quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Guia Básico de Criação de Aventuras - Parte II

Uma das coisas mais legais de ser um mestre de RPG é criar seus próprios mundos, personagens, vilões e aventuras, para que os personagens dos jogadores possam interagir, descobrir e conhecer. É uma coisa quase mágica e muito gratificante, quando você vê que eles estão se divertindo e curtindo aquilo que você criou. Mas uma coisa é certa, essa tarefa pode parecer intimidadora para muita gente.

Na primeira parte dessa série (que terá mais uma postagem), eu comecei a falar sobre como elaborar aventuras mais soltas, flexíveis, que não restringem as opções dos jogadores, fazendo com que eles se envolvam naturalmente e não se sintam presos em um roteiro pré-determinado. Disse que ao estruturar uma aventura, basicamente respondemos a cinco perguntas: "O que?"; "Quem?", "Por que?", "Onde?", e "Quando?". Já falei sobre o "O que?" nas postagem anterior, que é basicamente a definição da situação que está ocorrendo e com a qual é preciso lidar, pois ela poderá trazer consequências aos personagens (seja causando mal a eles se não se envolverem, ou causando algo bom, na forma de recompensa, se eles se envolverem).


Agora está na vez de falar sobre as perguntas "Quem?" e "Por que?". Toda história precisa de personagens. Os protagonistas, como sempre, serão os personagens dos jogadores, é por meio deles que a história é vivida e contada. Eles devem ser o centro das atenções. Mas muitos outros personagens são essenciais para o desenvolvimento da narrativa, como os antagonistas, informantes, vítimas, patronos, rivais, e outros. Todos eles são importantes para uma boa aventura, e é necessário pensar um pouco sobre eles.

Os antagonistas são aqueles que tentarão impedir que os heróis resolvam a situação. Eles são os bandidos, os monstros, os conspirados, o vampiro, o demônio, o feiticeiro maligno. São os vilões da história. Os informantes são aquelas pessoas com as quais os personagens podem interagir para conseguir mais informações em relação a situação e outros personagens. Eles são o taverneiro que ouve muitos rumores em seu estabelecimento, o mendigo que vaga pelas ruas e viu coisas estranhas, a meretriz que viu a donzela ser raptada, e outros personagens que tem algo a dizer. As vítimas são, justamente, aqueles personagens que sofrem com a situação e precisam da intervenção dos heróis para escapar do destino cruel que as aguarda (ou simplesmente precisam ser vingadas). São as princesas raptadas, os camponeses atacados, as virgens sacrificadas, e outros coitados. Os patronos são aqueles que empregam e oferecem ajuda aos personagens em troca de favores e serviços a serem prestados. São os reis que podem ajuda os heróis, os mestres de guildas que empregam os aventureiros para escoltar suas caravanas, o colecionador de relíquias que paga os heróis para roubarem um tesouro antigo de um museu no reino rival. Os rivais são aqueles que querem as mesmas coisas que os personagens dos jogadores e competem com eles para aquilo. São grupos de aventureiros que querem o mesmo tesouro, outro pretendente para a princesa, autoridades que não acham que aventureiros devam se envolver, e outros. Enfim, há uma série de personagens que podem se envolver na história, deixando ela mais complexa, mais rica e mais realista.

Assim, é preciso pensar bem e definir quem são esses personagens, o que eles querem, e por que eles querem isso. Quem são os antagonistas? O que eles estão fazendo? Por que eles estão fazendo isso? Quem são os informantes? O que eles sabem? Por que eles falariam sobre isso? Quem são as vítimas? Por que elas foram escolhidas como tal? Essas e outras perguntas devem ser respondidas sobre cada um dos personagens que se envolvem na história. Dessa forma, você não vai precisar decorar diálogos, perguntas e respostas e outras coisas na hora que eles aparecerem na aventura. Você entenderá quem eles são, o que eles querem, e porque eles querem isso. Cada um deles terá uma função bem definida e clara. Permitindo que você improvise qualquer outro detalhe.

Para facilitar um pouco, eu criei uma pequena lista de perguntas a serem respondidas em relação ao elenco da história. Ela ajuda a definir as informações principais e serve como uma guia de referência para quando eles entrarem em cena.

1. Qual o nome do personagem?
2. Qual sua função na história (antagonista, informante, vítima, patrono, rival)?
3. Quais são suas principais características (aquilo que você nota assim que olhar para ele)?
4. Quais são suas motivações?
5. Como ele se encaixa e se envolve na situação?
6. Quais seus objetivos?
7. Como ele pretende alcançá-los?

Bem, acho que isso já é o suficiente para construir personagens bem definidos e conectados com a história. Com uma identidade, objetivo, motivação e método de ação, o mestre já pode conduzi-los em qualquer situação. É claro que você pode definir ainda mais detalhes, como relacionamentos, história, frases típicas e outras coisas, mas essas perguntas já definem uma boa base.

Para ver a Parte III, clique aqui.

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