segunda-feira, 16 de março de 2015

Fugindo do familiar...

Os jogos de RPG existem a mais de 40 anos agora. Desde a primeira publicação do Dungeons & Dragons até o lançamento do último livro da edição atual, os jogos de RPG exploraram, sem sombra de dúvidas, os mais variados temas, gêneros e mundos. Cenários conhecidos e de franquias são adaptados a todo momento para as mesas de jogo e os próprios cenários de RPG passam a se tornar tão icônicos que tomam vida em nossas mentes.

Isso tem suas vantagens e desvantagens, claro. A vantagem é que temos um universo coletivo sobre o qual podemos nos comunicar e nos identificar. Falamos a mesma língua e entendemos o que o outro quer dizer quando ele menciona um orc, uma espada vorpal e coisas do tipo. Por outro lado, essa familiaridade tira um pouco do mistério, do desconhecido. Apesar de ser legal encontrarmos esses elementos familiares que nos fazem nos sentir como parte do mundo fictício no qual jogamos, isso torna esses encontros pouco interessantes e não refletem a emoção que teria na realidade. Mesmo que nossos aventureiros nunca tenham encontrado um beholder ou saibam como eles realmente agem, os jogadores o conhecem e sabem como lidar com eles. Mesmo que optem por não agir com esse conhecimento, o mistério e a emoção não são as mesmas. Por isso, é recomendável que a gente fuja do familiar. Há algumas formas de se fazer isso ainda mantendo uma certa identidade com o conhecimento adquirido dos jogadores.

Mostre a interação do conhecido como desconhecido: Uma boa tática para cativar os jogadores com aquilo que eles conhecem mas ao mesmo tempo deixá-los com aquela sensação de desconhecido é mostrar algo conhecido por eles sobre impacto de algo que desconhecem. Talvez o grupo encontre um NPC ou monstro conhecido morto por marcas de criaturas não conhecidas, ou mesmo esta criatura venha procurar o grupo para lidar com uma ameaça estranha e nova.

Crie o novo a partir do antigo: O novo monstro, local ou NPC pode ser baseado no conhecido mas com elementos novos que o tornam diferente e misterioso apesar de levemente familiar. Uma tribo de orcs que tem sua fisionomia e habilidades alteradas graças a um pacto que seu xamã fez com os Sete Demônios do Ódio podem trazer, ao mesmo tempo, uma noção de familiaridade aos jogadores e um sentimento de mistério, medo e tensão.

As aparências enganam: Uma outra forma de surpreender seus jogadores sem eles saberem exatamente o que lhes atingiu é fazer o novo parecer com o antigo mas trazer coisas totalmente novas. Talvez uma criatura que pareça um beholder mas que na ponta de seus tentáculos estejam bocas que cuspam óleos e ácidos com vários efeitos ou algo do tipo. A ideia é dar aquela sensação de segurança aos jogadores e depois retirá-la rapidamente quando descobrirem que a criatura não é nada daquilo que pensavam ser, mas algo muito pior.

Existem, com certeza, diversas maneira de se evitar o familiar e a grande maioria deles depende unicamente de nós mesmos, dos mestres de jogo e de suas criatividades. Livros, quadrinhos, filmes, séries e desenhos com certeza ajudam a dar um quebrada no lugar comum, pois são ótimas fontes de informação e referências para se criar e evitar o lugar comum. No entanto, alguns jogos tomam isso como o padrão e tentam deixar o familiar para trás, sempre trazendo o misterioso e o estranho novamente para as mesas, como a primeira vez que jogamos Dungeons & Dragons a dezenas de anos atrás. Um deles é o Dungeon Crawl Classics RPG, onde raramente você encontrará um inimigo familiar ou um monstro conhecido como nos lembramos dele. Toda aventura e toda história tem sempre uma visão nova, uma criatura estranha que deixa os jogadores com o pé atrás.

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