segunda-feira, 14 de abril de 2014

Resenha - Hobbit Tales - Card Game narrativo na Terra-Média

-Vamos, Fasto, conte logo aquela história sobre o viajante e troll faminto das montanhas!
-Calma, amigo. Eu preciso de umas cervejas e alguns anéis de fumaça para me lembrar dessa. Além disso, havia muito mais coisas nessa história além de um simples viajante e um troll!
-Claro, só porque você inventa coisas diferentes cada vez que você conta, as únicas constantes são o viajante e o troll.
-Pode ser, mas a história sempre fica divertida. É ou não é?

Hobbit Tales é um jogo de cartas narrativo em que os jogadores são hobbits sentados em uma mesa da Estalagem do Dragão Verde (Green Dragon Inn) contando histórias fantasiosas entre rodadas de cerveja e anéis de fumaça da melhor erva do Condado. Ele é produzido pela Cubicle 7, a mesma que produz o RPG The One Ring, e criado por Francesco Nepitello e Marco Maggi (que também trabalham na linha do The One Ring RPG). Além de um card game narrativo, o jogo traz mecânicas que podem integra-lo ao RPG da Terra-Média da mesma editora.

Este é um jogo para 2 a 5 jogadores que se revezam no papel de Narradores e Jogadores de Perigos, a fim de contar 1 história cada um até o final da partida (que demora, em média, 1 hora apenas). Na caixa do mesmo vem 1 pequeno tabuleiro para colocar as cartas na ordem da história, 75 cartas de aventura (adventure cards), 40 cartas de perigo (hazard cards), 5 apoios de copo (mas que são usados no jogo, então não apoie copos neles), 30 tokens de pontos e um dado de 12 faces (feat die do The One Ring).

A essência do jogo é a seguinte: a cada rodada, um jogador é o Narrador e fica com 4 cartas de aventura na sua mão para contar uma história baseado nelas. Para começar, ele saca mais 2 cartas do baralho de cartas de aventura e escolhe uma para ser o começo da história, e outra para ser o epílogo da mesma, colocando a primeira no tabuleiro virado pra cima e a última do lado do espaço da última carta, virada para baixo. Ele vai baixando as cartas de sua mão para continuar a história e os outros jogadores podem tentar interromper a narrativa ou atrapalha-la jogando cartas de perigo e falando "ah, foi aí, então, que a patrulha de goblins atacou vocês né?". Se bem sucedidos, a carta do narrador é retirada do tabuleiro mas ele pode continuar a narrar incorporando o perigo na história.

Se, por acaso, o narrador ficar sem cartas na mão por causa dos perigos inseridos pelos outros jogadores, ele pode "improvisar", ou seja, pegar uma carta do topo do baralho das cartas de aventura e colocar imediatamente no tabuleiro, inventando a história a partir dela. Ele pode continuar a fazer isso enquanto não for interrompido por perigos até o último espaço, quando terminaria a história e revelaria o epílogo de forma satisfatória. No entanto, se os perigos interromperem a história de forma bem sucedida antes do narrador atingir a última carta do tabuleiro, sua história termina mais cedo e ele deve inserir o epílogo de uma forma negativa ou trágica.

O jogo trabalha com regras para definir se os perigos podem ou não afetar a história, baseadas em combinação de símbolos das cartas e uma jogada de dados pra ver se as ameaças surtem efeito ou não na história (afinal, ainda é um jogo). Os pontos são marcados dependendo de quantas cartas o narrador conseguiu colocar no tabuleiro, quantos perigos os jogadores conseguiram colocar com sucesso na história e quem "paga" mais cerveja para os amigos. A cada pontuação, um token é pego aleatoriamente pelo jogador (esses tokens valem 1 a 3 pontos) e ele pode escolher guardar-lo debaixo do descanso de copo, ou acima dele, representando rodadas de cerveja.

Os pontos debaixo do descanso representa a pontuação básica do jogador. Os pontos do lado de cima são comparados entre os totais e aquele que tiver gasto mais pontos comprando cerveja ganha 4 pontos extras (o que, pra mim, não faz muito sentido, pois só valeria a pena gastar no máximo 3 pontos então). Só que tem um probleminha nesse tipo de pontuação.

Com um jogo com 4 ou 5 pessoas, os tokens que vem na caixa acabam antes do final da partida. E aí você faz como para controlar a pontuação das pessoas? Contando que cada narrador, pelo menos, consiga 4 tokens por rodada (já são 20 se forem 5 jogadores), e por rodada saiam 3 tokens para jogadores de perigo, já são 32 tokens, dois a mais dos 2 que vem na caixa. Isso sem contar narrador que fechar a história com 5 cartas, rolamentos de olho de Runas de Gandalf que dão tokens extras ao narrador e outras coisas. Mas, sinceramente, isso foi o de menos para mim, pois o mais divertido do jogo é ver as narrativas se formando e se transformando no jogo.

No final, esse é um jogo muito divertido, rápido e que estimula bem a criatividade das pessoas. Joga-lo tomando umas cervejinhas deve torna-lo ainda mais divertido. Para completar, ele ainda vem com regras para gerar episódios de perigos nas jornadas do The One Ring e ainda sugere outros tipos de usos para as cartas que são lindamente ilustradas. Se não fosse pela quantidade insuficientes de tokens, daria nota máxima para esse jogo, mas ainda assim acho que ele vale a pena o investimento. Quem gostou do The One Ring não pode perder. Ele está a venda no site da Cubicle 7 por apenas US$ 29,99 e na Amazon.com por US$ 23,89.

Quem quiser ver uma rodada do jogo em ação e souber um pouco de inglês, o pessoal da Cubicle 7 preparou esse vídeo que é bem ilustrativo da partida.



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