sexta-feira, 8 de abril de 2016

Resenha - Beyond the Wall and Other Adventures - RPG Old School No Prep e Colaborativo - Parte II

Voltando, então, para terminar a resenha do RPG de Fantasia OSR, Beyond the Wall and Other Adventures, que traz além de inovações mecânicas no sistema, um estilo de jogo colaborativo e focado na improvisação de "no prep". Na primeira parte, tratamos das regras básicas e gerais do jogo, que é, na verdade, tudo o que você realmente precisa para jogar e é relativamente similar a outros jogos da OSR, fora alguma mudanças no sistema de magia (bem interessantes, diga-se de passagem) e da resolução de ações. Mas o mais legal do jogo é o que vem adiante.

Essa segunda parte do livro é intitulada "How to Play" e contém as regras para se jogar usando os Playbooks e Scenario Packs, permitindo a criação colaborativa do cenário, personagens e um jogo sem preparação prévia. Na introdução o autor explica que quando jogamos por esse método, não usamos as regras de criação de personagens normal (aquela parecida com a de outros jogos OSR), mas sim os playbooks e algumas rolagens de dados que vai determinar a história do personagem em conjunto com decisões do jogador e do grupo. Ao mesmo tempo, o mestre de jogo vai ajudando os jogadores a criarem seus personagens em conjunto, criando conexões, anotando as coisas que eles estão criando e gerando uma aventura com base nisso tudo usando um Scenario Pack. O legal de tudo isso é que mesmo com os mesmos Playbooks e Scenario Packs, cada vez que você e seus amigos jogarem, vão criar personagens e aventuras diferentes de forma colaborativa.

O processo todo deve demorar umas duas horas, mas isso porque os jogadores, em conjunto, definiram a história de seus personagens, desde a infância, o treinamento em suas classes, até os acontecimentos recentes, que terão ligação com a aventura. Ao mesmo tempo, eles definiram detalhes sobre o local de onde veem, NPCs, localidades e acontecimentos. Enquanto isso, o mestre vai pegando tudo isso e usando no Scenario Pack, para a aventura que eles jogarão estar perfeitamente sintonizada com a criação do grupo e os envolver melhor. Além de sortear alguns detalhes dela, para deixar tudo mais dinâmico.

Essa parte do livro ainda traz algumas seções com dicas e conselhos para o mestre de jogo, como sobre evitar railroading e aqueles escolhas ilusórias que não fazem muita diferença, utilizar as ideias dos jogadores e suas contribuições, dar um tom apropriado ao jogo, tornar as coisas pessoais para os personagens, manter o jogo em andamento e não deixar a sessão estagnar e outras coisas.

A parte seguinte traz as listas de magias, ou seja, as Cantrips, Spells e Rituals do jogo, assim como conselhos sobre como utilizá-los para deixar a campanha mais interessante. Logo depois o jogo trata de itens mágicos e muito bem. O livro não perde tempo dando expemplos de itens mundanos simples, e trata os objetos como coisas fantásticas, com habilidades e efeitos mágicos diferentes e criativos.

Outra parte interessante do jogo é o bestiário que ele traz. Além de regras para criação de monstros próprios e aquela listagem comum de monstros (apesar de alguns deles estarem diferentes do que estamos acostumados – o que é bom), o jogo trata certas criaturas de maneira diferente, com regras e geradores para os tornar únicos e diferenciados. Não há uma ficha para cada tipo de dragão, mas uma seção ensinando a criar seus próprios dragões como indivíduos. A mesma coisa o jogo faz com demônios, monstruosidades e pasmem, goblinoides. Outros livros da série fazem o mesmo com outras criaturas, inclusive mortos vivos. Muito legal.

O resto do livro traz os Playbooks e Scenario Packs prontos para serem usados. Todos eles com dezenas de opções e variações, permitindo uma enorme gama de personagens e aventuras diferentes, sem contar que todos são feitos para que os jogadores criem em conjunto a histórias de seus personagens, a sua vila, os NPCs e localidades que terão importância no jogo e com os quais o mestre irá criar as aventuras com o Scenario Pack.

Tudo isso é muito legal, mas fica a impressão que o Beyond the Wall é um jogo para aventuras One Shot e que depois não há muito espaço para essa criação colaborativa e dinâmica de jogo. Isso até a gente olhar o Futher Afield, que é o suplemento do livro básico que ajuda a manter o mesmo estilo de jogo para uma campanha inteira. Quem sabe em breve não faço uma resenha dele também.

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