quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sim, eu não curti o segundo filme da trilogia do Hobbit, e daí?

Não vou dizer que o filme é uma bosta, uma heresia ou coisa do tipo. Esse não é o caso. O filme é legalzinho, divertido, mas não passa disso. O segundo filme transformou uma história mágica, de fantasia, que mostra a evolução de um pequeno Hobbit em um aventureiro, mostrando o quanto sua esperteza e sagacidade transformaram uma região inteira em um mero Blockbuster de ação. E não era exatamente isso que eu esperava ver no cinema.

Sim, há coisas boas como sempre. A fotografia, figurino, efeitos especiais, trilha sonora, e tal. Isso continua lá, firme e forte, muito legais, muito bonitos, mas não é disso que o filme deve sobreviver. Aliás, isso é o mínimo esperado para uma obra dessa magnitude, e nesse quesito bato palmas. Realmente o filme é lindo, as paisagens são de tirar o fôlego, e a trilha sonora (mesmo na maioria dos casos se tratar de mais variações dos mesmos temas já usados na trilogia do Senhor dos Anéis) dá um clima muito legal às cenas.

Mas os problemas começam justamente aí, nas cenas. Vamos lá, o Senhor dos Anéis são 3 livros do dobro do tamanho do Hobbit transformados em 3 filmes de 3 horas. Obviamente muita coisa foi cortada a fim de se mostrar apenas o mais essencial e importante e ainda assim formar uma narrativa coesa e lógica. Houve modificações na história? Claro, mas nada desnecessário para prolongar o filme, ou que mudasse o seu foco. Era a história de uma comitiva, a Sociedade do Anel, e a sua missão de destruir o anel para derrotar Sauron de uma vez por todas. Tudo no filme girava em torno disso. Eu não me questionei um minuto de porque o filme demorava tanto em alguma parte ou me sentia cansado nele.

No Hobbit - A Desolação de Smaug, isso é diferente. O Hobbit é um livro apenas, e está sendo adaptado em 3 filmes de 3 horas de duração. Já dá para ver o quanto de encheção de linguiça está rolando, né? Sim, eles estão acrescentando algum conteúdo de outros livros, principalmente a parte referente à Gandalf querendo resolver o problema do Necromante em Mirkwood, mas isso não recebe tanta atenção assim, mas são umas da poucas cenas extras criadas que acrescentam valor ao filme.

O primeiro problema, e talvez o cerne de quase todos os outros, está no elfos. No livro eles tem o um papel bem distante e de coadjuvantes, basicamente. Eles capturam os anões, os mantém prisioneiros, mas o Bilbo, espertamente consegue livrar os anões dessa enrascada e eles fogem dali. Isso tudo depois de passar bons bocados em Mirkwood, uma floresta sinistra e tomada pelas sombras, que no livro se resumiu a uma cena de ação e combate com as aranhas (uma pena, tinha potencial para ser muito mais). Aliás, isso resume a abordagem de Peter Jackson com o filme, resumir tudo a uma cena de ação com combate e piadas. Toda e qualquer cena interessante que se resolvia de alguma forma que não envolvesse porradaria, virou porradaria no filme. Mas falo disso depois.

Mas porque, então, os elfos tomaram tamanha atenção nesse filme. Uma palavra: Legolas. As pessoas dizem que o filme não é feito para os fãs, que é feito para todo mundo. Mentira. É feito para os fãs sim, os fãs do Legolas dos filmes. Esse personagem não aparece em nenhum momento no livro e não tem nenhum importância real na história, mas não duvido muito dele ficar mais tempo em cena (no foco da cena) do que o próprio protagonista (na teoria) da história, o querido Bilbo Bolseiro. E sabe aqueles exageros de malabarismos que aconteciam de vez em quando no Senhor dos Anéis, que apesar de absurdos, como não eram tantos, até eram divertidos? Bem, no Desolação de Smaug eles são levados até as últimas consequências e acontecem de cinco em cinco minutos. Ficou monótono e beira ao ridículo de tão irreal (sim, isso falando de um filme com elfos, anões, magia e dragões).

Isso leva a outro problema, a quantidade excessiva de cenas de ação e combate. O filme que era para ser a história de uma aventura, com exploração, mistério, demonstração de esperteza, e combate também, se resume a cenas e mais cenas de combates malabarísticos, longos, e cansativos. Todos mais oportunidades para demonstrar o quão "foda" os elfos são. Quer dizer, não todos, mas 90% dele. Isso faz com que o filme tenha um ritmo muito constante de ação, causando monotonia. Se fosse mais intercalado, as cenas de ação seria até valorizadas pois teriam com o que contrastar, uma pena. Uma das cenas de ações que poderia ter sido até divertida (se não tivesse sido tão ofuscada e colocada no mesmo nível de todas as tantas outras) foi a dos anões dentro da Montanha Solitária, mas ela é tão alongada, que chega a cansar.

Quanto a Tauriel, e o triângulo amoroso, nem vi tanto problema nisso em si. Sim, até estranhei um pouco os flertes dados entre a elfa e o anão Kili, mas acho que faz parte. Talvez como um lembrete e uma mensagem para a audiência de que não há preconceitos no amor e essas coisas. Legal. Bonito. Mas, novamente, desnecessário para a história e contribuiu para deixar o filme mais longo e moroso. Mas, sinceramente, esse foi o menor dos problemas.

Enfim, podem me chamar de chato, ou do que quiserem, mas para mim este foi o pior filme feito pelo Peter Jackson entre todos aqueles baseados na obra de Tolkien. Divertidinho, mas ordinário. Quem sabe com cenas estendidas algo não melhore. Espero que no terceiro ele acerte.

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