terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Jeito Certo de se Jogar RPG

Hoje vou falar sobre algo que todo RPGista deveria conhecer, seja ele jogador de RPGs "Old School", RPGs mais recentes, Jogos Narrativistas, RPGs Indies, ou qualquer outro gênero. Vou falar sobre o jeito correto de se jogar RPG. Eu sei que já houve muitas postagens por aí falando sobre o que é bom em um RPG, o que é ruim, o que funciona, o que não funciona, mas sabe de uma coisa. Eles estão todos errados. Só há uma forma correta de se jogar RPG: Se divertindo!

E isso não é opinião pessoal não (como algumas pessoas escrevem como se fosse fato), isso é FATO! Não se deixem enganar por jogadores que dizem que o sistema tal é melhor porque usa tal ou tal regra, ou que quem joga sem fazer um rolamento a noite toda não está jogando direito, ou que o RPG tal é só combate e nada mais. Isso tudo é balela e egocentrismo. Não há nada nem ninguém que determine qual é a maneira certa de se jogar, o sistema perfeito, aquele que é o verdadeiro RPG, não importa o que digam.

Se você joga RPG assumindo totalmente o papel do seu personagem, falando tudo o que ele fala em primeira pessoa, gesticulando e até mesmo usando roupas que ele usaria e, o mais importante, se diverte com isso, você está jogando direito. Se você, por outro lado, não se sente a vontade para fazer isso tudo, e está mais preocupado em sobreviver a uma expedição em uma masmorra carregando a maior quantidade de tesouros possível, mas se diverte assim também, ótimo, é isso que importa. Agora, se você é maduro e inteligente o suficiente para perceber que as duas opções são igualmente válidas e até mesmo podem se misturar, melhor ainda, você é uma pessoa sábia.

Parafraseando o Leonardo Silva da galera do Saia da Masmorra: "Sério mesmo que alguém ainda acha que tem uma forma mais madura, inteligente, ou séria, de ficar em volta de uma mesa fingindo que é um duende, um vampiro ou o Batman!?". Respondendo à pergunta, pior é que existe. Tem gente que acha que a maneira de jogar RPG é aquela que eles jogam, e que quem joga diferente ainda não aprendeu como deve ser feito. Isso é o mesmo que dizer que só há uma tática para se jogar futebol, ou que só há um gênero de literatura que preste. Ou seja, não faz o menor sentido.

O pior é que eles usam exemplos de suas próprias inabilidades a se adaptar a outros jogos como justificativa para falar que jogo tal não presta porque eles não conseguem jogar e se divertir. Eles tentam induzir as pessoas ao erro, criando uma lógica absurda a partir de seus próprios gostos. Se centenas, milhares ou mesmo milhões de pessoas se divertem com aquele jogo, como é possível que ele seja tão errado assim? E o que é o certo? Quem é que definiu isso? Alguém tem diploma, mestrado ou doutorado de crítico de RPG? Acho que não né? E mesmo se houvesse, tenho certeza que alguém que estudasse um pouco sobre isso saberia que o melhor é termos diversos gêneros e opções para se jogar, diversas maneiras de interpretar personagens, diferentes sistemas com diferentes propósitos, enfim. A diversidade é de suma importância. Sem ela não há mudança, não há inovação, renovação, criatividade, só há estagnação, repetição e monotonia.

Então é isso aí, já gastei demais o meu tempo e o tempo de vocês falando sobre isso. Toda vez que vocês forem jogar, lembrem-se de se divertir e de jogar da maneira que torna o jogo divertido para vocês. E toda vez que alguém falar que o jogo tal é ruim por causa disso, ou a sua maneira de jogar é pior, inferior ou não verdadeiramente RPGística, lembre-se de que o cara é um babaca e levante o dedo do meio para ele.

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35 comentários:

  1. Pois é... acho que devíamos fazer uma camisa com a frase.
    Mas a questão é que muita gente quer levar o RPG pro divã. Como você mesmo disse, o objetivo final não é nada mais que a diversão. E pra isso, não custa muito. Às vezes eu vejo as pessoas levarem isso pra um papo tão cabeça, querendo justificar a dedicação que se tem pela arte do RPG, a magnitude do sistema A em relação ao B, menosprezar o jogador A ou B por que joga de determinada maneira, em quanto enaltece o seu modo de jogar magnífico, fruto de seus 15 anos de mestre e bla bla bla.... e quando simplesmente, o que estamos fazendo, em volta de uma mesa, enquanto imaginando cenas cinematográficas e rolamos os dados, é apenas nos divertir.

    Bom, aqui vai um ponto de vista meu... acho que quando as pessoas são limitadas na sua vida e só se divertem jogando RPG, acabam botando isso em um pedestal. E tudo que gira ao redor disso vira uma questão digna de Freud. Vamos ser um pouco mais levianos com nosso querido hobby, que sua função primordial não seja ofuscada por discussões acaloradas a troco de nada. O mandatório é se divertir....

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    1. Caraca, agora que você falou, tudo faz sentido. A maioria das pessoas que eu vejo falando esse tipo de coisa são aquelas que parecem que vivem para o hobby. Esse deve ser o único prazer a a única coisa capaz de fazer eles se sentirem superiores ou mais importante que os outros, por isso eles engrandecem e menosprezam os outros por serem diferente deles. Agora eu sinto pena deles...

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    2. Luiz F. Peres, podemos fazer uma placa com esses seus dizeres? Caraca, thumbs up!

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    3. Agora você sente pena !? rs eu já sinto há um tempão... rs

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    4. DanRamos.... fique a vontade! Sou mestre das frases chocantes de efeito devastador! rs

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  2. Pois é Diogo... mas esse tipo de afirmação que o povo faz, é igual as afirmações da crise...

    Não importa quantas vezes se argumente por a+b que não tem crise, ou que não tem um jeito certo de jogar, ou que vampiro não é melhor que dnd nem vice-versa... sempre vai ter um post/mês contrariando isso.

    E por isso eu prefiro muito mais que vc gaste energia com suas excelentes idéias do que dando papo pra esse povo. Procura depois, nos blogs deles, quantas 1d100 idéias de xxxxxx tem.

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    1. Eu sei que não adianta argumentar com essas pessoas, elas são loucas sem ter como reverter isso. Mas eu escrevo essas postagens para tentar salvar algumas poucas almas que podem ler essas coisas e ficar desacreditadas e, também, para manter minha sanidade mental e não mandar ninguém para casa do cara#@*.

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  3. Eu ia falar isso no meu blog após uma discussão inútil num facebook por ai, mas me faltaram as palavras.

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  4. Cara... discordo em gênero, número e grau. O jeito certo de jogar RPG definitivamente não é "se divertindo". Claro que esse é, sem dúvida UM jeito certo, mas acredite.... não é o único.

    E você diz que não é uma opinião pessoal. Que é fato. Eu contesto.

    E não só eu. O que prova que também não é uma opinião pessoal minha. Veja este material: http://luizfalcao.blogspot.com.br/2012/01/porque-jogamos-uma-introducao-ao-larp.html

    é um slideshow com alguns termos que definem o live-action (um tipo de rpg) nos países nórdicos. Uma das definições é "Fun" (Diversão) e em seguida vem um slide "Fun?"

    A imagem de fundo é do jogo KAPO (http://www.kapo.nu/), onde os jogadores passam 14 ou 48 horas vivendo na pele de um prisioneiro de campo de concentração. O trailer dá uma ideia do que isso significa. Há outros exemplos, muitos deles, e se você tiver interesse podemos conversar a respeito.

    É claro que ninguém entra numa experiência dessas para se divertir.

    Então por que entra?

    Minha teoria (não só minha... e não é um "fato", mas uma teoria profundamente debatida...) é que o RPG é uma linguagem autônoma. Não deve nada para a literatura, cinema, música ou artes visuais. É uma linguagem e ponto, um meio de expressão e também uma forma de arte.

    A mesma afirmação "o certo é ser divertido" poderia ser usada para o cinema, literatura.... (é muito usada para games... e isso é uma limitação dos games!) Mas então eu pediria para você me explicar o filme... por exemplo... "Ensaio sobre a Cegueira" ou o filme "Medos Privados em Lugares Públicos" ou "Caché", ou "21 Gramas", ou "Sobre Meninos e Lobos", "Jardineiro Fiel"... esses filmes não são feitos para divertir.

    É claro que muitos filmes são divertidos, provavelmente a maior parte deles, mas dizer que os filmes acima estão errados - já que não são divertidos - parece bastante estranho.

    Não tenho muitas referências de rpg de mesa, porque não acompanho tanto, mas poderia citar, por exemplo "MUSTANG", que não é exatamente divertido também, embora não seja tão radical quanto KAPO.

    A comparação com o cinema (e poderíamos fazer o mesmo com a literatura, facilmente) serve para entendermos que o RPG também pode ir mais longe. Algumas pessoas podem se sentar em torno de uma mesa com fichas de personagem e dispostos a viver uma história não necessariamente divertida.... mas edificante, reflexiva, ou simplesmente triste. Ou transformadora, como eu posso imaginar que seja passar 48 como prisioneiro de um campo de concentração. Sei lá. O que é o mustang (que a rederpg disponibilizou uma tradução)? Mustang é uma história triste sobre relações humanas - exatamente como "Medos Privados em Lugares Públicos".

    É um rpg "certo", tenho certeza. E "divertido" não é palavra que eu usaria para definí-lo. Toon, o rpg dos desenhos animados sem dúvida é um RPG mais divertido.... e nem por isso é mais certo que "MUSTANG".


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    1. Eu discordo de você. Para mim, diversão não se resume a diversão cômica. Eu me divirto com filmes sérios, dramas, tragédias, enfim. Diversão, para mim, é qualquer tipo de satisfação. Você faz aquilo para satisfazer o desejo que tem por algo.

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    2. Diversão não se resume à diversão cômica. Ok. Mas é muito difícil definir que A Fita Branca consiga se enquadrar remotamente nessa palavra.
      Talvez usar a palavra "satisfação" seja melhor. Se você joga e está satisfeito com os resultados que alcança, está jogando certo.

      Mas, entretanto, contudo, todavia...
      Há uma diferença fundamental entre A Fita Branca e Transformers. Uma diferença inegável. Se me permite o fascismo (e não me permitindo também, porque no fim das contas, dane-se) é inegável também que A Fita Branca é uma experiência estética, ética e intelectualmente muito superior à Transformers.
      Ninguém é obrigado a gostar d'A Fita Branca, ou APENAS d'A Fita Branca, mas iguala-la à Transformers e dizer que ambos tem a mesma relevância, importância, validade, etc. é ridículo.
      Neste sentido, Wraith É SUPERIOR a... Fiasco, para esquartejar algumas vacas sagradas, e qualquer um que diga "o importante é se você está conseguindo o que esperava" está sendo extremamente reducionista.
      É absolutamente impossível basear a crítica de qualquer mídia unicamente na reação da platéia. Transpondo o argumento da diversão para a literatura o argumento nos leva a dizer que Saramago e E L James tem a mesma validade e o que importa é apenas se os leitores gostaram do livro.

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    3. Eu discordo, acho a experiência de Fiasco muito mais profunda. As reflexões sobre comportamento humano que você pode retirar de Fiasco são infinitas.

      E quanto a RPG, eu sou reducionista mesmo. Para mim, o que me importa, é satisfazer o meu desejo com aquele jogo, ter a experiência que eu pretendo ter.

      Eu sinceramente sou contra a intelectulização do hobby. Quanto mais acessível e acolhedor ele for, melhor.

      Sem contar que ninguém falou em validade, importância e relevância. Porque, se for assim, que todos se curvem diante D&D, que foi o primeiro e que começou isso tudo e muito mais.

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    4. Fiasco é um jogo casual, divertido pra caramba, do qual sou mega fã.
      Ele tem inovações mecânicas (fabulosas), mas sua proposta é sim, muito leve. Ele não pretende significar mais do que é: entretenimento hollywoodiano sem pretender provocar nenhuma reflexão ou amadurecimento.
      E repetindo, ninguém é obrigado gostar das coisas complexas e profundas ou apenas delas.

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    5. Não sei não. Se você ler o Fiasco Companion você vai ver que ele pode ser um jogo bem profundo e intimo, até. Mas você pode encarar ele como simples diversão Hollywoodiana também. Por isso que eu falo que as experiências de cada um não podem ser tomadas como verdade para todos.

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  5. ah, claro.... e só pra deixar claro. Não estou dizendo que Toon é pior que MUSTANG. Não estou mesmo!!!!

    Dessa parte eu não discordo de você. Não é questão de melhor ou pior.

    E justamente por causa disso, discordo do argumento da diversão.

    PS: Toon é muito dahora... já joguei e recomendo.

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  6. Eu concordo completamente com o ponto de que quem tenta falar que existe jeito certo ou errado de se jogar *todos* os RPGs não sabe do que está falando. Mas com o restante do texto, eu não concordo.
    Já falei um pouco disso no ForjaRPG (http://www.forjarpg.net/2012/09/falando-sobre-rpg/):

    ... Outra idéia, a de que “não existe jeito certo de se jogar RPG” também não diz nada. Se você gosta de esculturas de porcos de madeira, existem técnicas específicas que produzem esculturas melhores, tipos de madeira melhores, ferramentas mais apropriadas, para este tipo de escultura. Elas não necessariamente vão ser iguais se você prefere esculturas de barro, de pedra, ou pintura em óleo de porcos, mas existe sim uma maneira mais fácil, mais correta (heresia!), de se fazer cada uma delas.

    A grande questão é que quando estou falando de RPG, seja de design, de técnicas, de teoria, eu estou falando da minha ótica: do que, dentro do meu conhecimento, é melhor para que eu consiga atingir os objetivos que tenho quando jogo RPG. Enevoar estes objetivos na frase “se divertir” é análogo a pegar um baralho de cartas, distribuir na mesa, dizer “Vamos nos divertir!” e esperar que seja lá o que aconteça depois disso seja um jogo agradável de alguma maneira.

    Mas como sempre existem as pessoas que não tem tato ou empatia com outras pessoas, que assumem que a opinião delas deve ser a correta para todo mundo. Para essas pessoas entretanto o problema não é o RPG, e sim qualquer tipo de discussão de idéias que invariavelmente vai terminar em brigas e flame wars. O grande problema é achar que devido a estes trolls anti-sociais a discussão do RPG como um todo perde o valor ou sentido.

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    1. E eu continuo a discordar de você. Não acho que tenha uma maneira mais correta de fazer estátuas também (que aliás não tem relação nenhuma com RPG). A maneira correta vai depender do que você quer alcançar.

      E sua analogia de pegar cartas e se divertir também não faz o menor sentido. Todo jogo tem suas regras, mas cada jogo tem regras diferentes uma das outras. Algumas vão preferir jogar buraco, outras vão preferir truco, só isso. Alguma vão dizer que Buraco é muito mais completo, complexo e emocionante. Outras vão falar que isso só deixa o jogo mais chato e vão preferir o truco.

      No resumo, não acho que o que você disse faça sentido. Mas cada um pensa o que quiser.

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    2. O que ele quis dizer Diogo, é que é muito melhor vc retirar um parafuso com uma chave de fenda do que com uma faca de cozinha... A ferramenta que vc utiliza para chegar ao seu objetivo seja qual for, vai facilitar ou dificultar essa tarefa...

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  7. Concordo com Diogo, tanto que lá no Falando de RPG escrevi um post sobre o mesmo assunto; minha opinião é que a diversão em um jogo é nada mais nada menos a satisfação que ele oferece, não interessa se é dramático ou tenso, se satisfaz ele é divertido, entretendo de alguma forma.
    Como falei no meu post, o que vai definir o jeito "certo" de jogar é o sentimento que a história vai trazer, o conforto e o prazer que ela incita em seus contadores

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  8. Esse discurso genérico sobre diversão é perigosíssimo. É praticamente um exercício de novilíngua.

    Não dá para colocar uma infinidade de coisas, de experiências, sob o guarda chuva de uma palavra só, sob o risco de empobrecer a linguagem e, em decorrência disso, a compreensão daquilo com o que lidamos.

    Existe um motivo que levou peter carlson (e todos os teóricos do rpg escandinavo) e diferenciarem KAPO de um jogo divertido... ignorar esse motivo apenas para defender sua argumentação e virar as costas para esse ele.

    A intenção é o que? É promover a diversidade? Então eu digo: é possível entender a diversidade. A através de seu entendimento, promovê-la de verdade, e não apenas discursivamente.

    o dicionário priberam define diversão:
    diversão
    (latim tardio diversio, -onis)
    s. f.
    1. Acto ou efeito de divertir ou de se divertir.
    2. Mudança de direcção. = DESVIO
    3. Distracção.
    4. Divertimento; recreio.
    5. [Militar] Manobra falsa para desviar a atenção do inimigo do ponto que se quer atacar.

    e entretenimento:
    entretenimento
    s. m.
    1. Acto de entreter.
    2. Coisa que entretém.
    3. Brincadeira.
    4. Distracção.
    5. Divertimento.
    6. Entretimento.

    Para mim, ambas as definições estão MUITO LONGE de definir porque alguém procura as obras (filmes ou rpgs) que mencionei.

    Da mesma forma essa história de "minha opinião", "cada um tem a sua" é totalmente contraproducente. Opinião cada um vai ter a sua mesmo, mas o que nos interessa: ficar expondo nossas opiniões ou debater um tipo de conhecimento? Opinião é doxa (que nem C*, cada um tem a sua), interessa até certo ponto só.

    É possível edificar um conhecimento em torno do rpg. E nem o caminho da opinião, nem o do "divertimento" andam colaborando muito para isso....

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  9. ninguém diz "cara, hoje é sexta-feira e eu vou me divertir! acho que vou dar um pulinho num campo de concentração pra ser tratado como um lixo"

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  10. Ok, então complementando o que disse no FB, diversão e entretenimento sejam palavras que resumem demais, diminuem a experiência.
    Digo pois o que mais busco em qualquer uma destas linguagens, cinema, literatura, RPG, etc... é essa experiência catártica ou repulsiva ou esteticamente agressiva que um Ensaio, ou Irreversível me causa. Sempre vou buscar isso no RPG, mas não vou deixar essa minha vontade atrapalhar o divertimento da minha galera (praticamente ninguém vai querer jogar um Gang Rape...).
    Portanto essa é minha busca pessoal. Tenho consciência dela, mas não a trago a tona todo jogo. Não sei, talvez porque por falta de outra palavra "eu me divirto"com isso. Pois essas experiências me fazem pensar, ponderar, aprender... me transformam. É palpável pra mim.

    Eu jogaria Kapo na hora, sem pensar. É o tipo de experiência que busco. Não sei se é pra me "divertir", mas... =]

    Enfim, talvez não haja essa palavra adequada. Talvez o que o Diogo queria dizer, é que o jeito certo é o jeito que você e sua turma quiserem. Sem o mérito de colocar, feliz, triste, divertido etc...


    Outra: Concordo plenamente com o conceito de que RPG é uma forma de linguagem, um campo completo em si mesmo. Justamente por isso, e por ser tão recém-nascido, ainda estejamos engatinhando pra aprofundar a sua discussão. E por isso precisamos continuar essas, que são tão boas!
    =D

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    1. É isso mesmo. Acho que o que eu quis dizer é que não há maneira correta de se jogar, ou um sistema melhor que o outro. O importante é que você consiga ter a experiência que deseja com o seu jogo. Seja ela feliz, triste, angustiante ou qualquer coisa.

      Mas eu realmente não sei se isso é uma linguagem ou não. Aliás, eu tenho minhas dúvida sobre o que é RPG ou não. Já que RPG pressupõe um jogo, e tem muito LARP que não tem elementos de jogos. Seriam eles RPGs também? Eu não sei.

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  11. o jogo Europa (http://weltschmerz.laiv.org/europa/) por exemplo, deixa muito claro essa distinção:

    "Europa is not a larp where you can expect to be entertained."

    pra citar outro exemplo. vale a pena conhecê-lo mais a fundo...

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    1. Pois bem, Luiz. Falando então sobre esses LARPs que você está citando. Eles são RPG?

      Aonde entra o GAME do RPG nessa história?

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  12. O "Jogo" é peça imprescidivel pra definição, seja par ou impar, a divisão de alguem pra decidir o quê, ou qualquer outro elemento. O lance é que aí entra justamente a discussão do papel do game design (er), onde ele cria o contexto pra bater de frente aos participantes, e deste encontro, da interação dos particpantes com "o jogo", significados emerjam. Desta forma, ele se torna sim um campo de produção cultural, com uma linguagem prória. O jogo é o "Meio", assim como o filme, o livro, a música os são. Eles tem uma autoria, alguém os concebeu. Quando alguém, vê, lê, escuta, significados emergem dessa interação, alguns pretendidos pelo autor, outros não.

    Esse "outros não" é importante, e pro RPG vem muito dessa discussão deste post. A qualidade do jogo vem muito dessa capacidade, de sua premissa (e promessa) se concretizar na mesa.

    O "Jogo" é só o meio, a ferramenta, não define a experiência, mas na qual o RPG não existe sem ela.

    E qual o problama, ainda mais no mundo de hoje e na discussão contemporânea, de uma forma de jogo ser matéria prima pra produção cultural estética social filósifica, ou que quer que seja?

    =D

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    1. Mas é fato que alguns jogos dão mais importância para a questão do jogo em si do que outros.

      E não há problema nenhum em se produzir cultura com RPG. Aliás, RPG já é uma produção cultural, eu acho.

      Mas por exemplo, no caso do Europa citado, não tenho certeza se o aspecto do jogo é levado em conta.

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    2. Gente...
      A denominação RPG surgiu depois de meses buscando a melhor definição a este evento? Surgiu como uma camisa de força? surgiu a partir de uma análise abrangente de tudo que foi produzido nesta linguagem?
      NÃO
      Surgiu porque criaram um novo jogo e precisavam dar um nome a ele. Não gosto de encarar o termo "roleplayning game" como uma camisa de força, assim como o termo "story games".
      É tudo RPG, ponto final, e o nome significa praticamente nada.

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  13. No Larp, mesmo que existam apenas "regras de comportamento", etc, elas ainda estão lá, fazendo mesmo que da forma mais subjetiva possível, ainda ter "o jogo" incorporado nas entranhas... =]

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  14. Parabéns pelo texto.
    Ótimo para esta semana onde alguns discutem sobre tíbia e d&d...

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  15. Como eu havia falado... acho que estão levando o RPG para o Divã. E se esse for o caso, tire o RPG de lá, e deite-se você mesmo, pois certamente não estamos mais falando do hobby lúdico que encanta a tantos, estamos falando de um disturbio de comportamento e psique, que está tendo como válvula de escape o RPG. #prontofalei.

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  16. Jogo e "mecânicas de jogo" são diferentes. Jogo é um tipo de contrato social, com regras específicas e livremente consentidas.... calma aí...

    "Enumeramos mais uma vez as características que consideramos próprias do jogo. É uma atividade que se processa dentro de certos limites temporais e espaciais, segundo uma determinada ordem e um dado número de regras livremente aceitas, e fora da esfera da necessidade ou da utilidade material. O ambiente em que ele se desenrola é de arrebatamento e entusiasmo, e torna-se sagrado ou festivo de acordo com a cirscunstânica. A ação é acompanhada por um sentimento de exaltação e tensão, e seguido por um estado de alegria e de distinção"
    - Johan Huizinga, no livro Homo Ludens (p147, ed perspectiva)

    bom... isso é o jogo. (pro Huizinga, mas acho que serve bem para nós também).

    Então esses larps são tão "games" quanto d&d.

    Tem outra distinção importante aqui, para nosso tema do "correto" e para os temas que se desenvolveram a partir dele... Jogo de rpg é o que acontece na mesa de jogo. Um livro, sistema, etc... que o Eduardo está chamando aqui de jogo.... não é o jogo propriamente: ele é o tal conjunto de regras. Poderíamos chamá-lo de sistema (ou cenário, como convier) de jogo. O jogo, o rpg, só acontece quando está sendo jogado. (falei mais sobre isso lá no face)

    Mesmo que o Eduardo Caetano seja o designer de Violentina, existe um game designer final: o mestre. Ou melhor, o mestre e os jogadores. O RPG e LARP (o larp mais, na maior parte dos casos, mas existem exceções dos dois lados) são linguagens participativas. Isso é importante.

    Se num video-game o game-designer e a equipe as possibilidade técinas definem o que o jogador pode ou não fazer, no rpg e no larp essas decisões são tomadas coletivamente. Se o jogador de video-game quer derrubar uma parede, mas isso não está programado no jogo: não será possível. No rpg, se o mestre e os jogadores acharem possível e útil para a história, poderá. Mesmo que não estvesse na aventura. Isso é o que difere a participatividade do RPG da interatividade do Video-Game.

    Desse modo, faz sentido eu dizer que assassin creed é um jogo. Que eu compro o jogo. Porque as possibilidades de jogo estão todas descritas ali naquele dvd/blue-ray do jogo. No software. Não dá para dizer que violentna é um jogo (dá.. claro que dá... enfm... vocês me entenderam). Que violentna é um jogo no mesmo sentido. Ele é um sistema para jogos. Essa é uma diferença FUNDAMENTAL entre vdeo-game e rpg que precisa ser entendida também.

    Mas acho que já tem menos a ver com nossa conversa esse ponto.

    Voltando ao lance do KAPO, EUROPA e rpgs não-divertidos... o quanto o sistema de regras se parece com um sistema de rpg, ou com o game-design de um video game, não tornam o jogo MAIS ou MENOS jogo. Mais ou menos correto. Esses jogos são sim RPGs e jogá-los é tão correto e tão RPG quanto jogar D&D ou Vampire ou Violetina.

    Lá no facebook eu também falei sobre FUIÇÃO. Fruição é uma palavra central aqui... Eduardo Caetano, você não se diverte vendo/lendo Ensaio sobre a cegueira ou Irreversível (se sim, vou chamar um psiquiatra!)... mas você frui. Disso não há dúvida.

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  17. Sim sim! Fruição (que tanto uso na arquitetura...) é a palavra que eu estava procurando.

    E eu concordo contigo. Violentina, Vampire, D&D são os meios para se jogar, mas não o jogo em si. Acho importante ter isso em mente quando tratamos do game designer. Ele é responsável por criar algo, pra que no encontro com os participantes (jogadores) o RPG realmente aconteça. Ele não cria o RPG, mas o meio pra ele acontecer, cert?

    =]

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  18. certíssimo!

    e não todo o meio. a responsabilidade maior ainda está na mesa de jogo (claro).

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