segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Quando Salvar Personagens dos Jogadores?

Quem lê esse blog há algum tempo sabe que eu sou um apreciador da alta taxa de mortalidade dos jogos Old School, na filosofia de deixar os dados decidirem o destino dos personagens, e de deixar os jogadores viverem com as consequencias de seus atos, sejam elas boas ou péssimas. Isso, ao meu ver, deixa o jogo mais emocionante, mais imprevisível e faz com que os jogadores apreciem muito mais as vitórias que eles obtêm, pois sabem que foi graças somente aos esforços deles (e não por causa de um empurrãozinho do mestre de jogo).

Entretanto, reparei outro dia que existe algumas raras situações em que pode ser mais interessante “salvar” um personagem. Digo “salvar” entre aspas porque ele ainda vai sofrer consequencias apropriadas (embora não seja uma consequencia final) mas não sairá de jogo imediatamente, mantendo-o engajado. Além disso, o mais importante ao se fazer isso é chamar para a ação os outros jogadores, oferendo escolhas significativas para todo o grupo.

O tipo de situação do qual falo é o seguinte: quando em uma situação de risco geral para o grupo, um personagem iria morrer imediatamente graças a uma escolha infeliz, mau rolamento de dados ou evento, ao invés de eliminá-lo do jogo na hora, coloque-o na iminência de sofrer as consequencias e dê oportunidade para o resto do grupo agir, se arriscando ainda mais para salvá-lo, ou poupando suas próprias peles mas deixando o companheiro passar dessa para a pior.

O segredo não é salvar o personagem do jogador só pra ele não ficar triste ou porque ele é o principal da história e deve vencer, nem nada do tipo. A razão justificável, nos meus jogo, para se salvar um personagem é oferecer uma escolha significa, perigosa e que chame toda a mesa para a ação. Ao invés de deixar a morte sendo um evento que afeta apenas um jogador, essa situação envolverá a mesa toda. Sem falar que, caso o grupo opte por se arriscar para salvá-lo e falhe, mais personagens podem perder a vida.

Como exemplo de uma situação desse tipo, imagine aquelas cenas de ação em que o grupo acabou de derrotar um feiticeiro ancestral em sua tumba subterrânea e tudo começa a tremer, o teto começa a desabar e eles só tem algumas rodadas para sair dali. Eles já têm que fazer uma escolha significativa: vão embora logo com segurança ou tentam pegar alguns tesouros antes de sair correndo? Agora imagine que uma grande pedra cai do teto e acerta um personagem. Isso poderia matá-lo automaticamente, mas e se a pedra apenas o acertar nas pernas, deixando-o preso e gritando por ajuda. Agora o resto do grupo tem outra escolha importante pra fazer. Se arriscam ainda mais para soltar o companheiro e carregá-lo lentamente para a segurança ou se certificam que eles escapam com vida? Ainda assim, aquele personagem que não morreu sofre consequencias (perda de PVs, pernas quebradas, pontos de atributo e essas coisas), mas o grupo agora tem uma situação dramática à frente deles.

Então é isso. Algumas pessoas podem dizer que mesmo assim não é legal salvar os personagens dos jogadores, mas lembre-se que dessa forma há uma boa chance que mais de um deles encontre um destino cruel ao não conseguir ajudar seu companheiro!

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Um comentário:

  1. Olá

    Numa aventura há alguns meses atrás, o meu grupo (nível médio 14º) tava explorando uma masmorra abandonada. Num certo momento eles chegaram na prisão da masmorra onde encontraram uma Drow aprisionada. Após conversarem, eles descobriram que ela tinha sido sequestrada por um Devorador de Mentes como uma afronta à família dela por um atrito que havia acontecido entre eles.

    Logo em seguida, o Devorador de Mentes apareceu e surpreendentemente pediu para o grupo se retirar do local e esquecer a Drow. O mago do grupo aceitou e começou a se retirar da sala, mas o clérigo decidiu atacar o Devorador que para se defender chamou um Troll Pseudo Natural (criatura épica) que ele controlava. Em 3 ataques quase zerou os PVs do clérigo. Nesse momento eu poderia ter matado o grupo inteiro, mas preferi fazer que o Devorador ordenou o Troll deixar o grupo vivo, sair da masmorra e destruir vila que ficava próxima do local como um castigo pela insolência do grupo. Junto a isso, o Devorador enfeitiçou a PDM do grupo que tinha um relacionamento com o clérigo e partiu levando ela deixando o grupo apavorado. Antes de partir, o Devorador disse que para reaverem a PDM eles deveriam destruir a família da Drow. Isso tudo gerou uma nova aventura sem falar que a morte de mais de 300 pessoas na vila pesou na mente dos aventureiros, principalmente do clérigo que se sentiu responsável por atacar o Devorador e também perder sua amada. Dessa forma eu mantive o grupo para uma nova aventura, mas dentro de jogo os personagens se sentiam muito mal por tudo que aconteceu.

    NOTA: Incrivelmente, o grupo conseguiu destruir o monstro épico antes que ele matasse toda a vila. Apesar de ser épico, o monstro tinha resistências bem baixas para o ND dele. O mago acertou um Desintegrar Maximizado superando a RM e eu rolei 1 no D20 da resistência (eu sempre jogo jogadas de ataque, dano e resistência na frente dos jogadores pra não ter nenhum tipo de arrego).

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