quinta-feira, 16 de maio de 2013

Resenha - Mars para Savage Worlds - Espadas e Planetas em um Mundo Selvagem

Kar Handor sabia que mais um passo o colocaria dentro do território dos terríveis símios brancos de marte. Mas ele não tinha escolha, deveria prosseguir, já que a vida de Jharis Anor, a princesa de Allor estava em perigo. Kar não parara de pensar na princesa desde que a vira pela primeira vez, mas seu status jamais o permitiria a segurá-la em seus braços. Agora, contrariando ordens superiores para não abandonar seus postos, ele e outros companheiros estavam adentrando as selvas polares, em busca da expedição arqueológica que se perdera, na qual Jharis estava.

Mars é um Mundo Selvagem para Savage Worlds publicado pela Adamant Entertainment, baseado nas obras de Espada e Planeta (Sword & Planet), como as de Edgar Rice Burroughs (a série de Barsoom com John Carter), e Edwin Lester Arnold (com o tenente Gullivar Jones). Também conhecido como Romance Planetário, esse gênero literário é trazido as mesas de jogo com esse cenário excelente. É claro que Mars não é nenhuma marte específica da literatura (se não teria que pagar direitos autorais e ser processada, no mínimo), mas sim um planeta inspirado nessa literatura, com vários elementos clássicos desse gênero, e até algumas pitadas de horror cósmico.

Essa resenha é baseada no PDF disponível na RPGNow, embora exista uma versão física de 180 páginas em preto e branco, com capa-dura colorida. O livro possui oito capítulos e uma introdução breve, que traz um pequeno conto sobre o ataque de uma cidade dos homens vermelhos de marte por um exército de símios brancos, seguido de uma rápida explicação de que a Marte desse jogo não é a Marte que conhecemos, e sim um planeta próximo da morte, com civilizações antigas, seres estranhos, piratas voadores, e gladiadores de arenas.

O primeiro capítulo, Mars (Marte), apresenta a história desse planeta (como ele foi de uma rico e próspero ambiente, para uma terra decadente e a beira da morte), e como ele é hoje, um ambiente selvagem, com extensas áreas desoladas, cortadas por canais construídos para salvar algumas poucas cidades dos homens vermelhos da seca que assolou o mundo, e selvas dominadas por grandes gorilas brancos no norte. Fala-se, também, sobre a vida no planeta vermelho, a luta pela sobrevivência, sobre a comida, bebida, tecnologia, recursos, feriados, e outras coisas. Há também uma abordagem individual das diversas culturas e povos do planeta, com os distintos reinos dos homens vermelhos (a raça mais semelhante com o ser humana do planeta), os nômades, os selvagens homens verdes e sua cultura tribal, o império dos símios brancos, os estranhos e alienígenas homens cinzas, e outros habitantes mais sinistros (com direito a elementos dignos de chtulhu) de Marte. Por fim, o livro traz um breve conto a fim de ilustrar as aventuras que podem ser vividas neste mundo moribundo.

No capítulo dois, Characters (Personagens), vêm as informações sobre os personagens do jogo. Basicamente é um guia sobre como fazer personagens com a cara dos livros de Espada e Planeta, apresentando conceitos, e dando conselhos de como os fazer mais apropriados a esse mundo. É claro que há regras novas, como novas vantagens, complicações, raças para personagens (que inclui até terráqueos que são um elemento icônico desse gênero), perícias (e suas alterações), e descrições que ajudam a criar personagens. Como todo capítulo, há outro conto no seu final, mostrando outra história nesse planeta selvagem.

O capítulo seguinte, Gear (Equipamento), fala um pouco da economia (que é praticamente inexistente, sendo o escambo o padrão, e a troca de moedas apenas nas cidades mais civilizadas), tesouros, armaduras típicas de marte, as armas, que vão desde espadas e machados, até armas de raios dos homens cinzas (passando, é claro pelas pistolas e rifles de rádium), e veículos (incluindo os animais que servem como montaria).

No quarto capítulo, Setting Rules (Regras de Cenário), Mars traz algumas mecânicas para adaptar melhor o gênero de Espada e Planeta para Savage Worlds, tornando o jogo mais heroico e dando novas utilidades para os "bennies", e cinematográfico. Também são apresentadas regras para NPCs intermediários (entre os extras e os vilões) e um sistema completo para batalhas entre Navios-Voadores, relativamente comuns em Marte.

O capítulo cinco, Game Mastering (Mestrando), vem com informações importantes para quem planeja mestrar uma mesa de Espada e Planeta. Fala-se sobre as origens desse gênero, os principais autores e as características dele. Há uma seção com os principais elementos desse estilo para que o mestre lembre de sempre pensar em suas histórias com eles em vista. Para ajudar os narradores a criar histórias compatíveis com Marte, o livro vem com um gerador de aventuras, com diversos elementos.

Seguindo, vem o Capítulo Beasts of Mars (Bestas de Marte), com uma série de criaturas, algumas selvagens, outras sinistras, mas todas únicas para um planeta a beira da morte, onde apenas os mais fortes sobrevivem. Para completar, há um sistema simples para criar novas criaturas ou transformar criaturas já existentes em monstros dignos de aparecer nas histórias pulps de marte, com direito a exemplo e tudo.

O sétimo capítulo é, na verdade, uma aventura, Slavers of Mars (Escravagistas de Marte) relativamente cumprida que pode ser dividida em várias partes, e tem quase tudo que uma história de Espada e Planeta precisa ter: Romance, Aventura, Selvageria, Traições, e Combate em navios voadores. É uma aventura bem estilo Railroading, mas tem uma história legal, e se adéqua muito bem ao cenário. Não falarei muito dela para não estragar para quem um dia for jogá-la (e eu talvez a mestre em algum encontro por aí).

O último capítulo, Encounters (Encontros), é mais um capítulo com utilidades para o mestre do que qualquer outra coisa. Há tabelas para encontros aleatórios pelas diversas regiões de martes, e uma série de NPCs prontos para serem usados, com históricos e ganchos para aventuras.

Acima de tudo, Mars é um suplemento que reproduz fielmente o estilo Espada e Planeta, transportando-o elegantemente para as mesas de jogo. O material dele é usável em praticamente qualquer sistema para o qual você queria adaptar esse mundo. O Savage Worlds funciona muito bem nele, mas nada impede de você tentar usar outro sistema que se adeque bem a histórias heroicas e pulps, como Bárbaros da Lemúria e FATE, por exemplo.

Esse cenário está disponível na loja da própria Adamant Entertainment como um livro de capa-dura por US$ 34.95, e em PDF na RPGNow por US$ 14.95 (embora eu tenha pego em uma promoção por 2 dólares).

Se você gostou da postagem, visite a página do Pontos de Experiência no Facebook e clique em curtir. Você pode seguir o blog no Twitter também no @diogoxp.

4 comentários:

  1. Show de bola a resenha!
    Tô doido pra jogar SW!

    ResponderExcluir
  2. Suas resenhas são sempre muito boas Diogo, parabéns!

    Nunca joguei nesse estilo de cenário, mas adoro Barsoom e as histórias de John Carter. Logo... uma partida com essa ambientação seria bacana demais!

    ResponderExcluir
  3. Savage Worlds é uma multisistema fantástico!, no aguardo do meu. Excelente resenha.

    ResponderExcluir
  4. Uma das coisas que mostra o quanto Savage Worlds é foda. Cenário perfeito para o sistema! Boa dica!

    ResponderExcluir