segunda-feira, 22 de abril de 2013

Começando a Jogar RPG - Como tudo Funciona?

Há algumas semanas eu escrevi um artigo sobre como era começar a jogar RPG antigamente, e como isso mudou hoje em dia. Daí, percebi que não tenho nenhum artigo neste blog que se propõe a ensinar como se joga RPG, indica alguns RPGs apropriados para quem está começando, e coisas do tipo. Eu até tenho uma postagem antiga falando o que é RPG, mas é bem extensa, e talvez eu tenha conseguido sintetizar melhor o que eu queria passar com ela (afinal, vamos aprendendo mais com o passar do tempo).

Então, essa postagem é especialmente para aqueles que ainda não sabem direito o que é esse tal de RPG, como ele funciona, quem é o "mestre", o que ele faz, o que os outros jogadores fazem, e outras coisas. Entretanto, é bom lembrar que isto não é para ser um guia definitivo de todo e qualquer tipo de RPG. Este é apenas um guia rápido, de conceitos básicos, que se concentra, principalmente, os mais tradicionais, clássicos, e comuns. Sendo assim, vou dividir esse artigo em partes e perguntas, a fim de tentar ser o mais claro possível.

O que é um RPG?

RPG é um jogo social de criar e vivenciar histórias. 

Ele é social, porque ele assume uma experiência em grupo, que envolver interação, conversas, e cooperação entre os participantes. Não há, a princípio, competição entre os jogadores, já que o objetivo maior do jogo é criar uma história e ver que rumos ela toma graças à interação entre eles.

Neste jogo, um dos jogadores assume o papel do Mestre (ou Narrador), o responsável por administrar um mundo imaginário, criar situações interessantes e desafiadoras para os personagens dos outros jogadores, e agir como um juiz imparcial quando surge alguma dúvida sobre o que acontece na história sendo criada. As regras do jogo servem, justamente, para auxiliar o Mestre a decidir o que acontece. Se um personagem, por exemplo, é um excelente patrulheiro, ele terá mais chances de achar os rastros de uma criatura na floresta do que um feiticeiro que passou anos enfurnado em uma biblioteca. Os outros jogadores assumem o papel dos protagonistas, e a todo momento eles devem responder a uma simples pergunta, feita pelo Narrador: "O que vocês fazem?".

A reposta pode ser qualquer coisa dentro da realidade daquele mundo. Os jogadores não precisam se limitar às características anotadas nas fichas ou o que as regras preveem. O RPG, em si, é justamente esse diálogo entre o Mestre e os jogadores, onde uma situação é apresentada aos personagens, e esses interagem com ela, modificando-a, criando uma história. As regras servem apenas para auxiliar a resolver disputas e dúvidas sobre o que acontece, como “será que eu consigo pular esse buraco antes que a serpente gigantes me alcance?”.

O que torna o RPG tão interessante e divertido é justamente a possibilidade de vivenciar e criar histórias escolhendo o seu próprio rumo, ao invés de olhar passivamente o que acontece, como em um filme ou livro, e a imprevisibilidade do que pode acontecer, graças a essas escolhas.

O que faz um Mestre?

Mestre é o jogador que assume a maior responsabilidade no jogo, mas ao mesmo tempo, é aquele que tem o potencial de se divertir mais.

Esse jogador é aquele que vai desafiar os outros, e vê-los se desesperando para superar esses desafios. É aquele que vai interpretar diversos outros papeis, desde a donzela formosa captura pelo bruxo maligno para um sacrifício, passando pelo órfã que rouba moedas na rua movimentada, até um Deus caótico e incompreensível. É ele, também, o responsável por criar novas aventuras, novos desafios, e novos monstros, para deixar o jogo mais interessante e descobrir o que acontece quando esses elementos interagem com os personagens.

Ele deve ter um conhecimento maior das regras do jogo, a fim de entender como elas funcionam e como pode usá-las para julgar os acontecimentos e rumos da história sendo criada. Ou seja, ele tem o poder de dizer o que vale e o que não vale no jogo, mas como ele não jogo contra os jogadores, ele deve fazer isso de forma imparcial, usando as regras como ferramentas para a tomada de decisão.

Basicamente, o que o Mestre faz é apresentar uma situação (com um local, personagens, e acontecimentos) aos jogadores (que estarão interpretando seus personagens) e perguntar como eles reagem àquilo. Isso, ao longo de todo jogo, sempre narrando as consequências de seus atos e novos acontecimentos. Ele atua como os sentidos dos jogadores, dizendo o que eles veem, sentem cheiro, tocam, sentem gosto, escutam, e outras coisas. Essa conversa entre o Cronista e os jogadores que cria o RPG na mesa.

Sendo assim, é importante decidir quem vai ser o Narrador do grupo, aquele que vai conduzir a história, julgar os acontecimentos e consequências, e quem vai interpretar o mundo e os outros personagens que não os dos jogadores. É uma grande responsabilidade, mas é uma função gratificante e divertida, especialmente para pessoas criativas.

O que fazem os jogadores?

Os outros jogadores assumirão o papel dos protagonistas da história a ser criada. Esses personagens serão o centro da história que irão contar juntos com o Mestre. Eles tomarão decisões e realizarão ações de acordo com a capacidade, e personalidade, criada para esses alter-egos. A maioria dos RPGs utiliza o que se chama de ficha de personagem para traduzir algumas das características desses para o jogo, como o quão bem eles conseguem manusear uma espada, se eles sabem acessar dados secretos em uma rede de computadores, ou o quão carísmáticos eles são. Mas outros elementos que compõem o personagem são definidos justamente durante o jogo, por seus jogadores. O quão criativos, persuasivos ou espertos são os protagonistas vai depender de como os jogadores jogarem.

A todo momento os jogadores terão que tomar decisões sobre o que seus personagens falam, fazem e pensam, de acordo com o conceito criado por eles. As vezes será difícil separar o que o jogador sabe do que o personagem sabe, mas isso é normal. No entanto, uma coisa que os jogadores precisam saber é que, apesar de protagonistas, o mundo não gira ao redor deles, e coisas ruins podem acontecer a eles, afinal, um dos atrativos desse jogo é a imprevisibilidade. Basicamente, o que eles fazem, é responder à pergunta feita pelo Mestre: "O que vocês fazem?".

Como são os Personagens?

Os personagens dos jogadores são os protagonistas da história a ser criada pelo grupo. Eles são criados pelos próprios jogadores respeitando algumas premissas do mundo imaginário ao qual pertencem e algumas regras do jogo. Afinal, não teria muita graça uma história em que os personagens fossem invencíveis e perfeitos, não é?

Assim, dependendo do cenário (o mundo onde se passa a história), os personagens podem ser bárbaros selvagens, feiticeiros loucos, ladrões gananciosos, cientistas malucos, agentes de FBI, investigadores sobrenaturais, vampiros sedentos, lobisomens enfurecidos, ou qualquer outra coisa que faça sentido naquele mundo. Há diversos jogos baseados em franquias de filmes, séries de TV, e de livros, como um RPG que se passa na Terra Média do Senhor dos Anéis, outro que os jogadores jogam com heróis dos quadrinhos da Marvel, outro baseado na série de TV Super-Natural. Enfim, são inúmeras as possibilidades.

As regras do jogo entram para, justamente, impor alguns limites razoáveis sobre o que seu personagem faz bem, ou não tão bem, e dar um sentido de realidade ao jogo. Ninguém é perfeito e sabe fazer tudo de forma primorosa. Assim, as regras vão dizer o que o personagem faz melhor, o que ele é mediano, e o que ele não tem tanta habilidade. Isso pode ser sorteado aleatoriamente ou escolhido pelo próprio jogador, dependendo do jogo.

Mas uma das principais coisas sobre os personagens não é definido pelas regras, e sim pelos jogadores. Sua personalidade, sua história, suas ações, e suas escolhas. Eles podem fazer tudo que uma pessoas poderia conseguir fazer em uma situação daquelas, mesmo que não exista uma regra específica citando exatamente aquela situação. Basicamente, o personagens só são completos com o conjunto formado pelos jogadores e as estatísticas de jogo, e é através deles que o jogo se desenvolve.

Bem, como eu disse anteriormente, esse não é um guia definitivo para todo os tipo de RPGs existentes, apenas um guia para iniciantes. Tentei ser claro e objetivo sobre como a maioria dos RPGs funciona e como são jogados. Pretendo fazer outras postagens falando um pouco mais sobre esse assunto, assim como indicando alguns jogos em particular que acho especialmente apropriado para jogadores iniciantes. Quem gostou o texto e quiser compartilhar, fique a vontade. Quem tiver alguma dúvida, sugestão ou crítica. É só deixar um comentário ou entrar em contato comigo.

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3 comentários:

  1. Excelente matéria Diogo! Espero ver outros textos tão bons!

    Irei divulgar na Página do RPG Noticias, sempre que tiver post seu me de um toque que irei publicar lá!

    Abraços e muito XP.

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  2. Muito útil. Mas eu lamento pelo fato de que não vejo novos grupos de RPG sendo formados. Sou professor de escola pública, leciono há 10 anos, e se encontrei 10 jogadores de RPG nesse período de tempo, foram muitos. Há anos que não vejo um jovem sequer interessado pela brincadeira, e é mais raro ainda encontrar grupos veteranos ou novatos.
    Acho que o RPG anda passando por uma fase de "elitização", ou "regionalismo": só uns poucos o praticam, distribuídos em certas regiões metropolitanas, talvez. Aqui na Baixada Santista, região considerada bastante urbanizada, creio que só temos 1 ou 2 grupos veteranos que jogam aos fins de semana.
    Eu até tento iniciar um ou outro aluno no hobby, mas o interesse pelo RPG dura pouco, justamente por conta dos jogos eletrônicos, seus grandes concorrentes - melhor consolidados entre a gurizada e mais facilmente consumidos.
    Os motivos pra isso tudo podem ser enumerados pela escassez absoluta de lojas especializadas: não temos nenhuma loja de RPG por aqui, e até as livrarias da região não vendem mais livros do assunto. Mesmo com a flexibilidade que a Internet oferece, a juventude ainda esbarra na diversão dos jogos online multiplayer, ou de recentes joguinhos clones do LEGO...

    Apesar de tudo, seu artigo não é inútil. Quem sabe, encontro algum novato curioso ou interessado leigo, o que já vai me servir como maneira de apresentar o tema.

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    1. Olha Rodrigo, tenho que discordar de você. Tenho 19 anos e sou do interior do rio de janeiro, meu grupo é todo formado por pessoas que jogam a 1 ano ou menos, exceto eu e um jogador mais velho (jogou AD7D). Eu junto com esses amigos (e ao meu blog)já iniciamos várias pessoas por ai, as vezes é fácil achar jogadores, ninguém deixa de jogar Battlefield pq lançou um novo Modern Warfare, assim como ninguém deixa de jogar o D&Dzão para só jogar LOL.

      Procure foruns, grupos no facebook e outros blogs. Vc vai ver que a coisa não é bem assim.

      Diogo, post excelente, vou divulgar lá na minha pagina.

      Abç

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