machados e derrubando os goblins que vinham com espadas curvas e machados dentados. Aerandir e Robin ficaram se protegendo entre os pilares em ruínas e acertando flechas nos goblins que chegavam.
Depois de alguns minutos de luta, a batalha no alto da colina estava terminada, os aventureiros tinham apenas algumas feridas superficiais, mas ao longe escutaram Ingmund gritar "Não! Criaturas das trevas!". Algo de errado estava acontecendo abaixo. Ao olharem para baixo, os heróis viram Igmund, um companheiro de pé e outro Beorning caído no chão, cercados de oito goblins. Não demorou muito para o grupo descer para ajudá-los. Os anões foram em carga para cima dos goblins que atacavam os dois homens em pé, Aerandir e Robin miravam seus arcos sobre os arqueiros goblins de trás. Igmund conseguiu derrubar mais um inimigo, mas fora acertado por outro no flanco, seu irmão de pé não teve tanta sorte, foi ferido, mas também feriu seu oponente. O grupo conseguiu derrotar as criaturas depois de uns minutos mas foram feridos também. Flechas negras perfuram armaduras, mas por sorte o veneno que elas carregavam já não estava tão forte.
Ao final da batalha, com um irmão morto, o grupo parou para recuperar o fôlego e lamentar a perda de um bravo guerreiro. Ingmund agradeceu a ajuda dos aventureiros e os cumprimentou pela bravura e heroísmo de lutar ao lado delas contra servos da escuridão. Drarin foi presenteado com a capa de pele de urso do Beorning morto como forma de agradecimento e o grupo descansou o resto da noite.
O dia seguinte começou mais cedo, os Beornings acordaram todos um pouco antes do sol nascer. Ingmund seguiria com o grupo até a borda da floresta enquanto o outro Beorning levaria o corpo do irmão abatido para um ritual apropriado. Os goblins foram queimados no topo do colina, como um aviso. A viajem foi puxada, quanto mais ao norte iam, mais inclinado ficava o terreno e mais pesadas ficavam as mochilas. No começo da tarde uma chuva rala começou a cair, como que querendo enfraquecer os espíritos dos viajantes e fazê-los voltar para casa. Quando chegaram à floresta, o céu já estava escuro e encoberto de nuvens, mas a floresta parecia conseguir ficar mais escura do que o céu negro. Ingmund não prosseguiria com eles e desejou-lhes boa sorte, voltaria para seu povo, queria saber porque aqueles goblins estavam tão longe das Montanhas das Névoas.
A companhia, então, adentrou as sombras da Floresta de Mirkwood. Estranhamente a chuva que caia conseguia passar pelas folhas das árvores, mas o pouco de luminosidade lá de fora não conseguia penetrar seus altos ramos, tochas foram acesas. O ar da floresta, ainda que totalmente parado e estranhamente pesado, parecia mais gelado que o do Vale do Anduin. O silêncio, a escuridão, e o frio fez com que os aventureiros duvidassem de seus motivos para estarem ali, e nascer a vontade de voltar para casa. Mas eles não desistiriam agora. Logo acharam a trilha élfica que cortava essa parte norte da floresta, era essa que os anões portadores da Pedra de Fogo teriam usado.
Seguiram por poucas horas até o cansaço os alcançar, para então procurarem um abrigo. Ao longe, mais adentro do emaranhado de árvores, raízes e pedras avistaram uma grande árvore-casa élfica que parecia abandonada, talvez fosse um bom lugar para descansar por uma noite, pelo menos não havia sinal de goblins por ali. Será que o abrigo é seguro? O que será que encontrarão ali dentro? A Floresta de Mirkwood esconde muitos segredos sobre a sobra de suas árvores.
Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.
Para ler a primeira parte dessa história, clique aqui.
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