sábado, 7 de abril de 2012

Ressurreição em Jogo - Como é na sua mesa?

Aproveitando o feriado, que tal falarmos um pouco sobre a ressurreição nos nossos jogos? Morte, como já foi falado por aqui, é uma tema importante nas aventuras de RPG. Afinal, sem o risco dela, não há, realmente, nenhuma aventura. Mas e quanto a ressurreição de personagens? O quanto ela é necessária? O quão acessível ela deve ser? Qual o custo, monetário e não monetário de tal ato? Quais são sua consequências para o mundo?

Todas essas são perguntas importantes a serem pensadas, se não respondidas. Muitos jogos, principalmente os de fantasia, apresentam diversas maneiras de se trazer um personagem de volta do mundo dos mortos. Entretanto, a banalização desse artifício pode trazer consequências desastrosas para um bom jogo, como fazer com que os jogadores não tenham medo de que seus personagens morram, fazer com que eles não se preocupem muito com as decisões que tomam, já que poderão ser revividos se algo der errado e, o pior, faz com que os combates percam sua importância e se tornem cada vez menos dramáticos.

Uma solução bem simples seria simplesmente não permitir qualquer forma de ressurreição em suas campanhas. Embora isso elimine esses problemas ela com certeza criará outros. Isso sem falar que em certos cenários e jogos, magias de ressurreição fazem parte do cânone e com certeza farão falta no jogo. Então, a solução que eu procuro é algo no meio termo, que torne a morte uma preocupação de todo aventureiro, mas sem excluir a possibilidade de uma rara ressurreição para aqueles poucos que terão essa possibilidade.

Assim, pensando nas perguntas que fiz a mim mesmo no primeiro parágrafo, qual é a função da ressurreição e quão necessária ela é? Essas respostas devem ser pensadas por cada grupo. No meu caso, nas minhas mesas de fantasia, acho que a volta a vida serve como uma segunda chance para aqueles que não cumpriram com seu destino e fizeram por merecer essa nova tentativa. Ou seja, não é algo acessível a qualquer um. Deve ser algo que apenas aqueles merecedores (isso dependendo de diversas óticas) teriam acesso. E, mesmo assim, apenas aqueles que ainda teriam um papel a cumprir no mundo voltariam. Ou seja, a ressurreição é necessária para se ter esperança de que nem tudo está perdido.

Mas o acesso a esse poder não seria algo fácil. Magiais e rituais capazes de trazer uma pessoa de volta a vida não deve ser algo comum (pelas razões ditas acima) e, por consequência, poucas pessoas seriam capaz de realizá-las. Talvez essas magias precisem também de ingredientes importantes ou só possam ser realizadas em lugares específicos, fazendo com que a busca por essas magias se torne uma aventura por si só.

Além disso, voltar do mundo dos mortos não custaria barato. Além de ser necessário focus e ingredientes caros que precisam ser usados e gastos durante a realização do ritual, cruzar a fronteira entre esses mundos é custosa tanto física como espiritualmente, tanto para quem volta, quanto para quem trás essas pessoas de volta a vida. Isso pode resultar em penalidades (permanentes ou provisórias) em atributos, habilidades ou mesmo aumentar o nível de corrupção pelas sombras dessas pessoas. Isso, além de limitar o acesso a esse tipo de magia, reforça a importância e a gravidade da morte, algo que não queria perder.

E quanto às consequências para o mundo? Se os heróis podem voltar a vida, os vilões também podem e, talvez, no caminho de volta, eles conheçam e tragam alguns aliados do outro mundo. Mas, levando um pouco adiante, e se pensarmos em alguma consequência um pouco mais nefasta que esse tipo de magia possa trazer? Já imaginou se a cada pessoa que voltasse do mundo dos mortos outra tivesse que tomar seu lugar? Como será que nosso heróis veriam a utilização dessa magia? Como um mal necessário? Como um artifício maligno? Seria extremamente improvável que a pessoa que tivesse que morrer para eles trazerem seu companheiro de volta fosse conhecida deles, mas mesmo assim isso imporia uma escolha moral muito interessante para o jogo. E, melhor ainda, pode ser que algum dia, a magia tome a vida de alguém importante para trazer um aventureiro de volta. Como, então, eles lidariam com aquilo?

Enfim, esses são só alguns pensamentos e ideias que foram despertas graças a esse feriado que se aproxima. As vezes é bom pensarmos nesses detalhes de nosso jogo e discutir ideias com outros jogadores. E você? Como lida com a morte e a ressurreição nas suas mesas?

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13 comentários:

  1. Não banalizo a ressurreição e durante meus jogos só aconteceu uma vez.

    E ao voltar, o personagem que havia sido posto numa fonte de sangue, teve que fazer um pacto nada justo com seus "benfeitores", se submetendo a servi-los quando fosse chamado.

    (É, a ressurrreição não aconteceu com clérigos bonzinhos que usam roupa branca, rs)

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    1. Interessante Natalia, e o que o personagem teve que fazer para pagar essa dívida?

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    2. Eventualmente era convocado pelos magos para trabalhos "sujos", rs. Ainda deu gancho.

      A fonte de sangue que o corpo dele foi imerso também continha sangue de inúmeros seres humanos, mas para aqueles personagens, este detalhe não fez a menor diferença ;)

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  2. Não acho que deva-se banalizar ou burocratizar a ressurreição.

    O Ritual/Magia feita no geral não funcionará e consumirá os materiais caros, mesmo que o ritual falhe . Imaginem o pessoal tentando ressuscitar o rei que foi assassinado e o ritual/magia falha, pois existe os mistérios além túmulo.
    Já no caso de vilões, somente se o mestre achar importante para a campanha a ressurreição do dito cujo, fora isso considera-se que o ritual falha em todas as tentativas de ressuscita-ló seja por seus lacaios ou não.
    No caso dos personagens dos jogadores não deverá haver burocratização em ressurreição, se o jogador quiser continuar com o seu personagem por que eu teria que sacanea-ló?
    Tendo os materiais e um executor do ritual, não vejo problema algum em deixar rolar a ressurreição, porém o personagem deverá retornar com alguma penalidade temporária; lembrando que um ritual de ressurreição não poderá ser feito em combate e deverá durá no mínimo 8 horas de execução, ou seja, se um personagem do jogador morre numa dungeon, o tempo de execução do ritual criará uma problemática, talvez esse personagem fique fora da aventura até que o grupo tenha condição de ressuscita-ló.

    Eu acho muita sacanagem, um jogador que faz um personagem e o mestre nega-lhe ressurreição ou ficar inventando encheção de linguiça, tipo: missão para obter componentes de ressurreição ou grupos obscuros e pactos sinistros em troca de ressurreição. Isso soa-me como falta de criatividade, é como se o mestre não tivesse uma aventura decente criada e teria que ficar parando a aventura para perder tempo nessas burocracias que citei.

    A ressurreição deve existir, mas as pessoas do mundo devem saber que ela falha em porcetagem alta (quase 100% para NÃO-aventureiros E SOMENTE NPC chave pode ser ressuscitado CASO o mestre o considere RELEVANTE para aventura/campanha/mundo), por isso é raríssimo que pessoas comuns solicitem rituais de ressurreição, mesmo que sejam pessoas ricas ou poderosas (rei/rainha, etc...).

    A ressurreição é um privilegio dos aventureiros e isso os separa do "gado" do mundo, por isso eles são fodas e especiais, os deuses os favorecem, pois gostam de vê o circo pegando fogo, e os aventureiros são o centro do espetáculo SEMPRE.

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    1. Bem Regis, essa é uma opinião sua. Cada cenário, grupo e sistema encara ressurreição de uma maneira diferente. Se você está feliz com a maneira que usa ressurreição no seu jogo, ótimo, mas isso não significa que seja a única maneira certa de usá-la.

      Sem dúvida os personagens dos jogadores são o centro daquela história, mas nem sempre são o centro do mundo.

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  3. Ótimo post DIogo! A sua ideia sobre a substituição de vidas foi bem criativa e interessante, uma grande forma de deixar as coisas mais apimentadas, com toda certeza eu a usarei!

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    1. Valeu Alvaro! É sempre interessante botar umas mudanças nas coisas né? Deixar sempre os jogadores na ponta da cadeira, sem saber o que esperar! :)

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  4. Eu fico pensando que quase todos os cenários de fantasia medieval tem um deus que é responsavel pela morte das pessoas, um deus ceifador que carrega as almas para algum lugar, é meio que um padrão.
    Ressucitar alguem não seria desafiar esse deus?
    Acho que alem desses dos componentes, também tem que ser acrescentado algo a mais. O realizador do ritual precisaria ser alguem de extremo poder, um sumo sacerdote talvez ou alguem que tenha contato com algum deus. Nem precisa comentar que a pessoa só ressucitaria alguem tendo interesse ou considerando o PC ou NPC uma parte vital do mundo ou recentes acontecimentos. Não acho que alguem convenceria o Elmister, por exemplo, de bater um papo com Mystra pra ressucitar um pobre coitado qualquer.
    E tem o fato também de que é legal quando um personagem morre de forma importante, salvando alguem ou defendendo o grupo e se ele volta da a vida torna o feito meio vazio. Acho que se o jogador vê isso, acaba rolando outro personagem tranquilamente huahuahua.

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    1. Sem dúvida, Alexandre. Essa ideia sobre desafiar o Deus da Morte é muito legal!

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  5. Em momento algum disse que o meu jeito é o certo, expressei uma opinião ( ler e interpretar é uma arte perdida).

    Mestre que fica fazendo encheção de linguiça em termos de ressurreição em SISTEMAS D&D LIKE, está mesmo é querendo sacanear o jogador ou pousar de ditador ou se acha o rei da criatividade e que tá agradando todo mundo.
    No final veja se os jogadores que foram prejudicados por causa de burocracias ficaram felizes. Deixou de ser diversão para virar amolação. E isso que cria ressentimentos e remorsos entre os jogadores ( o mestre acaba sendo o culpado no geral), e depois o mestre não deve "chorar" quando o jogador pula fora da mesa dele e ele fica taxado como mau mestre.
    Jogador nenhum gosta de vê seu personagem morto, mesmo sabendo que pode ressuscita-ló fácil, logo, a morte do personagem tem algum impacto sempre (afeta o humor do jogador, emocionalmente).

    Numa aventura de 4E que mestrei a Senhora da Guerra do grupo morreu numa dungeon para ratos o grupo teve que viajar 16 dias floresta adentro para poder ressuscita-lá ( ela tava sob efeito de preservação de corpo). A jogadora achou a morte dela super justa, pois o grupo agiu estrategicamente errado e ela pagou o pato; mesmo sabendo que seria ressuscitada a jogadora sentiu o baque (questão de orgulho e ego ferido, morrer é perder, e jogador não gosta de perder).

    No RPG a coisa mais importante é : CONHEÇA O SEU PÚBLICO e isso vem antes da diversão, porque se você não conhece o seu público ou o que oferecer a ele para que se divirta, com certeza poderá ter tudo, menos diversão.

    Que fique claro, é uma opinião e não o jeito certo de forma generalizada.

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    1. Pois é, acho que você deve tentar interpretar um pouco o que você escreve. Você diz categoricamente que o mestre que impõe mais restrições nas magias de ressurreição está querendo sacanear os jogadores, como se isso fosse uma verdade absoluta.

      Nem todo cenário de jogos estilo D&D possuem ressurreição e nem por isso as pessoas gostam menos de jogar neles ou se sentem prejudicadas por isso. Isso pode fazer com que elas valorizem mais a vida do personagem delas e pensem antes de agir ao invés de fazer qualquer coisa sabendo que podem ser revividas depois. Mas isso é o estilo de jogo de cada um, é óbvio.

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  6. Kra q post mais legal :-)
    Perguntar a galera oq acham da ressureição.

    Na minha mesa tenho orgulho de dizer q após anos de jogo
    Ninguém nunca ressucitou.
    Ahahaha

    Embora eu não nege a liberdade para tal.
    Pra mim é simples,
    Ressucitar é magia de nono circulo,
    Sem magia, fazer side-quest

    Meus jogadores estão longe de me considerar um mau mestre
    Muito pelo contrário, aposto que me colocassem ao lado de Cook eles me escolheriam.

    Olhe q eu soh permito distribuir 75 pontos nos atributos,
    Jah matei um grupo nivel 6 com monstro ND 19
    E fiz outras muitas travessuras :-)

    Pq meu grupo gosta de mim,
    E muito provavelmente o grupo de Natalia deve gostar dela?
    Pq os valores do rpg mudaram ao longo do tempo

    Nas primeiras edições o jogo era voltado para exploração de dungeons
    Morrer era constante e nesses módulos a ressurreição leviana era mais q plausível

    ADnD trouxe um jogo mais voltado a mundos e interpretação,
    Daí surgiram muitas house-rules q limitam ressurreição.

    As outras edicões são mais baseadas em combate tático,
    Mais bem mais fáceis de se sobreviver q a primeira.
    Por isso surge o questionamento sobre a ressurreição.

    Mas ainda existe muitos jogadores q apreciam
    Essa encheção de linguiça, :-)
    Ter q procurar uma banheira cheia de sangue
    Ou uma montanha, que quando as 3 luas se alinham pode conceder a vida.
    Na minha opinião, isso é criatividade.

    Mas aih q tah, depende do público.

    Agora taih uma discursão legal, q eu vou colocar no meu blog.
    É o q torna um mestre ruim ou não.

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    1. Opa, Valeu Jacome!

      Pois é, tem jogador que gosta de desafio, que gosta de saber que tem que proteger seu personagem porque se morrer não é fácil voltar.

      Sobre o que torna um mestre bom ou ruim? Acho que é a capacidade de deixar seu jogadores se divertirem ou não. Se todo mundo estiver se divertindo, não importa o sistema que ele mestre, a ambientação, as restrições, não importa nada.

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