Eu já falei aqui algumas vezes sobre encontros aleatórios e como eu gosto de usar eles em jogo. Sei, também, que nem todo mundo curte a ideia de utilizá-los mas acredito que eles deem um toque de imprevisibilidade e surpresa às aventuras que pode ser bem interessante e pode funcionar como alguns dos elementos centrais de sessões onde os indivíduos que os personagens procuram não ficam simplesmente parados em seus lugares esperando eles chegarem.
Inicialmente, essa ferramenta nasceu como um mecanismo de punição aos jogadores que perdessem muito tempo explorando masmorras. Quanto mais tempo eles passassem lá, maiores seriam as chances de encontrarem criaturas perambulando pelos corredores, e boas eram as chances desses monstros serem mais do que conseguissem enfrentar. Eu ainda acho essa função importante mas penso que os Encontros Aleatórios podem servir para outras coisas também, como apresentação dinâmica de desafios, movimentação aleatória das criaturas do local a fim de torná-lo mais "verossímil" e até mesmo uma fonte de possíveis ajudas.
Para tanto, essas tabelas precisam ter mais coisas do que apenas encontros com criaturas possivelmente hostis. O legal, para mim, é pensar nelas como Tabelas de Cenas Aleatórias, ou acontecimentos aleatórios. Nela você pode encontrar uma série de coisas diferentes para jogar na aventura, algumas claramente hostis que podem ser enfrentadas (outras nem tanto), algumas com oportunidade de negociação, outras que podem se tornar benéficas para o jogador, alguns desafios que devem ser superados, eventos estranhos para reforçar a ambientação do jogo e outras coisas. Abaixo falo um pouco mais de cada tipo desses eventos.
Cenas Estranhas: Esse tipo de cena na tabela serve para reforçar o clima do jogo, do lugar onde os personagens estão e da aventura. Às vezes nos esquecemos de narrar cenas com maiores sensações para transmitir isso aos jogadores e a tabela de Encontros Aleatórios pode nos ajudar com isso, sem se tornar algo repetitivo. Em uma tumba assombrada, por exemplo, os jogadores podem escutar o barulho de correntes sendo arrastadas, o grito ou gemido ecoando pelos corredores, o passar acelerado de sombras no limiar da luz e coisas do tipo. O segredo é criar algumas cenas diferentes e alternar entre elas, sempre enfatizando o clima e o ambiente da aventura.
Obstáculos: Nem todo tipo de desafia sorteado precisa ser na forma de criaturas a serem enfrentadas ou sobrevividas. Imprevistos e obstáculos também são um tipo de desafio interessante e que dá oportunidade aos jogadores de exercitarem a criatividade e outras habilidades de seus personagens. Quem sabe um desmoronamento atingiu a trilha entre as montanhas e agora eles terão que escalar ou achar outro caminho. Ou quem sabe um animal sorrateiro roubou a comida deles durante a noite. Em uma floresta, gigantescas teias de aranha podem barrar o caminho dos aventureiros, ou a trilha pode desaparecer sem nenhum sinal. O ideal é pensar em coisas que atrapalhem a vida dos personagens sem, diretamente, colocá-los em perigo mas forçando-os a pensar em maneira de contornar e superar esse problema.
Eventos: Outro tipo de cena que considero interessante são eventos e acontecimentos que podem surgir em uma aventura. Talvez uma tempestade repentina, uma ventania, um incêndio na floresta, e coisas do tipo. Alguns podem ser inofensivos como um eclipse lunar (a não ser pelo fato de que os personagens precisarão de fontes de luz para enxergar), outros potencialmente fatais, como um grande incêndio na floresta ou um tremor enquanto passar por um vale entre as montanhas. Esse tipo de cena mostra que não só as criaturas e NPCs são vivos e se movimentam por aí, mas como o próprio cenário é dinâmico e coisas podem acontecer sem o controle dos jogadores.
Oportunidades: Chamo de oportunidades encontros que podem ser benéficos para os jogadores. Digo PODEM ser porque eles não necessariamente o serão. Um grupo de nômades viajando que possui informações valiosas sobre o local para qual o grupo se encaminha pode revelar o que sabe se for bem tratado e em troca de algo. Um espírito escravizado por um Necromante pode se virar contra seu Senhor se os jogadores tentarem dialogar com o mesmo ao invés de simplesmente bani-lo para o abismo. Em uma ruína no caminho da cidade pode estar escondido um item mágico por traz de um enigma ou coisas do tipo. Isso é legal porque os jogadores só esperam coisas ruins de Encontros Aleatórios e criar essas oportunidades pode fazer com que eles fiquem até animados com a possibilidade dos mesmos e passem a pensar em outras maneiras de lidar com os problemas que encontrarem.
Criaturas: Por fim, temos os clássicos encontros com monstros e criaturas hostis. Esses encontros são aqueles típicos que construímos a tanto tempo mas, mesmo assim, queria fazer algumas observações sobre eles. Particularmente, eu não costumo usar tabelas de encontros genéricas, construindo as minhas próprias de acordo com a situação, aventura e local. Isso deixa cada sessão mais personalizada e evita encontros incongruentes. Além disso, quanto um encontro é sorteado, ao meu ver, isso não significa que ele acontece e a criatura estão a 2 metros de distância do grupo. A criatura está próxima e os personagens tem chances de perceber o que vai acontecer e agir de acordo. Pode ser que não percebam e a criatura obtenha uma rodada de surpresa, pode ser que percebam e a evitem, ou tentem negociar com ela. Ademais, eu costumo criar encontros de vários níveis de dificuldade que fazem sentido paro o local, inclusive alguns que, definitivamente, é melhor os personagens não enfrentarem, com fortes chances de serem dizimados caso o façam. Isso, ao meu ver, faz os jogadores pensarem bem antes de enfrentar qualquer monstro que apareça na frente deles e os força, novamente, a pensar em outras maneiras de alcançar seus objetivos senão apertando o botão de soco forte sempre.
Enfim, eu acho que as ferramentas que os jogos nos proporcionam são nossas para usar e alterarmos como melhor acharmos e é assim que eu uso os Encontros Aleatórios nas minhas mesas, sempre pensando nesses componentes. Volta e meia leio em um lugar ou outro sobre o uso dessa ferramenta e novas coisas que podem ser inseridas nela e me vejo retornando e alterando como eu a uso na mesa. E vocês? Como costumam fazer?
Se você gostou da postagem, visite a página do Pontos de Experiência no Facebook e clique em curtir. Você pode seguir o blog no Twitter também no @diogoxp.
Inicialmente, essa ferramenta nasceu como um mecanismo de punição aos jogadores que perdessem muito tempo explorando masmorras. Quanto mais tempo eles passassem lá, maiores seriam as chances de encontrarem criaturas perambulando pelos corredores, e boas eram as chances desses monstros serem mais do que conseguissem enfrentar. Eu ainda acho essa função importante mas penso que os Encontros Aleatórios podem servir para outras coisas também, como apresentação dinâmica de desafios, movimentação aleatória das criaturas do local a fim de torná-lo mais "verossímil" e até mesmo uma fonte de possíveis ajudas.
Para tanto, essas tabelas precisam ter mais coisas do que apenas encontros com criaturas possivelmente hostis. O legal, para mim, é pensar nelas como Tabelas de Cenas Aleatórias, ou acontecimentos aleatórios. Nela você pode encontrar uma série de coisas diferentes para jogar na aventura, algumas claramente hostis que podem ser enfrentadas (outras nem tanto), algumas com oportunidade de negociação, outras que podem se tornar benéficas para o jogador, alguns desafios que devem ser superados, eventos estranhos para reforçar a ambientação do jogo e outras coisas. Abaixo falo um pouco mais de cada tipo desses eventos.
Cenas Estranhas: Esse tipo de cena na tabela serve para reforçar o clima do jogo, do lugar onde os personagens estão e da aventura. Às vezes nos esquecemos de narrar cenas com maiores sensações para transmitir isso aos jogadores e a tabela de Encontros Aleatórios pode nos ajudar com isso, sem se tornar algo repetitivo. Em uma tumba assombrada, por exemplo, os jogadores podem escutar o barulho de correntes sendo arrastadas, o grito ou gemido ecoando pelos corredores, o passar acelerado de sombras no limiar da luz e coisas do tipo. O segredo é criar algumas cenas diferentes e alternar entre elas, sempre enfatizando o clima e o ambiente da aventura.
Obstáculos: Nem todo tipo de desafia sorteado precisa ser na forma de criaturas a serem enfrentadas ou sobrevividas. Imprevistos e obstáculos também são um tipo de desafio interessante e que dá oportunidade aos jogadores de exercitarem a criatividade e outras habilidades de seus personagens. Quem sabe um desmoronamento atingiu a trilha entre as montanhas e agora eles terão que escalar ou achar outro caminho. Ou quem sabe um animal sorrateiro roubou a comida deles durante a noite. Em uma floresta, gigantescas teias de aranha podem barrar o caminho dos aventureiros, ou a trilha pode desaparecer sem nenhum sinal. O ideal é pensar em coisas que atrapalhem a vida dos personagens sem, diretamente, colocá-los em perigo mas forçando-os a pensar em maneira de contornar e superar esse problema.
Eventos: Outro tipo de cena que considero interessante são eventos e acontecimentos que podem surgir em uma aventura. Talvez uma tempestade repentina, uma ventania, um incêndio na floresta, e coisas do tipo. Alguns podem ser inofensivos como um eclipse lunar (a não ser pelo fato de que os personagens precisarão de fontes de luz para enxergar), outros potencialmente fatais, como um grande incêndio na floresta ou um tremor enquanto passar por um vale entre as montanhas. Esse tipo de cena mostra que não só as criaturas e NPCs são vivos e se movimentam por aí, mas como o próprio cenário é dinâmico e coisas podem acontecer sem o controle dos jogadores.
Oportunidades: Chamo de oportunidades encontros que podem ser benéficos para os jogadores. Digo PODEM ser porque eles não necessariamente o serão. Um grupo de nômades viajando que possui informações valiosas sobre o local para qual o grupo se encaminha pode revelar o que sabe se for bem tratado e em troca de algo. Um espírito escravizado por um Necromante pode se virar contra seu Senhor se os jogadores tentarem dialogar com o mesmo ao invés de simplesmente bani-lo para o abismo. Em uma ruína no caminho da cidade pode estar escondido um item mágico por traz de um enigma ou coisas do tipo. Isso é legal porque os jogadores só esperam coisas ruins de Encontros Aleatórios e criar essas oportunidades pode fazer com que eles fiquem até animados com a possibilidade dos mesmos e passem a pensar em outras maneiras de lidar com os problemas que encontrarem.
Criaturas: Por fim, temos os clássicos encontros com monstros e criaturas hostis. Esses encontros são aqueles típicos que construímos a tanto tempo mas, mesmo assim, queria fazer algumas observações sobre eles. Particularmente, eu não costumo usar tabelas de encontros genéricas, construindo as minhas próprias de acordo com a situação, aventura e local. Isso deixa cada sessão mais personalizada e evita encontros incongruentes. Além disso, quanto um encontro é sorteado, ao meu ver, isso não significa que ele acontece e a criatura estão a 2 metros de distância do grupo. A criatura está próxima e os personagens tem chances de perceber o que vai acontecer e agir de acordo. Pode ser que não percebam e a criatura obtenha uma rodada de surpresa, pode ser que percebam e a evitem, ou tentem negociar com ela. Ademais, eu costumo criar encontros de vários níveis de dificuldade que fazem sentido paro o local, inclusive alguns que, definitivamente, é melhor os personagens não enfrentarem, com fortes chances de serem dizimados caso o façam. Isso, ao meu ver, faz os jogadores pensarem bem antes de enfrentar qualquer monstro que apareça na frente deles e os força, novamente, a pensar em outras maneiras de alcançar seus objetivos senão apertando o botão de soco forte sempre.
Enfim, eu acho que as ferramentas que os jogos nos proporcionam são nossas para usar e alterarmos como melhor acharmos e é assim que eu uso os Encontros Aleatórios nas minhas mesas, sempre pensando nesses componentes. Volta e meia leio em um lugar ou outro sobre o uso dessa ferramenta e novas coisas que podem ser inseridas nela e me vejo retornando e alterando como eu a uso na mesa. E vocês? Como costumam fazer?
Se você gostou da postagem, visite a página do Pontos de Experiência no Facebook e clique em curtir. Você pode seguir o blog no Twitter também no @diogoxp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário