sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Dica de Mestre - Elemento principal para boas aventuras

Nós, como Mestres de Jogo, investimos muito tempo na esperança de planejar e construir as melhores experiências de jogo possíveis para nossos jogadores. Passamos horas pesquisando novos cenários, lendo livros de regras, suplementos, literatura em geral para nos inspirarmos. Investimos nossos esforços na construção de localidades interessantes, NPCs cativantes, encontros que desafiam não só os personagens mas também os jogadores. Mas a verdade é que há um elemento mais importante que qualquer outra para a criação de uma boa aventura de RPG.

Esse elemento não é outro senão escolhas significativas e informadas. Não importa o quanto nos dediquemos a preparar mapas detalhados, NPCs ricos, e tramas dramáticas e complexas. Se não houver uma quantidade razoável de escolhas significativas e potencialmente informadas, a aventura estará fadada ao fracasso (ou, ao menos, a ser muito menos divertida do que poderia ser). Mas no que, exatamente, isso consiste e como podemos aumentar a quantidade desse importante aspecto nos nossos jogos? Vamos analisar mais detalhadamente.

As escolhas devem ser significativas: Quando falamos de escolhas significativas, queremos dizer que essas devem ter um impacto real sobre o jogo e trazer transformações. Elas devem levar a resultados diferentes. Escolher em ir para uma cidade pelo caminho da esquerda ou direita sem haver uma real diferença entre eles (você simplesmente vai fazer acontecer a mesma coisa em qualquer caminho que sigam) não é uma escolha significativa. Pode parecer, inicialmente, que você consegue criar a ilusão de que algumas escolhas falsas são significativas mas é inevitável que, alguma hora, os jogadores comecem a perceber que suas escolhas não tem tanto impacto assim nas aventuras. Sendo assim, para uma boa aventura, aquela em que os jogadores realmente se sintam sobre controle do destino de seus personagens, maximize a quantidade de escolhas significativas e não meça esforços para que as decisões deles tenham impacto sobre a história sendo criada, mesmo que você não tenha planejado exatamente o que aconteceria. Abandone seu planejamento se necessário e improvise. Caso contrário, você poderá ter jogadores frustrado e acomodados em pouco tempo.

As escolhas também devem ser potencialmente informadas: Escolhas aleatórias, sem uma base para se tomar uma decisão, não são escolhas de verdade. Um mínimo de conhecimento, ainda que oriundo de rumores ou impressões deve existir para que a escolha dos jogadores seja ponderada e eles tenham algo em que pensar. No exemplo acima, simplesmente escolher entre seguir pelo caminho da direita ou esquerda sem nenhuma informações sobre o quê pode haver em qualquer um dos dois e nem um meio pelo qual conseguir tais informações torna a escolha totalmente aleatória e sem sentido. Não importa o que escolham, rolar um dado ou deixar o próprio mestre escolher daria no mesmo. É claro que nem todas as informações devem estar facilmente disponíveis e dadas de mão beijada para os jogadores. O segredo é elas existirem potencialmente. Talvez os personagens tenham que ir a alguns lugares específicos para consegui-las, falar com algumas pessoas e agir de forma inteligente para obtê-las, mas elas devem estar potencialmente disponíveis. Isso recompensa o bom jogador e desenvolve as habilidades de jogo de um jogador de RPG. Ainda assim, o mínimo de informações possível deve estar disponível facilmente.

Combinando os dois: Por meio da combinação desses 2 aspectos descritos acima, os jogadores tem diante de si um ambiente de aventura em que eles realmente fazem a diferença e tem a sua disposição meios pelos quais eles podem agir de forma mais inteligente, criativa e efetiva. Seus esforços são recompensados e eles aceitam facilmente as consequências de seus atos, sejam boas ou ruins, já que tiveram todos os meios para fazer as escolhas que mais pareciam atraentes para eles. Dessa forma, não importa se eles sejam bem sucedidos ou não, eles se sentiram verdadeiros protagonistas do jogo.

Então é isso galera. Apesar de parecer algo simples e óbvio, essa dica ajuda a tomarmos consciência desse elemento tão importante e implementá-lo de forma consciente nas nossas mesas e aventuras. Desde que tomei nota disso, meus jogos mudaram bastante e mesmo a escolha de que corredor seguir em uma masmorra se tornou diferente.

Se você gostou da postagem, visite a página do Pontos de Experiência no Facebook e clique em curtir. Você pode seguir o blog no Twitter também no @diogoxp.

Nenhum comentário:

Postar um comentário