quinta-feira, 8 de março de 2012

Crônicas da Terceira Era - Anoitecer - Parte II


Aerandir cavalgava rapidamente em direção aos Salões do Rei Elfo. A viagem, a cavalo, da fortaleza da Casa de Faerel até lá demoraria uma semana. Metade desse tempo seria necessário apenas para se chegar até o Caminho dos Elfos por uma floresta que parecia cada vez mais escura e fechada. Depois de quatro dias exaustivos, o elfo e o cavalo Nardin chegaram à antiga trilha. A jornada, agora, seria mais tranquila, mas não menos cansativa.

No início da noite do sétimo dia, o aventureiro chegou ao seu destino. Soldados do Reino da Floresta o receberam e perceberam que ele estava apressado e angustiado. Aerandir disse que precisava falar com Thranduil, o Rei e rapidamente um encontro foi arranjada, pois esse sabia que a visita do elfo não seria algo trivial.

Thranduil o recebeu em seu aposento real, sentado em seu trono de carvalho vivo. O Rei da coroa de folhas perguntou, primeiramente, onde e como estavam os companheiros de Aerandir, que já conhecia de visitas passadas. O herói, então, contou os acontecimentos desde que passara por lá pela última vez. Como salvaram a vida de Drarin, o encontro com Lenareth, a corrida para salvar a linhagem de lobos e a revelação de Radagast sobre os artefatos negros. Contou ainda sobre a passagem que descobriram na masmorra do forte dos Faeral e os símbolos estranhos marcados nela. Aquele, era o idioma negro, dos servos da Escuridão.

Aquelas notícias deixaram Thranduil desconfortado e seus olhos pareciam preocupados. Ele prometeu enviar um estudioso daquele idioma para ajudar a companhia a desvendar o segredo do portal e pediu para que o mantivessem informado. Coisas estranhas estavam acontecendo na floresta e caso os elfos não permanecessem atentos poderiam perder, de uma vez por todas, o seu lugar nela.

Enquanto isso, Elmara deixava o Condado, mas sem a companhia de Robin. O hobbit passara quase um ano longe de sua terra e o retorno a ela o fez lembrar de tudo que sentia falta. Robin pediu desculpas para a dúnedan, mas ele não iria voltar. Tudo que vira fez ele ver como a tudo aquilo podia acabar e seu coração não aguentou. Talvez um dia ele voltasse para o leste, para as Terras Ermas, mas por enquanto iria aproveitar a vida pacata do condado. Elmara estava triste por ter que se despedir de sua amigo, mas também se sentiu aliviada em saber que ele ficaria em segurança no Condado. A ranger passou apenas alguns dias naquela região até decidir voltar. Tinha um longo caminho pela frente e algo lhe dizia que o resto da companhia precisaria de sua ajuda em breve.

A viagem até Rivendell demorou quase vinte dias. O calor do verão tornou a travessia cansativa, porém agradável de se ver. Os campos e jardins ao longo da estrada estavam belos. Na metade do caminho a dúnedan encontrou um grupo de anões retornando do leste. Eles a avisaram sobre um grupo de bandidos que atacavam viajantes mais a frente e roubando dinheiro e materiais valiosos. Elmara, então, prosseguiu com cuidado evitando o confronto com os bandidos, haviam problemas mais urgentes para serem resolvidos.

A passagem por Rivendell foi ainda mais curta que a pelo Condado. Apenas uma noite. Havia notícias de que os Beorning e as Águia Gigantes tiveram alguns problemas com orcs das Montahas das Névoas mas que tudo havia se resolvido, aparentemente. Ao menos a Passagem Alta estaria segura. O caminho de Elmara, agora, a levaria através das montanhas em direção ao nordeste para o Reino da Floresta, quase um mês de viajem.

Ao mesmo tempo, Aerandir voltava dos Salões do Rei Elfo na companhia de Fuilen, o sábio. Os dois percorreram o mesmo caminho que, anteriormente, o aventureiro fizera sozinho, mas ambos sentiram que algo sinistro estava para acontecer. A mata estava silenciosa, sinistra e uma sensação estranha percorreu o corpo dos dois. A chegada deles no fortaleza dos Faerel foi discreta, não queriam chamar atenção para a presença do estudioso ali.


Após encontrarem Drarin e Klandrin, eles foram para a masmorra, no subterrâneo do forte para que Fuilen pudesse observar o portal. Quando o sábio viu as runas e as marcações, depois do grupo ter retirado novamente as pedras que cobriam o local, todos puderam perceber o quanto ele ficou perturbado. Depois de quase meia hora olhando e correndo os dedos pela parede de pedra, o estudioso falou do que se tratava aquela escrita. Era um feitiço escrito no Idioma Negro, usado pelos servos das Trevas. Aparentemente, para abrir o portal que encontraram, era preciso realizar um ritual de magia antiga e sinistra. Pelo o que Fuilen entendia dessa magia, eles poderiam reproduzi-la, mas isso levaria tempo, consumiria parte do espírito e seria necessário a ajuda de mais duas pessoas.

A companhia se assustou com aquilo. Precisariam usar da arma do Inimigo para poder combatê-lo. Infelizmente, se aquilo era necessário, eles estavam dispostos a sacrificar o que fosse necessário para deter o avanço da Escuridão. Aerandir e Klandrin se comprometeram a ajudar Fuilen na preparação do ritual assim que a pesquisa estivesse terminada, pesquisa essa que demorou três semanas. Em uma noite, no final do verão, eles começaram o ritual.

Apenas alguns dias antes, Elmara ao sul do vale da Casa de Faerel, em direção ao Reino da Floresta, onde esperava encontrar seus amigos. A dúnedan seguia viajem calmamente, sempre tentando passar despercebida de qualquer criatura que estivesse na floresta mas algo chamou sua atenção mais a frente. O ruido de centenas de criaturas se movimentando pela mata, o barulho de árvores sendo entortadas. A ranger procurou um lugar seguro para que pudesse observar o que acontecia. Subiu no alto de uma árvore, de onde podia ter uma boa visão da área, mas o que viu a deixou assustada. Centenas de aranhas de Mirkwood se dirigiam para o norte, na direção do que ela acreditava ficar o forte da Casa de Faerel que seu companheiros visitaram anteriormente. Ela não pensou duas vezes, desceu da árvore, montou em seu cavalo e cavalgou, sem parar para o norte, esperando encontrar o vale.

Talvez fosse sorte, ou talvez o destino, ou então a benção dos Valar, mas Elmara conseguiu encontrar o vale da Casa de Faerel e chegou a tempo de avisá-los do ataque iminente. Ao se identificar como companheira dos aventureiros que já estavam lá, Faeranil disse que os mesmos se encontravam lá, e que talvez precisassem da ajuda dele.

No interior do forte, palavras sinistras no Idioma Negro eram pronunciadas. As sombras ficavam mais espessas, e um aperto no coração era sentido por Aerandir e Klandrin. As forças da Escuridão eram poderosas e faziam-se presentes. Quando as últimas palavras foram pronunciadas  por Fuilen, a porta se abriu e o sábio caiu no chão, inconsciente. As sombras que os cercavam pareciam que foram sugadas para o interior da passagem que se abriu e um cheiro de morte, doce e enjoado os envolveu. Uma escada estreita, de pedras escuras, se estendia a frente deles e eles não tinham outra opção senão descer.

Chegaram a um pequeno aposento sem adornos, de pedra escavada, com uma passagem na parede norte. Com duas tochas acesas que pegaram do interior da fortaleza o grupo foi em direção àquela abertura. Ela levava a um grande salão, com uma parte elevada no meio, um altar com runas sinistras na parede oposta e quatro estátuas de grandes homens encapuzados segurando espadas de duas mãos nos cantos. Havia duas aberturas nas paredes leste e oeste de onde puderam ver um corredor. Aerandir, Klandrin e Drarin ficaram alguns minutos examinando o local, quando então ouviram o barulho de alguma pessoa descendo as escadas. Eles sacaram suas armas e se prepararam para o combate apenas para ver que se reencontravam com Elmara. A tensão era palpável, assim com as sombras no local.

Aerandir, ao examinar o altar, percebeu que em seu centro havia uma abertura coberta por uma placa. Ao move-la o elfo encontrou em seu interior uma adaga de lâmina fina, negra e com runas em sua superfície similares àquelas no altar. Parecia ser uma espécia de arma ritual que era utilizada ali. Os dois anões, juntos com Elmara examinaram o piso elevado no centro do salão. Era uma grande circunferência de pedra que no seu centro parecia haver uma outra, dividida em quatro. Em cada uma dessas partes eles viram concavidades do tamanho de um punho fechado, com símbolos em seu fundo. Pensaram que talvez aquilo servisse a algum proposito relacionado à adaga ritual, mas ainda não sabiam de que forma.

Decidiram, então, verificar a passagem a direita. Ela levava a um corredor trabalhado de pedra lisa com imagens de criaturas estranhas e feiticeiros negros. Ao final do mesmo havia uma porta dupla de pedra com arcos de bronze. A imagem de dois seres encapuzados com espadas longas, um de cada lado fora esculpida nas mesmas. Eram portões pesados, e fizeram um grande barulho ao serem arrastados. Ao abri--los Aerandir foi surpreendido por uma lâmina negra que desceu do teto e fez um grande corte em seu braço esquerdo. Eles estavam, agora, em uma tumba. Dois sarcófagos esculpidos com a imagem de elfos usando trajes nobres estavam localizados no meio do aposento. Alinhado com cada um deles havia uma estátua similar ao do grande salão.

Klandrin começou a ficar preocupado com a presença dessas estátuas e quis examiná-las mais de perto.  Ao mesmo tempo, Elmara passou alguns minutos examinando um dos sarcófagos a procura de outras armadilhas, mas nada encontrou. Pediu ajuda a Drarin para levantar a tampa de uma da urnas e viu que debaixo delas havia o corpo de um elfo usando armadura e trajes finos. Em seu peito havia uma pedra, do tamanho de um punho, com inscrições similares àquelas no centro do salão. O elfo segurava uma grande espada em seu peito. Sua pela estava esticada sobre seus ossos, dando uma aparência cadavérica a ele. A dúnedain resolveu tentar retirar a pedra estranha equilibrando-a em sua espada, e com sucesso a removeu do peito da criatura, mas logo deixou cair no chão.

Enquanto isso, Aerandir verificou a outra tumba e encontrou a mesma situação dentro dela. Menos cuidadoso que sua companheira, porém, ele pegou a pedra no peito do elfo morto com suas mãos e sentiu uma energia maligna percorrer seu corpo. Então, de repente, a mão da criatura segurou seu braça e ela se levantou com um pulo, empunhando sua grande espada. Seu companheiro de descanso também despertara e não parecia nada contente de ter perdido sua pedra.

Em um instante aquela sala foi tomada pela escuridão. As tochas que a companhia carregavam pareciam pequenas velas. Terror e desespero emanava dos monstros e o coração dos heróis fraquejou. Uma luta desesperada começava. Elmara lembrou-se que Elrond tinha purificado a Pedra da Estrela, que usaram contra os espectros no esconderijo de Lenareth e a puxou de suas vestes. A pedra brilhara e combatia a escuridão com sua luz.

O barulho de metal batendo contra metal ecoava pelo lugar, e as vozes das criaturas entoavam um cântico sinistro que deixavam o grupo angustiado. A resistência daquelas criaturas era incrível, elas recebiam diversos golpes de espada e machado apenas para cair e se levantar novamente. Um dos mortos, que era uma elfa, conseguiu atingir Elmara em um golpe certeiro de sua espada negra, e um jato de sangue saiu de seu flanco. No entanto, no golpe seguinte ela foi impiedosa e cortou o pescoço do monstro que caiu inerte, sem se levantar novamente. De seus restos uma sombra se levantou, apenas para se dissolver sobre a luz da Pedra da Estrela.

Os dois anões concentraram seus ataques no outro elfo, que logo caiu e teve sua cabeça decepada pela lâmina afiadíssima do machado de duas mãos de Klandrin. Outro sombra, então, surgiu e foi destruída pela pedra. Os inimigos estavam no chão e duas runas foram recuperadas. Uma forte energia negra emanava delas. Ainda faltavam pelo menos mais duas pedras, o que significava mais dois mortos-vivos para enfrentar. Enquanto isso, lá fora, uma batalha gigantesca ocorria. Elfos contra as Aranhas Gigantes de Mirkwood.

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.


Para ler outras partes dessa crônica ou outras crônicas, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário